Reveja as incidências do encontro
As duas equipas subiram ao relvado para o primeiro encontro oficial entre si. Do lado alemão, houve um protesto silencioso antes do apito inicial. Já dentro das quatro linhas, selecionador Hansi Flick estreou-se em fases finais de grandes competições internacionais e lançou Sule a lateral direito, Raum à esquerda e o jovem Musiala na frente, abdicando de Kehrer, Klostermann e Leroy Sané.
Nos nipónicos, Hajime Moriyasu surpreendeu ao deixar Tomiyasu, Minamino e Morita, do Sporting, no banco de suplentes, mas outras caras conhecidas dos portugueses saltaram para o onze: o guarda-redes Gonda, que representou o Portimonense em 2018/19 e 2019/20, e Daizen Maeda, que atuou no Marítimo em 2019/20, ocupou a posição mais avançada.
Os alemães, teoricamente superiores, quiseram desde cedo controlar a posse de bola, mas se há alguma coisa que é castigada na jornada inaugural deste Mundial é a displicência. E foi isso que quase tramava os alemães aos oito minutos: distração e perda de bola de Gundogan, saída rápida pelo flanco direito e Maeda a concluir na grande área, um tratado do futebol de transição, que foi prontamente anulado por fora de jogo.
Foi o susto que os germânicos precisavam: a partir daí foram donos e senhores do jogo, passando grande parte do tempo no último terço e com várias oportunidades de golo. Já depois de Rudiger, Kimmich e Gundogan terem testado a atenção de Gonda, o tento inaugural acabaria por surgir.
Aos 32 minutos, Raum subiu pela esquerda e foi derrubado pelo guardião. Chamado a converter, o especialista Gundogan não desperdiçou e atirou para o centro da baliza, naquele que foi o sexto penálti no 10.º jogo deste Campeonato do Mundo.
A perda de bola que quase dava o golo do Japão parece ter despertado o médio do Manchester City, que assinou uma grande exibição. Antes do intervalo, Musiala comprovou porque é uma das maiores promessas a ter em conta neste Mundial, ao fintar um adversário à entrada da área e a rematar desviado.
Pouco depois, o jovem avançado do Bayern Munique construiu a jogada de insistência que acabou com a bola nas redes japonesas, mas Kai Havertz estava em fora de jogo quando concluiu o passe de Gnabry, mantendo a vantagem ao descanso que, além de mínima, era curta pela produção ofensiva dos alemães.
No regresso dos balneários, Tomiyasu foi lançado para o lugar do amarelado Kubo, um sinal que o selecionador nipónico precisava de robustez e solidez defensiva. 10 minutos depois, entraram Asano e Mitoma para as saídas de Nagatoma e Maeda.
Pelo meio, a Alemanha voltou a ficar perto de aumentar: primeiro foi Gnabry, logo aos 47 minutos, depois de recuperação e passe de Muller, a disparar uma bomba ao poste e, pouco depois, Musiala deixou cinco adversários para trás numa cabine telefónica dentro da grande área, mas na hora de rematar atirou por cima.
O miúdo, que estava a ser uma dor de cabeça para os defesas nipónicos, também tentou assistir Gundogan, mas desta feita o médio de 32 anos teve pontaria a mais e acertou no poste.
Receita contra o desperdício
As alterações do lado do Japão mexeram com a equipa e, depois de um início de segundo tempo aflitivo, a equipa conseguiu equilibrar-se e passou mais tempo no meio-campo ofensivo, apesar das aproximações perigosas, mas inconsequentes, da Alemanha.
Nesse sentido, importa sublinhar a sequência impressionante de paradas de Gonda aos 71 minutos: numa bela jogada tricotada, Kimmich levantou para Gnabry, amorteceu para o remate de Hoffman, travado por Gonda, na recarga Gnabry rematou para nova intervenção. O lance prosseguiu, Musiala lançou o cruzamento de Raum na esquerda, Gnabry cabeceou de rompante para uma grande defesa do guardião.
Na outra área, os japoneses estavam mais atrevidos e só Neuer foi capaz de evitar o golo de Ito com uma defesa à desenho animado, provando que a idade passa, mas os reflexos mantêm-se em forma. Na recarga, com tudo para fazer o golo, Sakai atirou para fora.
No entanto, dois minutos volvidos, Minamino entrou, desmarcou-se na área pela esquerda e tirou um cruzamento-remate que Neuer defender para a frente e, na recarga, o também recém-entrado Ritsu Doan assinou o golo do empate.
Mencionada no início do texto e fulcral no final do mesmo: a discplicência. Aos 83 minutos, os alemães em campo ficaram tão chocados como os que estavam nas bancadas.
Na cobrança de um livre em zona defensiva Itakura bombeou para as costas da defesa, Asano surgiu sozinho pelo flanco direito e entrou na área para, de ângulo apertado, atirar à malha superior e bater Neuer, assinando a reviravolta.
A tentar recuperar do susto, a Alemanha foi com tudo para a frente, mas só nos descontos ficou perto de igualar: em boa posição, Goretzka rematou forte de primeira, mas o remate saiu ao perto do poste.
Homem do jogo Flashscore: Gonda (Japão).