"Era um objetivo voltar ao estrangeiro"
- O que o levou a assinar por um clube da Finlândia?
- Acima de tudo, a oportunidade de poder voltar a jogar uma primeira liga e no estrangeiro, porque era um objetivo voltar ao estrangeiro. Quando surgiu a oportunidade não hesitei.
- Como é que encarou estar no desemprego durante meia época?
- Foram tempos duros, é verdade. Agarrei-me muito à minha família, que foi um pilar para mim. Mas também nunca me deixei de preparar e acreditei sempre que, mais tarde ou mais cedo, iria surgir o projeto certo e eu ia continuar a fazer aquilo que mais amo. Serviu para refletir bastante e aprender muito. Tirei muitas lições que vão acompanhar-me para o resto da minha carreira. Foi um momento menos bom, mas acredito que a carreira de um jogador também tem estes momentos para depois se construir algo ainda melhor do que aquilo que tínhamos feito.
- Como tem sido adaptação?
- A adaptação tem sido boa, tem superado as minhas expectativas. Encontrei pessoas no clube muito prestáveis e preocupadas em fazer com que os jogadores se sintam bem, mesmo fora do contexto do clube. Têm consciência de que estamos num país que não é o nosso e dão muito valor ao bem estar dos jogadores. Também ajuda o facto do treinador ser português (Bruno Romão), que me tem ajudado em tudo o que é preciso. O clima é bem diferente do que estamos habituados em Portugal, é muita neve nesta altura, e tem sido um desafio interessante e engraçado. Em relação à língua, já sei dizer algumas palavras em finlandês, mas falamos muito inglês. Já a alimentação não muda muito. Faço quase tudo em casa e procuro os alimentos que consumia em Portugal.
- Qual a sensação de treinar na neve?
- Tem sido uma sensação engraçada, totalmente diferente do que estamos habituados em Portugal. Já posso dizer que fiz um jogo na neve, com bolas laranjas. Ainda há duas semanas tivemos um treino com -15ºC e é agasalhar para não sentir frio.
- Como é a qualidade do futebol na Finlândia?
- Existem jogadores de muita qualidade e, acima de tudo, têm a mentalidade certa para evoluir e ouvir. São muito abertos a melhorar e treinam bastante. Foi algo que me surpreendeu.
"Jogamos um futebol à portuguesa"
- Quais os objetivos pessoais e da equipa?
- Nesta primeira fase passa por integrar-me o mais rápido possível. Tem corrido tudo bem até agora e para a época o objetivo passa por ajudar a equipa e fazer o máximo de jogos possíveis. O clube está a atravessar um processo de reformulação e reestruturação, sendo que o objetivo passa por alcançar a manutenção o mais rapidamente possível. Acima de tudo, quero jogar bastante, demonstrar a minha qualidade dentro de campo e cimentar a posição do clube no campeonato.
- Os seus colegas perguntam alguma coisa sobre o futebol português?
- Não perguntam muito, mas falam dos jogadores portugueses e do campeonato. Sabem que existe qualidade e reconhecem que os vários jogadores portugueses espalhados pelo Mundo têm qualidade. Falam do Cristiano, claro, que é mundialmente conhecido.
- Este é o seu terceiro país (Portugal, Roménia e Finlândia). Quais as principais diferenças?
- São três países muito diferentes em tudo: cultura, futebol e pessoas. Em Portugal, existem muitos jogadores de qualidade, existe qualidade de jogo, com bons processos, o futebol é organizado e muito estratégico. Aqui na Finlândia, aquilo que sinto é que taticamente precisam de crescer, mas são muito abertos a evoluir e chegar mais longe. Mesmo a filosofia a ser implementada aqui no clube é muito de jogar e meter a bola no chão, com futebol à 'portuguesa', de posse e a obrigar o adversário a defender. Temos conseguido fazer isso e não é fácil em tão pouco tempo.
"Quero voltar a conquistar troféus"
- O Pedro conquistou o Campeonato de Portugal e a Liga 3. Qual a sua opinião acerca da Liga 3?
- Acho que é uma competição que fazia falta ao futebol português. É uma liga bem organizada, com clubes históricos e bons jogadores, em que é possível assistir a bons jogos, num campeonato extremamente competitivo. Essa competitividade é algo de muito bom para Portugal e para os próprios jogadores, pois faz com que cheguem mais bem preparados a patamares superiores.
- Quais as ambições e sonhos?
- É um exercício que faço no início de cada época. Aqui está a começar a época e considero-me um jogador muito ambicioso, que procura sempre mais, e subir sempre patamares. Para esta época não ser diferente, a ambição passa por aí: fazer o máximo de jogos, ajudar a equipa... E em termos de sonhos procuro voltar a conquistar troféus como fiz no passado. Quero aproveitar esta oportunidade para me catapultar para algo ainda maior.
- Está na sua mente um eventual regresso a Portugal?
- Um regresso nunca está descartado, pois Portugal é o meu país. Verei sempre com bons olhos voltar. Claro que no futebol estamos sempre dependentes da oportunidade, mas o meu foco está em fazer um bom trabalho na Finlândia para me catapultar para voos maiores.