"É emocionante! Já faz tanto tempo. Joguei na última equipa do Newcastle a chegar à Liga dos Campeões, há mais de 20 anos. É uma loucura pensar nisso para um clube desta estatura e dimensão", disse Shay Given, que foi a Dortmund apoiar os homens de Eddie Howe na Signal Iduna Park apenas como adepto.

"Era o aniversário do meu filho, por isso fomos ver o jogo. Eles estão animados por estarem de volta à Europa", explica Given, em declarações ao Tribalfootball.com. Mas, apesar de se ter divertido, também ficou um pouco desiludido com o resultado.

"O Dortmund parecia ter saído muito facilmente depois do golo do 2-0. O segundo golo tirou-lhes o fôlego, mas eles ainda têm hipóteses, e as pessoas não lhes deram qualquer hipótese antes mesmo de a bola ser pontapeada, por isso têm de tirar os pontos positivos disto", analisou o antigo guarda-redes.

Sem autorização para entrar no St. James Park

A carreira do jogador, que disputou mais de 450 partidas pelo Newcastle, não lhe rendeu nenhum favor no seu antigo clube.

"Sob a anterior direção, nem sequer me era permitido entrar no estádio. É muito bom para mim e para todos os outros ex-jogadores. Eles estão a abrir as portas", explicou Given, que aceitou convites de Eddie Howe para se juntar ao grupo em diversas ocasiões.

"Tive a sorte de viajar na pré-temporada com eles nos Estados Unidos por algumas semanas. Fiz algumas coisas como embaixador. O Eddie estava disposto a convidar-me para as refeições com os jogadores. Só para conhecer o local. O Eddie e a sua equipa foram muito acolhedores para mim pessoalmente", recordou.

"Penso que o Eddie Howe é também um dos melhores treinadores. Ele preocupa-se muito com as famílias das pessoas e com as suas situações pessoais. Penso que tudo isso contribui para tirar o melhor partido de um jogador no dia do jogo. O Eddie é brilhante nisso", elogiou Given, que também foi convidado a ir a Milão para a partida de abertura da Liga dos Campeões.

"É bom estar de volta ao clube. Acho que também é importante para o clube ter esse vínculo com os jogadores mais velhos, e esse foi o clube ao qual dei os meus melhores anos", completou.

A oportunidade de Dalglish

Ao recordear-se desses anos nos magpies, ele lembra-se com carinho da oportunidade que Kenny Dalglish lhe deu.

"Ele levou-me do Celtic para o Blackburn e depois para o Newcastle aos 21 anos, onde me deu a camisola número um. Como guarda-redes, com Shaka Hislop, Pavel Srnicek e Steve Harper. Ele confiava muito em mim", disse.

Shay Given também esteve sob a tutela de Sir Bobby Robson.

"O clube estava em dificuldades quando ele voltou, mas ele levantou a cidade inteira. Sendo de Durham, no nordeste, ele conhecia o clube por dentro e por fora. A sua mensagem para os jogadores era a sorte que tínhamos em representar o Newcastle, em usar o emblema. É uma cidade verdadeiramente operária e as pessoas trabalham arduamente por tudo o que ganham. O mínimo que podemos fazer como jogadores é dar-lhes tudo o que pudermos para obter resultados. Sir Bobby conseguiu o equilíbrio perfeito", admitiu Given sobre o lendário técnico que, incrivelmente, acabou por ser demitido.

"Ele foi demitido porque acabou de perder a Liga dos Campeões. O clube entrou em um declínio enorme depois disso, foi muito duro, eu diria. Dizia-se que o Bobby estava a perder o balneário e que não havia disciplina", lembrou.

Por fim, Given elogiou a forma como o clube é gerido atualmente: "Eles não enlouqueceram com os gastos, foram muito inteligentes com as contratações. O clube está na Liga dos Campeões. A reviravolta em relação à situação em que o clube se encontrava quando Eddie Howe chegou é totalmente notável".