Button, que faz 44 anos na sexta-feira, manteve-se ocupado com o desporto automóvel desde que se afastou da F1 no final da época de 2016, mas está agora a regressar às corridas a tempo inteiro ao volante de um Porsche com a Hertz Team JOTA.
"Não sou apenas um piloto de Fórmula 1, sou um piloto de corridas. Sempre gostei de corridas de resistência, primeiro porque os carros são muito fixes. Nos anos 80, costumava sentar-me e ver F1 e Le Mans com o meu pai. Não acredito que só tenha corrido lá duas vezes, mas espero aumentar esse número nos próximos anos", disse Button à AFP.
Button venceu 15 grandes prémios na Fórmula 1, seis dos quais na sua temporada de 2009, em que conquistou o título com a Brawn. Mais tarde, mudou-se para a McLaren, formando equipa com Lewis Hamilton.
No entanto, desde que abandonou a F1, Button não se tem desleixado.
"Desde então, tenho corrido em todo o tipo de competições. SuperGT no Japão, British GT, camiões de troféu, carros de rally cross. Já fiz de tudo. Corri na NASCAR, o que foi fantástico", afirma.
Button não é um novato no mundo das corridas de resistência.
Em 1999, na época anterior à sua subida à Fórmula 1 com a Williams, estreou-se nas 24 Horas de Spa, mas teve de se retirar ao fim de 22 voltas.
Em 2018, correu em Le Mans - estava ao volante quando o seu carro desistiu devido a problemas electrónicos - e foi 39.º no ano passado.
"A palavra que eu usaria para descrever Le Mans é 'emocionante'. Quer ganhes ou percas, quer tenhas um acidente ou termines, só te apetece chorar", disse ele.
"Passámos por tanta coisa com os nossos colegas de equipa que estamos a celebrar o final da corrida, independentemente do que aconteceu, quer tenha sido bom ou mau. É isso que eu adoro nesta corrida. É uma corrida muito dura para o piloto e para a máquina", acrescentou.
"24 horas de loucura"
Para além da experiência em pista, há o preâmbulo da corrida e a camaradagem e rivalidade que a tornaram num evento tão lendário no calendário das corridas.
"É tudo, desde a preparação até à bandeira axadrezada. Acho que por haver tantas equipas e tantos pilotos, é como uma aldeia ter tantas pessoas em Le Mans para a corrida", afirmou Button.
"Três pilotos por carro, 60 carros, são 180 pilotos por corrida. Depois temos os pilotos extra, todas as equipas... Toda a gente chega e estamos na nossa própria bolha durante 10 dias. É uma grande preparação e depois a corrida começa e são 24 horas de loucura", destacou.
"Toda a gente conduz a fundo durante 24 horas. Toda a gente esteve acordada durante 36, 42 horas... não se acorda e vai correr. Por isso, é um momento muito emotivo", concluiu.
Quando Button faz 44 anos, é inevitável que surjam perguntas sobre se ele já não é demasiado velho para competir ao mais alto nível no desporto automóvel. Mas ele apenas abana a cabeça e sorri.
"Ainda não vi isso como um problema com pilotos na casa dos quarenta. Fernando Alonso tem 42 anos e eu diria que é um dos melhores pilotos do mundo, ainda na F1. Se tiveres a forma física, que é o que eu tenho, treino mais agora do que quando corria na F1, se mantiveres as tuas reações, se continuares a querer, então não há razão para não continuares a correr", enumerou.
"Conheço pessoas na casa dos 50 anos que ainda são muito competitivas. Além disso, esta é uma corrida de resistência. Temos de ser rápidos, mas é mais uma questão de sermos consistentes durante os nossos stints. E isso é fundamental. É algo em que sempre fui muito bom ao longo da minha carreira", prosseguiu.
"Não acho que a idade seja um fator. De certa forma, estou pronto para provar que as pessoas estão erradas se pensarem que é, tal como o Fernando fez na F1", rematou.
O Campeonato do Mundo de Resistência é composto por oito corridas, a primeira das quais terá lugar no Circuito de Losail, no Catar, a 2 de março.