Mundiais de atletismo: Portugal sem pódio pela quinta vez e pior pontuação de sempre

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Mundiais de atletismo: Portugal sem pódio pela quinta vez e pior pontuação de sempre

Auriol Dongmo encerrou a participação lusa, no sábado, com o quarto lugar no lançamento do peso
Auriol Dongmo encerrou a participação lusa, no sábado, com o quarto lugar no lançamento do pesoSportmedia/FPA
Portugal ficou afastado dos pódios dos Mundiais de atletismo pela quinta vez, na 19.ª edição, em Budapeste, onde somou a pior pontuação de sempre, num resultado “aceitável” segundo o Diretor Técnico Nacional (DTN) da Federação Portuguesa de Atletismo (FPA).

“Nós nunca ficamos satisfeitos, como é lógico, sabe-nos a pouco, mas pronto, dentro daquilo que foi possível, depois de alguns problemas também que tivemos, eu acho que foi aceitável e são uns bons campeonatos e é o balanço para estarmos presentes nos Jogos Olímpicos com uma equipa ainda melhor”, afirmou José Santos, em declarações aos jornalistas portugueses que acompanharam os Campeonatos do Mundo, na Hungria.

Auriol Dongmo encerrou a participação lusa, no sábado, com o quarto lugar no lançamento do peso, confirmando a ausência de medalhas para a seleção portuguesa, tal como aconteceu noutras cinco edições, a última das quais há 12 anos, em Daegu2011, depois de Helsínquia1983, Tóquio1991, Sevilha1999 e Paris2003.

Portugal apresentou-se em Budapeste com 28 atletas, desfalcado de Pedro Pablo Pichardo, que, no dia da viagem, foi dispensado por lesão de defender o título conquistado em Oregon2022, ficando, tal como a também ausente Patrícia Mamona, fora da terceira maior delegação de sempre, atrás dos 19 de Berlim2009, onde Nelson Évora alcançou a prata no triplo, e atrás dos 30 de Atenas1997, no auge de atletas como Fernanda Ribeiro, Manuela Machado e Carla Sacramento.

“Temos de recordar que os nossos dois atletas medalhados olímpicos não estiveram presentes porque estão debilitados, portanto, a partir daí, somos um país pequeno, dos mais pequenos da Europa, temos 10 milhões e meio de habitantes e todos querem ganhar medalhas. Há países com mais potencialidades, e muito mais meios do que nós, que também não tiveram grandes classificações e não ganharam todas as medalhas”, ressalvou José Santos, no balanço feito para a comunicação social portuguesa presente.

E, na verdade, a quantidade de atletas convocados não se traduziu em resultados de topo, sendo difícil conseguir uma avaliação positiva da participação lusa, que, no sistema de pontuação atribuída aos oito primeiros, somou seis pontos, cinco graças ao quarto lugar de Dongmo e um com o oitavo lugar de Liliana Cá no lançamento do disco.

Com essa meia dúzia de pontos, Portugal ficou no 54.º lugar, uma posição partilhada por países como Áustria, Barbados, Costa do Marfim, Croácia, Grenada e Qatar, num pecúlio abaixo dos piores de sempre, na estreia, em Helsíquia1983 (Rosa Mota foi quarta na maratona e Carlos Lopes sexto nos 10.000 metros) e em Moscovo2013 (João Vieira foi terceiro e Ana Cabecinha sétima nos 20 km marcha), quando somou oito pontos, e em Paris2003 (Alberto Chaíça quarto na maratona e Rui Silva quinto nos 1.500), com nove.

Em qualquer um destes campeonatos, Portugal apresentou uma seleção bem menos numerosa, com os 11 em prova na primeira edição, na Finlândia, 14 em França e 12 na Rússia.

A comparação com as mais recentes edições confirma a modéstia deste pecúlio, relativamente aos 16 arrecadados em Oregon, no ano passado, aos 13 em Doha, aos 17 em Londres e aos 11 de Pequim2015, mesmo assim distantes dos 34 de Atenas1997 e dos 30 de Gotemburgo1995. Mesmo sem medalhas, Daegu2011 rendeu 19 pontos.

Eventualmente, alargando a contabilização aos atletas semifinalistas, dos nono ao 16.º lugares, e assim incluindo as classificações de Ana Cabecinha (nona nos 20 km marcha), Tiago Luís Pereira (11.º no triplo), Isaac Nader (12.º nos 1.500), Jessica Inchude (16.º no peso) e a estafeta mista 4x400 metros (16.º) o cenário possa ser menos desagradável, num pecúlio de semifinalistas que, segundo José Santos, “também é considerável”.

Contam-se, então 43 pontos, tal como em Helsínquia1983 e ligeiramente acima de Paris2003 (42 pontos) e um pouco mais de Moscovo2013 e Pequim2015 (38).

Individualmente, no entanto, além de Dongmo e Cá, há outros destaques, como a marca de qualificação olímpica de Ana Cabecinha e o recorde pessoal de Vitória Oliveira, ambas na marcha, a confirmação do potencial de Isaac Nader nos 1.500, faltando a consistência em competições com três corridas.

O DTN da FPA assegurou que voltaria a apostar em todos para a competição, enaltecendo o valor dos atletas e o empenho de todos os atletas,

“A qualificação para estes campeonatos segue um sistema muito apertado, o que quer dizer que os nossos melhores atletas estão já a um nível também muito elevado e, portanto, chegaram aqui a estes campeonatos porque mereceram. Estão na elite mundial e, portanto, é bom que também o povo português saiba e sinta que os atletas ao fazerem estas marcas de qualificação são dos melhores do mundo”, sublinhou.

A missão portuguesa foi atribulada desde início, com o atraso na partida de Lisboa e o cancelamento do voo de escala em Frankfurt, na Alemanha, onde a seleção ficou retida, atirando a chegada de alguns atletas para a véspera das suas provas, vários sem bagagens e quase todos sem descansar.

“Ninguém adivinha que vai haver uma tempestade em Frankfurt e que tudo isto vai acontecer. O nosso vice-presidente (Fernando Tavares) veio um dia antes de nós e chegou ao mesmo tempo do que os outros atletas (…). A FPA fez aquilo que podia e estava tudo planeado para que os atletas chegassem a horas de competirem e descansarem”, assegurou o responsável técnico da FPA.