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João Paulo revela: “Sei que estive prestes a ir à seleção, mas depois apareceu o Pepe”

João Paulo sagrou-se bicampeão nacional ao serviço do FC Porto
João Paulo sagrou-se bicampeão nacional ao serviço do FC PortoArquivo Pessoal

O futebolista João Paulo esteve perto de representar a seleção portuguesa, mas um mal-entendido e o aparecimento de Pepe deixaram essa falha na sua longa carreira, que terminou no final da temporada, aos 42 anos.

“O que faltou foi ter representado a seleção A. Infelizmente, não consegui. Estive na seleção B com o Scolari, na altura, mas nunca consegui ser internacional A. É o desejo de qualquer futebolista”, expressou o experiente defesa central, em entrevista à Lusa.

Pela equipa das quinas, João Paulo alinhou nos Jogos Olímpicos Atenas 2004 e no Europeu de sub-21, no mesmo ano, quando representava o União de Leiria, clube em que se destacou ainda em início de carreira, entrando nas cogitações de Luiz Felipe Scolari.

“Estava em Leiria, as coisas estavam a correr-me bem. Sei que o Scolari foi a Leiria ver-me jogar e eu não joguei esse jogo por acumulação de amarelos ou por alguma lesão. Era capitão na altura, fui ao balneário antes do jogo e, quando entro no elevador, qual não foi o meu espanto ao ver o ‘mister’ Scolari. O presidente não sabia que não podia jogar. Sei que estive prestes a ir, mas depois apareceu o Pepe. Foi na altura em que foi naturalizado e ele tinha mais qualidade do que eu, não dá para esconder isso”, contou.

No ano seguinte, João Paulo foi para o FC Porto e ficou mesmo na sombra de Pepe na primeira época, antes de o central, atualmente nos dragões, rumar aos espanhóis do Real Madrid, e apontou como pináculo da carreira jogar na Liga dos Campeões.

“Jogar na Liga dos Campeões é o ponto mais alto da minha carreira. Agora, em termos de número de jogos, não foi o que esperava, como é óbvio. Contudo, deu para sentir o clube que era e viver novas realidades que não tinha vivido até então”, frisou também.

João Paulo terminou capítulo no FC Castrense
João Paulo terminou capítulo no FC CastrenseFutebol Clube Castrense

Já na segunda época nos portuenses, João Paulo aumentou o tempo de jogo, devido a uma lesão de Pedro Emanuel, recordando um momento “ingrato” que lamentou pela forma como voltou a ser afastado da equipa, apesar das boas prestações que efetuou.

“Joguei na Liga dos Campeões contra o Liverpool, marquei um golo em Leiria e, depois, vamos jogar a Fátima para a Taça da Liga, em que perdemos nos penáltis. Nos minutos iniciais, houve um canto a favor do FC Porto, o guarda-redes soca-me o nariz e fiquei a jogar com ele partido. Sou operado no fim do jogo e, quando regresso, quero treinar e não me deixaram. O futebol é um pouco ingrato e sei que o nome João Paulo não me fez jogar. Se o nome fosse diferente, eu tinha jogado, mesmo com a máscara”, realçou.

Recorde a entrevista do Flashscore a João Paulo

Apesar de alguma mágoa, João Paulo lembrou ainda uma frase de Pinto da Costa, que lhe disse que provou ser “um jogador à FC Porto”, e revelou ter recebido uma proposta de um clube inglês, antes de jogar os campeonatos da Roménia, de França e do Chipre.

“Joguei em países em que nunca pensei jogar. Fiquei com muita pena de não ter ficado no Rapid Bucareste. É uma cidade fantástica, adeptos fervorosos e gosto de pressão. Por isso é que adorei jogar no Vitória SC. Essa pena só durou meia dúzia de semanas, pois apareceu logo o campeonato francês, onde não há um estádio que não esteja completamente preenchido e as condições de trabalho, mesmo no Le Mans, são de equipa grande. Ao Chipre ainda costumamos lá ir todos os anos de férias”, resumiu.

João Paulo, que, exceto o Sporting, integrou o leque de capitães em todas as equipas que representou – União de Leiria, União de Tomar, FC Porto, Rapid Bucareste, Le Mans, Vitória SC, Omonia, Apollon Limassol, AEL Limassol, Marinhense e Castrense -, falou da passagem nos leões, com um miúdo chamado Cristiano Ronaldo.

“Eu, o Quaresma e o Ronaldo andávamos praticamente sempre juntos. Havia vontade, ele acabava os treinos e ficava com uma bola no campo. Esperava que os mais velhos tomassem banho para ficar a ver-se ao espelho, num trabalho de ginásio que já o fazia. Ele pedia ao treinador de guarda-redes para cruzar umas bolas, porque um dos pontos fracos dele na altura era o jogo aéreo. Evoluiu em tudo e tudo o que alcançou é mérito dele, pois trabalhou imenso para isso”, referiu, em relação ao astro luso, de 39 anos.