O primeiro Campeonato do Mundo no Médio Oriente foi tudo menos isolado dos problemas voláteis da região, tendo como pano de fundo os protestos anti-governamentais no Irão e uma escalada de tensão no conflito israelo-palestiniano.
Embora tenha sido permitido expressar manifestações pró-Palestina - chegaram a ser distribuídas t-shirts com a mensagem "Palestina Livre" antes do jogo da Argentina com a Polónia -, as forças de segurança reprimiram os adeptos que procuravam mostrar apoio aos manifestantes do Irão, que têm vindo a exigir o fim do regime clerical naquele país.
O contraste foi posto a nu esta semana no exterior do Estádio Al Thumama. Na quinta-feira, antes do jogo entre Marrocos e Canadá, os seguranças permitiu a entrada de centenas de adeptos com bandeiras, chapéus e cachecóis de apoio à Palestina. Duas noites antes, no mesmo estádio, foram apreendidos objetos de apoio aos manifestantes iranianos, com as forças de segurança a forçarem os adeptos a retirar T-shirts e algumas bandeiras antes do jogo contra os Estados Unidos.
Enquanto os adeptos abandonavam o recinto após a derrota do Irão (1-0), os jornalistas da Reuters viram os guardas a perseguirem homens com camisolas ativistas, atacando um deles no chão enquanto proclamavam o grito dos manifestantes anti-governamentais do Irão: "Woman Life Freedom".
Antes do jogo, o departamento de Direitos Humanos da FIFA enviou um e-mail aos adeptos - confirmou a Reuters - que se queixaram do tratamento em jogos anteriores do Irão, esclarecendo que "Women.Life.Freedom" ou o nome e/ou retrato de Mahsa Amini são permitidos nos estádios.
Os organizadores do Mundial disseram que "as autoridades de segurança intervieram para diminuir a tensão e restaurar a calma". O gabinete de comunicação do governo do Catar não respondeu a um pedido de esclarecimentos.