"O Brasileirão talvez seja um dos campeonatos mais difíceis do Mundo. É servido de bons jogadores, mas o jogo parte-se muito. Anda muito em jogo de transições. Os jogos também são muito emocionais, a dimensão de rendimento psicológica tem uma grande interferência em cada uma das partidas. Muitas vezes perde-se aquela racionalidade do jogo, em que nós queremos controlá-lo através da bola, chegar à baliza quando entendemos fazê-lo. Os adversários são muito pressionantes e levam o jogo muito para essas transições. Rapidamente, percebemos que também tínhamos de ter jogadores de transição para nos opormos às equipas que jogam permanentemente em transição. Temos de trabalhar um pouco diferente porque o contexto é diferente", explicou Luís Castro que, entre 2019 e 2021, esteve no comando técnico do Shakhtar Donetsk.
"A minha experiência na Ucrânia tem-me ajudado muito no meu trabalho no Botafogo. Quando estivemos no Shakhtar, havia quase 50 por cento de jogadores ucranianos e a outra metade era formada por brasileiros. Ali, notava-se claramente, que os jogadores brasileiros eram mais emocionais, queriam mais liberdade em campo. Enquanto os ucranianos gostavam de um jogo mais guiado, de tarefas mais bem definidas. Quando cheguei ao Botafogo, entendi claramente que era, de facto, aquilo que eu pensava: os jogadores brasileiros são muito emocionais e ligados a uma torcida também muito emocional. No Brasil sente-se muito a paixão da torcida», reconheceu o treinador português, abordando igualmente o papel de treinador e o tipo de técnico que entende ser.
"Sempre gostei de ter jogadores jovens nas equipas e sempre gostei de lançar esses jovens. Mas para isso, temos de prepará-los muito bem. Porque podemos estar a destruir um jogador se ele não estiver bem preparado. Caso contrário, não estamos a ajudá-lo. Estamos a expô-lo perante o perigo. Gosto de ajudar o jogador a crescer, gosto de ajudar o jogador a formar-se enquanto profissional e enquanto homem. É uma área que me apaixona muito. Por isso, quero estar sempre ligado às categorias de base. Não só ser treinador da equipa A, mas estar também ligado às academias. E tirar o máximo proveito dos jovens que vêm de lá", defendeu Luís Castro, que na temporada de estreia no Botafogo, terminou o Brasileirão no 11.º lugar.
"Estou feliz no Botafogo. Mas é fundamental termos paciência. Para construirmos uma equipa vencedora, é preciso tempo. Eu sei que os resultados são muito importantes no Botafogo, mas é preciso paciência, porque só ela pode levar-nos a grandes resultados. Para projetarmos o Botafogo a um futuro cada vez melhor", referiu o técnico português, que falou também do seu passado e das equipas que orientou em Portugal.
"Dizer qual a equipa que me deu mais prazer de trabalhar, ou que vi mais projetado em campo aquilo que são as minhas ideias de jogo? Talvez, onde mais consegui foi no Chaves, na Liga portuguesa, e no Shakhtar Donetsk. Incluo também o FC Porto B, no ano (2015/2016) em que fomos campeões da 2.ª Liga", recordou Luís Castro.