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José Costa, o português que defrontou Pelé e que ainda hoje guarda a sua camisola

José Costa e Pelé, lado a lado, aquando do jogo entre Rochester Lancers e Cosmos
José Costa e Pelé, lado a lado, aquando do jogo entre Rochester Lancers e CosmosJosé Costa/Facebook
A morte de Pelé abalou o mundo do futebol e as reações não se fizeram esperar, vindas um pouco por toda a parte. Agora, chega-nos um testemunho especial de um antigo jogador português que defrontou o astro brasileiro nos Estados Unidos e que, no final da partida, conseguiu que este lhe entregasse a camisola utilizada naquele encontro.

Numa publicação na rede social Facebook, José Costa presta uma "singela homenagem a Pelé", com um texto em que espelha a experiência vivida em 1977 e uma história "que demonstra a sua grandeza".

Na altura, o português representava a Académica de Coimbra e "a forma combinada com os seus dirigentes para resistir, mais um ano, ao assédio dos clubes grandes portugueses, foi poder ir jogar para os EUA durante 3 meses pelo Rochester Lancers", de forma a "compensar a diferença" em relação ao que lhe era oferecido e, assim, poder "continuar mais uns tempos por Coimbra".

A North American Soccer League (NASL), que mais tarde deu origem à Major League Soccer (MLS), "passava por uma fase de euforia da qual a equipa do Cosmos era o expoente máximo", com jogadores como Beckenbauer, Carlos Alberto, Chinaglia ou Pelé, "entre muitos outros espalhados pelas várias equipas da NASL", lembra José Costa, revelando que "os jogos do Cosmos eram sempre especiais principalmente para os entusiásticos do futebol".

"No fim dos mesmos a preocupação dos adeptos era invadirem o terreno de jogo, abraçarem os seus ídolos e pedirem-lhes as camisolas para recordação", explica, revelando que "antes do Rochester Lancers x Cosmos houve a troca normal de cumprimentos entre os jogadores e a equipa de arbitragem", altura em que se dirigiu a Pelé:

"Disse-lhe, entre outras coisas, que o admirava e gostaria de trocar de camisola com ele no final do jogo. Ele, adivinhando o que se iria passar, disse-me que era difícil, mas prometeu-me que, se fosse possível, o faria", conta.

O jogo começou e José Costa diz não mais se ter lembrado do pedido, até que n final do encontro foi surpreendido "pela invasão, pacífica e massiva, do terreno de jogo por uma multidão circundante (meus colegas de equipa incluídos) que começava a rodear principalmente duas das figuras do Cosmos, Beckenbauer e Pelé".

"Para meu espanto, olho e reparo que Pelé bracejava e tentava libertar-se de toda a gente que o rodeava e o agarrava. O meu espanto aumentou quando percebo que ele se estava a dirigir para mim e a gritar com as pessoas dizendo-lhes que me tinha prometido a sua camisola e que o deixassem passar", recorda.

O momento, confessa, deixou-o "todo feliz não só por ter a oportunidade de trocar de camisola com quem, na altura, era a maior referência mundial mas também pela consideração demonstrada para com um jovem jogador português, em início de careira, cheio de sonhos na cabeça e pela feliz circunstância de testemunhar o seu carácter".

"O gesto foi tudo e revelador de que, por mais importantes ou mediáticos que sejamos, há sempre momentos nas nossas vidas, muitas vezes desvalorizados por nós, em que a humildade e respeito demonstrados para com os outros são comportamentos que lhes podem ficar na memória para sempre... Foi o meu caso", destaca José Costa, que mantém a camisola oferecida "religiosamente" guardada.