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Presidente da Liga F espanhola diz que RFEF foi "sexista" quando era dirigida por Rubiales

Beatriz Alvarez fala à Reuters durante uma entrevista em Madrid
Beatriz Alvarez fala à Reuters durante uma entrevista em MadridReuters
A presidente da Liga Feminina explicou esta quarta-feira que o órgão presidido pelo motriliano nascido em Gran Canaria, quando era liderado pelo ex-vice-presidente da UEFA, tinha demonstrado uma atitude sexista para com ela e uma falta de respeito institucional pela Liga.

Beatriz Alvarez, que está à frente da Liga F desde julho de 2022, disse à Reuters que não ficou surpreendida com o beijo de Luis Rubiales na boca da meia espanhola Jenni Hermoso durante a cerimónia de entrega de medalhas da final do Campeonato do Mundo feminino, a 20 de agosto.

"Não fiquei nada surpreendida porque conhecia Rubiales em privado e o seu comportamento nesta situação foi o mesmo que em muitas outras", afirmou.

Foi no passado dia 10 de setembro que Rubiales se demitiu do cargo de presidente da RFEF. Rubiales está agora a ser investigado pela Audiência Nacional por alegada agressão sexual e coação, na sequência de uma queixa criminal apresentada por Hermoso.

Durante o seu depoimento ao tribunal, Rubiales negou as alegações, de acordo com um comunicado do gabinete do procurador. Ele também disse repetidamente que o beijo foi consensual, enquanto o jogador afirma que foi forçado.

"Pelo menos desde que cheguei à Liga F, tem havido uma absoluta falta de respeito institucional - bem como sexismo - por parte da federação", acrescentou Alvarez.

"Uma mudança estrutural"

Os advogados do antigo jogador do Levante não quiseram comentar as alegações de Álvarez, que contou que o seu terceiro filho nasceu apenas um dia antes do início da época da Liga F. Quando pediu à RFEF para realizar reuniões por videoconferência, este recusou.

"Ele disse-me que eu tinha de dar o exemplo e dedicar-me à educação dos meus filhos", disse Beatriz. "Isto é muito, muito grave", acrescentou.

A jogadora afirmou ainda que não foi convidada pela RFEF para a final do Campeonato do Mundo feminino em Sydney, algo que, na sua opinião, nunca teria acontecido ao presidente da LaLiga.

"Não sei se é por ser mulher ou por ter sido coerente com os meus valores e princípios; não me sujeitei a ameaças ou represálias", acrescentou.

Ainda assim, a vitória da equipa na Oceânia colocou-a na ribalta mundial, o que deverá impulsionar o futebol feminino, ajudar a erradicar atitudes sexistas e promover a igualdade.

"Conseguimos conquistar algo muito mais importante, que é uma mudança estrutural, uma mudança fundamental, uma mudança de mentalidade", disse ela.