Aurelio De Laurentiis não é pessoa que goste de fazer prisioneiros. Sem meias palavras, o presidente do Nápoles respondeu sem filtros, como de costume, às perguntas que lhe foram feitas durante um discurso na Universidade Luiss, em Roma.
Entre os temas abordados pelo número um da Azzurra, esteve a possível demissão de Rudi Garcia: "Lamento quando se tem de demitir alguém. Mas no futebol, infelizmente, acontece que temos de o fazer, com a morte no coração".
Uma decisão que pode estar muito próxima em virtude do que foi revelado, novamente esta manhã, pelo Corriere dello Sport. Rudi Garcia não tem convencido e poderá estar próxima da saída do Nápoles
"Quando se tem de tomar uma decisão tão dolorosa, somos os primeiros a sofrer", sublinhou De Laurentiis: "Estou a viver um mau momento com ele. Sou um empresário, tenho o dever de me interessar pela minha atividade. O treinador e o diretor desportivo estão ao vosso serviço".
"Eu é que decido"
Não há dúvidas sobre uma coisa: "Tomarei as decisões correctas quando chegar a altura. O mercado não pode ter influência. É preciso parar sempre para refletir. Qualquer decisão precipitada é errada. Há que mitigar esta necessidade de ter tudo e tudo agora, na vida isso não é possível. Cabeça baixa, pedalar e trabalhar. A vida é a vida. Panta Rei, tudo flui, vamos ver".
"Quando se pega num treinador que não conhece o futebol italiano, se calhar tem dificuldades. Teria acontecido a qualquer outro. A única responsabilidade que tenho, para além de ter escolhido o treinador, é que não tive a oportunidade de estar perto dele todos os dias em Castel Volturno."
As alternativas
"É inútil culpar os novos jogadores. O futebol não é como um edifício em construção que, se for bem construído, se tem a certeza de que não vai ruir. No futebol há acidentes, doenças, expulsões. Em lado nenhum está escrito que há soluções matemáticas para ganhar o Scudetto. Acredito que também este ano estaremos presentes até ao fim".
"Falei com o Thiago Motta, mas ele não considerou o risco de ter de substituir um treinador que tinha feito o que fez. Chamei o Luis Enrique e ainda bem que foi para França, vejam o que está a fazer. Nem sequer me tinha convencido nas conversas que tivemos durante três dias. Telefonei a vários deles".
"Supertaça na Arábia? São uns idiotas?"
O presidente do clube napolitano abordou depois a delicada questão da Supertaça na Arábia:"Os países árabes devem regularizar-se em termos de respeito pelas mulheres e pelo trabalho. Quando se fala de desporto, que deve conciliar bem-estar e saúde, se isso não acontecer, tenho de me preocupar".
"Já viram o que se passa em Israel? Já imaginaram que há um bloqueio aéreo naqueles territórios? Rapazes, já perceberam que com quatro aviões estamos a trazer a beleza de 120 jogadores que valem o que valem? Mas vocês são uns idiotas. Tudo isto para ganhar mais uns milhões? Vamos fazê-lo no Estádio Olímpico, porque é que temos de nos preocupar com isso? Não é que eu queira boicotar: acabei de dizer a razão para pensar isso".