No início da temporada, seria difícil imaginar que o Nápoles se tornaria campeão à frente de pesos pesados como a Juventus e os dois clubes de Milão, sem falar na Roma.

Durante uma época de descontentamento, os adeptos queixaram-se da saída de jogadores importantes como o capitão Lorenzo Insigne, o melhor marcador de sempre do Nápoles, Dries Mertens, Arkadiusz Milik, Fabian Ruiz e Kalidou Koulibaly.

Mas depois de uma janela de transferências excecional e com Luciano Spalletti ao comando, o Nápoles dominou a corrida pelo título, enquanto os seus principais rivais sofreram quedas durante a temporada. Atualmente, o clube tem 16 pontos de vantagem sobre a Lazio, segunda classificada.

Com Spalletti, o clube de Nápoles tem um treinador italiano que abandonou as táticas tradicionais e permitiu que os jogadores talentosos florescessem após uma rápida reconstrução no final da época.

Enquanto os dois últimos triunfos do Nápoles na Serie A se concentraram na grandeza de Maradona, o triunfo desta temporada pode ser atribuído a um plantel sólido e completo, guiado por um técnico astuto.

Kim Min-Jae chegou do Fenerbahçe para substituir Koulibaly como o pilar da defesa, enquanto André Frank Zambo Anguissa, emprestado pelo Fulham, completou o meio-campo de três jogadores, ao lado de Stanislav Lobotka e Piotr Zielinski.

Kvaradona em alta

Mas foi o atacante georgiano do Dínamo Batumi que fez as cabeças girarem na Europa. Khvicha Kvaratskhelia era relativamente desconhecido quando chegou a Itália, mas marcou 12 golos e fez 10 assistências em 28 jogos na Serie A, levando o Nápoles ao título e ganhando a alcunha de Kvaradona.

Com a sua visão de jogo e capacidade de criar jogadas, formou uma dupla mortal com o avançado nigeriano Victor Osimhen, que floresceu esta época e lidera a lista de marcadores da Serie A com 22 golos, tornando-se uma das melhores perspetivas no mercado de transferências.

"Os sistemas já não existem no futebol. O que importa são os espaços do adversário", disse. "É preciso ser rápido para identificá-los, saber o momento certo para atacar e ter a coragem de iniciar a jogada mesmo quando pressionado."

Concorrentes vacilam

Enquanto o Nápoles avançava, sofrendo apenas uma derrota até ao final de fevereiro, os outros candidatos ao título vacilavam com as lesões que assolavam os seus plantéis. Com o problema no tendão de Romelu Lukaku, o Inter teve dificuldades no início da temporada e nunca mais recuperou, apesar de ter chegado às meias-finais da Liga dos Campeões, onde enfrenta o Milan.

A Juventus, por outro lado, não contou com o médio Paul Pogba, que ainda não começou um jogo de início e fez apenas 42 minutos desde que regressou da cirurgia ao joelho que o impediu de participar no Campeonato do Mundo.

A dedução de 15 pontos da Juve, que pesou sobre ela durante grande parte de 2023 antes de a punição ser suspensa, também dificultou a decisão do técnico Massimiliano Allegri sobre qual competição dar prioridade.

O Milan também tentou acompanhar o ritmo do Nápoles, mas a equipa de Stefano Pioli passou cinco jogos consecutivos sem vencer em janeiro, permitindo que o Nápoles construísse uma vantagem substancial, colocando o então campeão fora da competição na Primavera.

A Lazio aproveitou as dificuldades dos rivais e está a caminho de uma das suas melhores temporadas dos últimos anos, tendo vencido os seis primeiros esta temporada. Mas a equipa de Maurizio Sarri só pôde assistir ao facto de o Nápoles se ter tornado a quarta equipa diferente a vencer a Serie A em tantos anos.