"Here we go!" Esta é a frase que se tornou mundialmente conhecida. A frase que significa que está fechado, que está feito, e que é o momento de todos estarem alerta porque vem aí uma grande transferência, confirmada e com a chancela do maior jornalista especializado no mercado de transferências: Fabrizio Romano.
Normalmente, a informação lançada pelo italiano é divulgada antes de os próprios clubes a confirmarem, algumas horas ou dias depois, mas Fabrizio Romano já sabe que está feita - a especulação foi confirmada pelas suas fontes, que são agentes, representantes dos clubes e, por vezes, os próprios jogadores. Todos eles contactos que construiu ao longo de 14 anos de um trabalho muito atrativo mas árduo.
"Here we go!" Esta é uma frase que se tornou a imagem de marca de um rapaz que se apaixonou pelo futebol e que começou a escrever sobre ele com apenas 16 anos.
Só três anos mais tarde é que a sua história começou a ganhar força, quando entrou em contacto com o agente de Mauro Icardi, na altura membro da academia La Masia, em Barcelona. Depois, ainda adolescente e a dominar o Twitter, enviou ao mundo a notícia de que o talento argentino se iria transferir para a Sampdoria. Seis meses depois, a transferência foi mesmo concretizada, muito graças à sua publicação.
Fontes permanecem confidenciais
O primeiro bom contacto tinha sido feito. Quando Icardi se transferiu para o Inter Milão, dois anos mais tarde, Fabrizio Romano foi o primeiro dar a notícia ao mundo. "Lembrei ao agente que o tinha ajudado há algum tempo e que agora era a vez de ele me ajudar", recordou o jornalista italiano ao New York Times, no ano passado.
A conta no Twitter do jovem de Nápoles começou a encher-se gradualmente com todo o tipo de informações, muitas vezes exclusivas. Isto deveu-se principalmente ao facto de ser assistente do respeitado repórter italiano da Sky Sports, Gianluca Di Marzio.
"É um jornalista extraordinário, com quem aprendi tudo", admite Fabrizio Romano. Depois, ele próprio começou a construir a sua rede de contactos.
Mas se perguntarmos quem é que lhe fornece as informações, não teremos resposta.
"As relações positivas com os agentes, os diretores desportivos dos clubes e outras fontes são muito importantes e não posso nomeá-las. Tudo se baseia na confiança mútua", conta o jovem italiano de 30 anos. Mas Fabrizio Romano diz que a família, especialmente a sua mãe, Susanna, foi igualmente importante na construção da sua carreira.
"Ela sempre me deu a liberdade de seguir os meus sonhos, mesmo que muitas vezes fosse um risco louco", conta.
Embora possa parecer que Fabrizio Romano é agora o destemido governante do Twitter do futebol, até ele está ciente de que algumas notícias quentes são como algo de outra galáxia.
"Quando anunciei, há dois anos, que Zidane ia deixar o Real Madrid, foi um exclusivo total e eu parei mesmo e comecei a ligar aos meus amigos. Raios, sou o primeiro no mundo a fazer uma notícia sobre o Real e uma lenda como o Zidane!", lê-se no tweet, que teve 150 mil likes, 25 mil retweets e 14 mil comentários.
Depois, há outras mensagens fortes. "Recebi a informação de que Lorenzo Insigne vai para Toronto. Sabes, eu sou de Nápoles e o Insigne é uma lenda nessa cidade. Também era um ídolo para mim. E, de repente, anunciei a sua transferência com um vídeo que o Toronto partilhou na sua conta", lembrou.
Fabrizio Romano conseguiu construir a sua sua marca mediática, produzindo os seus próprios conteúdos nas plataformas das redes sociais. Não é apenas o Twitter, onde quase 16 milhões de pessoas o seguem, mas também o seu canal no YouTube, onde o seu podcast é subscrito por quase dois milhões de fãs, e um Instagram com 18 milhões de seguidores.
Graças à sua reputação e experiência, tem sido contactado por prestigiados órgãos de comunicação social. Além do seu italiano nativo, também fala português, inglês e espanhol. É correspondente do britânico Guardian e colaborador da americana CBS Sports.
Quando recebeu o prémio de melhor jornalista desportivo, das mãos do emblemático treinador Fabio Capello, no Dubai, no ano passado, compreendeu que tem verdadeiramente o respeito de todos, em todo o mundo. Ao mesmo tempo, também pediu desculpa aos seus entes queridos por estar frequentemente noutro lugar, em espírito, daquele que deveria realmente estar.
"Espero que todos os meus amigos fantásticos compreendam a minha perspetiva de estar ao telefone 24 horas por dia, 7 dias por semana, mesmo que estejamos talvez a jantar. Porque cada mensagem, cada chamada, não é apenas futebol ou trabalho, é a minha vida", afirmou.
Ele próprio também sabe que, perante a natureza acelerada da indústria do futebol, entrou numa engrenagem da qual não se pode dar ao luxo de sair.
"Qualquer que seja a mensagem que se transmita e que se partilhe, em cinco minutos já não existe para nós. Quem pára está perdido no mercado de transferências", explica.
