Nader El-Jindaoui tornou-se conhecido na Alemanha graças aos vídeos no YouTube, onde o canal é subscrito por 1,75 milhões de pessoas. Dois milhões de pessoas seguem-no no Instagram e 2,6 milhões seguem-no no TikTok.
Foi o seu primeiro jogo no futebol profissional, tendo jogado em competições inferiores até à data. Quando se transferiu para o famoso clube de Berlim, no verão, contava-se com ele para a equipa B, que jogava na quarta maior competição da Alemanha. Mas El-Jindaoui está a lutar muito por uma oportunidade. Há seis semanas, o Hertha deu-lhe a oportunidade de integrar o plantel principal e, após uma dura fase preparação, a oportunidade de sentir o sabor do futebol de grande dimensão.
O jogador estreou-se na segunda divisão no passado domingo, na vitória do Hertha sobre o Elversberg por 5-1. Mas ficou sentado no banco durante os 90 minutos. O seu momento já chegou na meia-final da Taça da Alemanha contra o Hamburgo. Estavam decorridos 80 minutos do jogo e o clube berlinense estava a perder por 1-2 em casa.
El-Jindaoui saltou para a ala direita e sabia o que fazer. Não perdeu a bola, ajudou a criar pressão e, no último minuto da segunda parte, ele e os seus companheiros festejaram o golo do empate. O Hamburgo recuperou, mas, no final, foi ele que criou a ação com um grande cruzamento do outro lado do campo para empatar novamente a partida - desta vez em 3-3, no último minuto do prolongamento.
O importante ainda estava por vir. O desempate por penáltis ia decidir o bilhete para os oito melhores da Alemanha, e foi El-Jindaoui quem cobrou o terceiro remate. "Primeiro eu queria ver quem queria ir. Mas nem toda a gente se inscreveu. Então pensei: 'Porque não? Eu vou jogar'. É apenas futebol. Claro que a pressão era maior, mas no fim é só futebol", conta.
O estreante não hesitou, manteve a sua equipa no jogo com um remate preciso e pôde festejar depois da hesitação do Hamburgo e do golo de Frank Reese. "Não deixem que ninguém me diga que este miúdo não tem tomates. Ele pegou na bola e foi-se embora. Ele próprio a reclamou, isso foi ótimo. Respeito por isso", comentou o treinador Pál Dardai sobre os momentos dramáticos.
"Ainda não me tinha apercebido. Vou precisar de algumas horas, talvez a noite toda, para acreditar. Lutei por isso a minha vida inteira", contou o estreante com a camisola do Hertha enquanto caminhava pelo relvado do Estádio Olímpico com a filha Imani nos braços. Apesar de ser um confronto entre dois clubes da segunda divisão, estavam 55 mil adeptos nas arquibancadas.
Sou um jogador de futebol
Nader El-Jindaoui começou a jogar futebol ainda menino, no Nord Wedding. Mais tarde, passou pelo Füchse Berlin, pelo Tennis Borussia Berlin, pelo Energie Cottbus e pelo Chemnitz. No entanto, aos 19 anos, devido a um ataque epilético e a uma série de lesões provocadas pela medicação para a doença, foi o Chemnitz que o dispensou. E isto sem ter jogado um único jogo na terceira divisão, na qual o clube estava.
Desde então, tem jogado nas competições inferiores, mas continua a sonhar em jogar futebol em grande. "Joguei futebol toda a minha vida. Embora algumas pessoas gostem de dizer que entrei no Hertha porque sou famoso... Mas eu sou um jogador de futebol, apenas partilho um pouco da minha vida nas redes sociais", diz Nader El-Jindaoui: "Se me procurarem no Google, dizem que sou futebolista. É assim que me sinto".
Ainda não acabou
Apesar de o primeiro teste ter corrido bem, ainda não se sabe se ele continuará a fazer parte do plantel do famoso clube berlinense. "Quando ele está connosco, treina com uma intensidade incrível. Ele dá o seu melhor, toda a honra", elogia o treinador húngaro. Mas acrescenta também que é provável que o jogador regresse à equipa B, que disputa a quarta divisão, Regionalliga Nordost, onde tem tido bastante sucesso esta época: marcou dois golos em 13 jogos e fez três assistências: "Gostaria de continuar a trabalhar com ele, mas também temos de ter em conta que ele não deve ocupar o lugar dos jogadores mais jovens".
No mínimo, El-Jindaoui realizou um sonho. "Sou um rapaz de Berlim e a lembrança de poder jogar diante destes adeptos é algo que provavelmente vou guardar para sempre. Foi a melhor coisa que já vivi na minha vida", confessou. Mas também espera que a missão com a equipa do Hertha não seja uma vida de yuppie: "Ainda não terminei. Quero entrar em campo e ajudar esta equipa".
O Hertha está atualmente no 8.º lugar da segunda divisão, a sete pontos da posição que significa a promoção à elite. Está entre as últimas oito equipas na Taça da Alemanha e vai conhecer o seu adversário a 10 de dezembro.
