Mais

Argentina é um destino quente para estrelas espanholas e campeões mundiais

Muniain, a estrela do San Lorenzo.
Muniain, a estrela do San Lorenzo.DAIANA PANZA / NurPhoto / NurPhoto via AFP
O campeonato argentino de futebol profissional está prestes a tornar-se uma nova Meca, com a chegada de estrelas europeias como os espanhóis Ander Herrera (Boca Juniors) e Iker Muniain (San Lorenzo) e o regresso dos campeões mundiais Gonzalo Montiel, Germán Pezzella e Marcos Acuña, todos para o River Plate.

"Os sonhos existem para serem realizados", disse Ander Herrera, que aos 35 anos deixou uma extensa carreira na Europa, onde se tornou ídolo no Athletic Club Bilbau, depois de decidir jogar no Boca, clube que apoia desde a infância, seguindo os passos do pai, ex-jogador e apaixonado pelo futebol argentino.

O caso de Herrera é um dos poucos de futebolistas de outros continentes que escolhem a América do Sul, um caminho inverso ao habitual, já que é normal centenas de jogadores desta região viajarem ano após ano para prosseguirem as carreiras noutras confederações.

Herrera segue os passos do seu antigo companheiro de equipa e compatriota Iker Muniain, também com um passado na equipa de Bilbau, que em meados do ano passado procurou um lugar no River, mas acabou por chegar ao San Lorenzo.

Os casos dos médios bascos emulam o que foi feito anos atrás por Daniele De Rossi, que depois de jogar toda a sua carreira na Roma vestiu a camisola do Boca em 2019, embora o tenha feito apenas por alguns jogos, já que regressou a Itália por motivos familiares.

Mais atrás no tempo, o franco-argentino David Trezeguet optou por se juntar ao River depois de uma década na Juventus e fê-lo num momento crítico, quando o Millonario tinha caído para a segunda divisão. O avançado campeão mundial pela França em 1998 foi fundamental para o regresso do clube à primeira divisão.

Abandono do conforto

Em todos estes casos, o que é fundamental é a decisão do futebolista de deixar o conforto da Europa para se aventurar em equipas populares da América do Sul, mesmo com a certeza de que o seu rendimento não será o mesmo do que em clubes com maior poder económico.

A situação do futebol argentino é, de certa forma, semelhante à do Brasil há alguns anos, embora os clubes do país, ajudados pela chegada de capitais privados, consigam pagar melhores salários do que os congéneres argentinos, abalados há vários anos pelos problemas económicos do país.

O neerlandês Memphis Depay (Corinthians), o francês Dmitri Payet (Vasco da Gama) e o dinamarquês Martin Braithwaite (Grémio) estão entre os europeus que optaram por continuar as carreiras no Brasil.

Campeões mundiais de volta

Outra tendência é o regresso dos campeões mundiais pela Argentina em 2022 ao seu país, embora neste caso os três que o fizeram tenham aceitado o pedido do River, que agora terá quatro dos 26 nomes que conquistaram a terceira estrela mundial com a Albiceleste.

O defesa Gonzalo Montiel (Sevilla), autor do penálti decisivo na final contra a França, retorna ao River após algumas temporadas na Europa e junta-se a outros defesas, Germán Pezzella e Marcos Acuña, além do guarda-redes Franco Armani, num clube que terá como objetivo a Taça Libertadores e o Mundial de Clubes nos Estados Unidos em 2025.

Além de construir uma defesa de nível internacional, o River também contratou o paraguaio Matias Rojas (Inter Miami) e o chileno Gonzalo Tapia (Universidad Católica), além de Lucas Martinez Quarta (Fiorentina), Giuliano Galoppo (São Paulo), Sebastian Driussi (Austin FC) e Enzo Pérez (Estudiantes de La Plata) nesta janela de transferências.

"Eu tinha renovado com a Fiorentina há seis meses e via-me a longo prazo lá ou noutro clube da Europa. Mas a chamada do Marcelo (Gallardo, treinador do River) mudou tudo. É um desafio voltar a competir internacionalmente. O River é a minha segunda casa. Parei de pensar num novo caminho na Europa e aceitei este desafio", disse Martínez Quarta à Dsports Radio.

Enquanto isso, o Boca contratou o chileno Carlos Palacios (Colo Colo), os argentinos Alan Velasco (Dallas FC), Rodrigo Battaglia (Atlético Mineiro) e Ayrton Costa (Antuérpia), além de Ander Herrera, e sonha em repatriar Leandro Paredes (Roma).