Mas a sua última deslocação à Irlanda do Norte deita tudo isso pela janela. Ele não se importa - nem com o clube nem com a sua profissão. Rashford não está claramente disposto a fazer o que é necessário para atingir o seu potencial. Ele quer tudo - sem sacrifícios. E, como dizemos, para personalidades assim, o Manchester United não pode continuar a carregá-las.
O United precisa de jogadores que se esforcem, obsessivos e viciados no trabalho - na atitude e na abordagem. Precisa de homens que estejam "all in". Que compreendam a realidade em que o clube se encontra e o que será necessário para o levar até onde todos querem que ele esteja. Rashford simplesmente não foi feito para esse objetivo.
Ele minou o seu treinador - mais uma vez. A festa de aniversário pode ser desculpada, mas ele fez isso na época passada, dormindo até tarde - um homem adulto que não consegue sair da cama na hora certa. E agora temos Belfast.
Mais uma vez, vamos dar-lhe o benefício da dúvida. Duas noites fora. Os cínicos dirão que ele voltou pior. Mas digamos que regressou a casa com um vírus e que, por isso, faltou ao treino de sexta-feira. É estúpido e desnecessário. Aos 26 anos de idade, isto não é coisa de um profissional sério.
Rashford fará 27 anos em outubro. Será que os seus melhores dias já passaram? Só ele nos pode dizer como é que passar o meio da semana a festejar em Belfast beneficia o seu futebol. Ou, mais importante ainda, como é que isso beneficia o Manchester United.
O último episódio mostra que Rashford minou Ten Hag. Desafiou a sua autoridade. Mas o treinador é um alvo fácil. Isto vai para além do neerlandês. Apenas algumas semanas após o início desta nova era, o investidor Jim Ratcliffe já tem um problema - o rapaz local, entre todos. O jogador de quem tanto se esperava. Ele está a agir mal. Quebrando, se não as regras da equipa, certamente a cultura do clube. Este é o primeiro problema de Ratcliffe. Será que ele vai ficar sentado e deixar que os outros resolvam o problema? Ou vai ele próprio resolver a situação? Mais uma vez, tendo em conta o momento, este foi um ato muito estúpido de Rashford.
De facto, para esta coluna, esta deveria ser a sua última oportunidade como jogador do Manchester United. Com o Fair Play Financeiro ainda a ser um problema, não é segredo que o Manchester United precisa de uma grande venda. Há muitos nomes a serem propostos: Casemiro, Raphael Varane, Aaron Wan-Bissaka. Mas Rashford deve estar agora a ser considerado. Ou melhor ainda, com este ato, colocou-se efetivamente à venda.
Dois anos após o início do seu reinado, Alex Ferguson enfrentou o Stretford End vendendo um dos seus jogadores, Norman Whiteside. Era irlandês do norte, é verdade, mas tinha passado pelo sistema do United. Os adeptos tinham-no visto bater recordes pelo clube e pela seleção. Ganhou uma Taça de Inglaterra sozinho e marcou golo espetaculares (aquela virada e o golo contra o Forest de Clough ainda são uma ótima lembrança).
Mas Whiteside simplesmente não tinha o que Fergie precisava num jogador do United naquela altura. Muito mais talentoso do que Rashford, e muito mais acarinhado pelo público, Whiteside foi sacrificado e vendido ao Everton. Foi uma decisão difícil, impopular, mas que tinha de ser tomada.
Trinta e quatro anos depois, Ten Hag enfrenta uma situação semelhante com Rashford. Embora, digamos, não tão difícil. Também no caso de Whiteside, estamos a falar de um jogador que rejeitou uma fortuna do AC Milan por lealdade ao Stretford End. Para Rashford, esses laços não são tão profundos.
"Se queremos ter sucesso, precisamos de jogadores com fome", declarou Ten Hag.
"Precisamos de personalidades e jogadores que tenham muita vontade de lutar pelo emblema e por este clube. Não se trata de disciplina, trata-se de comportamento normal. Trata-se do que se pode esperar de um profissional de topo", acrescentou.
Isto foi dito não hoje, mas exatamente há duas semanas. Rashford já fez mesmo a cabeça de toda a gente, não é verdade?
Aos 26 anos, como jogador sénior e líder, as ações da semana passada não foram próprias de um jogador com o seu estatuto. Ele simplesmente não tem o que o Manchester United precisa nesta altura da sua história. Marcus Rashford precisa de ser vendido.