Quando Sadio Mané, capitão da seleção senegalesa , conquistou a primeira Taça das Nações Africanas de sempre contra o Egipto (0-0, 4-2 nos penáltis), a 6 de fevereiro de 2022, Ismaïl Jakobs era apenas um jogador da seleção alemã de sub-21.
Seis meses antes, tinha mesmo vencido o Campeonato da Europa da sua categoria contra Portugal (1-0) em Liubliana, na Eslovénia. Depois disso, porém, tudo acelerou para o lateral do Mónaco.
"Quando se cresce na Alemanha, tudo o que se vê é a seleção alemã", disse à AFP no Mónaco, antes do início do torneio.
"Nem sequer se pensa em jogar por uma equipa africana. Mas eu estava sempre a dizer aos meus amigos e à minha família que um dia poderia jogar pelo Senegal. Até aos sub-23, jogar pela seleção alemã era uma coisa natural. Mas eu estava sempre a pensar no Senegal", conta.
"O país do meu pai"
Logo após a conquista do título sub-21, estabeleceu-se uma ligação entre a sua comitiva e os representantes dos "Leões". O foco era o Mundial do Catar.
"Falei muito sobre isso com a minha família", lembra o central.
"Cresci na Alemanha, mas com uma mistura das duas culturas. Quando fui chamado pela primeira vez, em Orléans (Loiret, França), para cinco minutos num amigável contra a Bolívia (vitória por 2-0), em setembro de 2022, estava um pouco stressado", recorda o jogador.
"Correu bem. Agora sinto-me totalmente apreciado e aceite em casa e na seleção nacional. Não sou o alemão que apareceu de repente. As pessoas têm orgulho no facto de eu ser senegalês e de representar o país do meu pai", conta.
Desde que se lembra, o jovem Jakobs sonhava em jogar pelo Senegal.
"Em criança, quando jogava futebol com o meu irmão mais velho e o meu primo, vestia sempre as camisolas do El-Hadji Diouf e do Senegal", conta.
Esse sonho de infância é agora uma realidade.
"O meu primeiro jogo no Campeonato do Mundo foi a minha terceira internacionalização", diz, lembrando a derrota por 0-2 contra os Países Baixos.
"Sonho ter o troféu nas mãos"
"A experiência foi excecional. Um Campeonato do Mundo, uma Taça das Nações Africanas ou um Euro são eventos com que se sonhava em criança. É por isso que estou tão entusiasmado com esta primeira CAN", afirma.
Jakobs tem apenas um objetivo: vencer a competição.
"É claro que me vejo com o troféu nas mãos quando sonho", diz.
"Não há mais nada que valha a pena neste torneio. Não podemos ficar satisfeitos com uma boa campanha ou com uma derrota na final. A única coisa que nos mantém vivos é vencer a final", sublinha.
Titular nas três primeiras partidas, contra Gâmbia (3-0), Camarões (3-1) e Guiné (2-0), Jakobs está em boa forma.
"Ele é muito rápido e forte fisicamente", diz o treinador do Mónaco, Adi Hütter.
"Sabe como atacar o espaço e a profundidade, e tem a disciplina de um jogador alemão", elogia.
Depois de o internacional brasileiro Caio Henrique ter sofrido uma grave lesão no joelho, tornou-se o lateral-esquerdo titular do Mónaco e admite que "ganhou confiança" antes do início da competição africana.
De facto, desde o início da CAN, mostrou que se adapta facilmente à posição de lateral-esquerdo numa defesa de quatro elementos, tal como o seu companheiro de equipa no Mónaco, Krepin Diatta, que joga mais recuado do que no seu clube.
"O Krepin lesionou-se pouco antes da última CAN", conta Jakobs.
"Foi difícil. Eu não estava lá. Nós dois temos uma ambição: conquistar o troféu", assume.