Nas redes sociais, Naomi Osaka continua em silêncio desde que a Tennis Australia anunciou, através do Twitter, que a bi-campeã de Melbourne iria falhar o primeiro Grand Slam da nova temporada, sem adiantar razões para a sua ausência.
Nas publicações feitas durante os últimos meses, não são muitas as evidências de que a tenista mantenha tempo constante de treino, o que ajuda a promover a especulação e os rumores que apontam para um final precoce de carreira.
O escritor de ténis Ben Rothenberg, autor de uma biografia de Osaka que será lançada ainda este ano, acredita que a atleta já deu um "passo significativo para trás" no desporto e que está deliberadamente a manter silêncio.
"Acho que ela não quer ser transparente sobre isso porque não quer colocar um rótulo. Não acredito que utilizasse a palavra "retirada". Se ela estiver a afastar-se do desporto por algum tempo, e poderá ser por tempo indeterminado, não sei se ela iria dizê-lo dessa forma. Acho que ela sentiria que isso provocaria muitas reações".
Um 2022 com "mais baixos que altos"
Osaka já havia abordado as dificuldades sentidas para lidar com a sua saúde mental, revelando até ter sofrido de depressão. A japonesa passou todo o ano de 2022 fora Top-10, tendo sofrido derrotas nas primeiras rondas do Open de França e do Open dos Estados Unidos, e desistido de Wimbledon com uma lesão no tendão de Aquiles.
Para além disto, deixo de trabalhar com Wim Fissette, o seu treinador de longa data, tendo passado a ser orientada pelo pai, Leonard Francois.
A sua última aparição aconteceu no Pan Pacific Open, que se disputou em setembro, em Tóquio, no qual Osaka desistiu antes da segunda ronda com dores abdominais.
Aos jornalistas presentes no torneio, explicou que passou por "mais baixos que altos" em 2022 e que "aprendeu muito" sobre si no ano que recentemente terminou.
Atual 47.ª classificada, a tenista já liderou o ranking WTA e Rothenberg acredita que estará a "recalcular as coisas", podendo até decididr que não está preparada para os sacrifícios necessários à continuidade de uma carreira profissional no ténis.
"Para ela, de momento, as contas não estão a bater certo para que haja compromisso. Ela sabe quanto trabalho é exigido e como é abrangente e preocupante ser uma jogadora ativa em tempo integral com os padrões que ela tem. Já ganhu muito e não ficará contente apenas por ser novamente Top-20", apontou.
A australiana Ashleigh Barty, que era número um mundial à altura, surpreendeu o mundo do ténis ao anunciar, em março passado, que iria terminar a carreira aos 25 anos, tendo explicado que estava "fisicamente gasta" e que já não tinha a motivação necessária para continuar.
Os interesses comerciais para lá do ténis e a possível pressão dos patrocinadores
Osaka tem vários interesses para lá do ténis, incluindo a sua própria agência de gestão desportiva, que representa, entre outros, Ons Jabeur e Nick Kyrgios. A atleta conta vários acordos de patrocínio com diferentes marcas e investiu ainda no Pickleball, um jogo parecido com o ténis que tem crescido rapidamente nos Estados Unidos.
No seu website descreve-se como tenista, mas também como "fashion nerd", "empresária" e "defensora da mudança social".
Apesar da pausa na carreira desportiva, a Forbes colocou-a recentemente no topo da lista de atletas femininas que mais faturaram em 2022, com ganhos na ordem dos 51.1 milhões de dólares (cerca de 49 milhões de euros), e Rothenberg acredita que haverá pressão significativa dos patrocinadores para que a jogadora se mantenha no circuito profissional.
Ainda assim, o escritor ressalva que o facto de Osaka ter optado por não continuar prova que "está a tomar esta decisão por ela própria".
"Independentemente da razão dela, os jogadores erram muitas vezes ao escolherem jogar. Portanto, o facto de ela ter assumido a pausa mostra que está no controlo da situação", acrescentou, confiante de que a japonesa terá muito tempo para regressar, caso assim o queira.
"Ela tem pista à sua frente para o caso de querer voltar ao tour. Mas não ficará mais fácil com o passar do tempo. Quanto mais tempo ela estiver fora, mais difícil será", alertou.