Vencedor de cinco Bolas de Ouro, Cristiano Ronaldo, que esta sexta-feira foi apresentado como reforço do Al Nassr, da Arábia Saudita, é, sem dúvida, a contratação mais sonante para o futebol do Médio Oriente. Ao assinar um acordo que lhe vai render mais de 200 milhões de euros, o avançado português de 37 anos é o mais recente nome de uma longa lista de jogadores que deixaram a elite do futebol europeu por um vencimento bem acima da média.
Contudo, esta transição nem sempre corre bem. E de certo que os adeptos do Al Nassr não querem ouvir falar em nomes como Romário (fez três jogos pelo Al Sadd) ou Bebeto (cinco partidas pelo Al Ittihad), dois campeões do Mundo pelo Brasil em 1994 que não cumpriram dentro de campo o que se esperva deles.
Melhor foi a aventura de Rivelino. Vencedor do Mundial-1970, o brasileiro decidiu rumar ao Al Hilal antes de pendurar as botas, sendo considerado o pioneiro. Acabou por vencer o campeonato da Arábia Saudita, contribuíndo com 39 golos. Ao mesmo tempo, Carlos Alberto Parreira assumiu o comando da seleção do Kuwait e conseguiu apurar esta seleção para o Mundial-1982, um feito inédito e único.
Os Emirados Árabes Unidos entram na luta
Em 1998, o Al Nassr tentou pela primeira vez uma das grandes estrelas do futebol europeu e negociou com Hristo Stoichkov, considerado o melhor jogador da história da Bulgária. Nesse ano ajudou a equipa saudita a conquistar a Taça da Ásia, sendo que foi a única época que passou no país saudita.
Outrora o jogador mais caro da história do futebol Denilson foi outro dos nomes que aceitou o convite do Al Nassr, mas a aventura do antigo jogador do Bétis no Al Nassr durou apenas dois meses.
Ainda assim, estes exemplos criaram inveja nos Emirados Árabes Unidos que decidiu também começar a captar alguns dos nomes maiores do futebol mundial. Único africano a vencer a Bola de Ouro, em 1995, George Weah foi o primeiro, ao representar o Al Jazira entre 2001 e 2003.
Mais tarde, seguiu-se Fábio Cannavaro, campeão do Mundo com Itália em 2006, que jogou no Al-Ahli em 2011.
A vez do Catar
O sucesso dos vizinhos não passou despercebido ao Catar e entre 2003 e 2004, o organizador da última edição do Mundial contratou mais de 30 jogadores de renome mundial. Frank Leboeuf, Marcel Desailly, Pep Guardiola, Fernando Hierro e até Gabriel Batistuta - que marcou 25 golos, um recorde, na primeira época no Al-Arabi - foram alguns dos nomes que jogaram no país.
E na altura não faltavam também contratos milionários. Romário recebeu 1,5 milhões de euros para jogar durante 100 dias no Al-Sadd, mas acabou por não somar qualquer golo nos três joogos que fez.
Contudo, o atual campeão do Catar pode considerar-se como o mais bem-sucedido no que toca à captação de talento estrangeiro. Raúl González, antigo jogador do Real Madrid, ajudou o emblema a conseguir o primeiro campeonato em 2012, e em 2015, Xavi Hernández ajudou a prolongar o sucesso.
E o médio do Barcelona acabou mesmo por ser o símbolo maior do sucesso. Campeão nas quatro épocas como jogador, venceu como treinador a prova, quando sucedeu a Jesualdo Ferreira, antes de em 2021 rumar ao Barcelona para comandar o clube onde se formou.
Resta perceber como se vai encaixar Ronaldo que assinou até 2025 com o Al Nassr aquele que será o maior contrato da história do futebol do Médio Oriente.