No futebol tudo acontece muito depressa, demasiado depressa até. Há quinze dias, quem tinha uma réstia de esperança de que o Paris Saint-Germain fosse capaz de se "recompor" na Allianz Arena? Antes do jogo contra o Lille, Luis Campos e Christophe Galtier estavam prontos a sair. Mas depois do regresso triunfal do super-herói Kylian Mbappé, o otimismo aumentou no Camp des Loges, antes da viagem a Munique.
Inevitavelmente, o regresso do francês vem ao encontro da renova esperança no clube da capital. Um bis contra o Lille, outro contra Marselha e o golo recorde contra o Nantes marcaram o regresso do PSG a uma espiral positiva em termos de resultados. Assim, com coisas positivas a retirar, o clube Paris levantou a cabeça. Com um golo de desvantagem (o Bayern ganhou 1-0 na primeira mão), Kylian Mbappé e companhia estão condenados a um feito.
"Jogo para fazer história. Sempre disse que queria fazer história em França, na capital, no meu país, na minha cidade. Estou a fazê-lo e é maravilhoso, mas ainda há um longo caminho a percorrer. É um feito pessoal, mas também quero realizações coletivas", disse o jogador ao Canal+ após marcar o seu 201.º golo com a camisola bleu et rouge.
Ao ultrapassar Cavani no sábado, o jogador natural de Bondy atingiu um objetivo pessoal. No entanto, o avançado diz que ficou em Paris para "fazer história" - como ele e a equipa repetiram na altura da renovação de contrato -, e para isso tem de trazer o primeiro título da Liga dos Campeões para a Cidade Luz. Não é um feito fácil dada a história do clube na competição, como sabemos, por isso o PSG vai ter uma tarefa complicada frente ao Bayern.
Dadas as condições, a eliminação contra o Bayern pode ser demais para um Kylian Mbappé que sonha, finalmente, em levantar a "orelhuda"? "Se o meu futuro estivesse ligado à Liga dos Campeões, e não quero desrespeitar clube, teria ido muito longe", disse o francês em conferência de imprensa no sábado, acrescentando que só pensa em viver "bons momentos no PSG".
Esta não é apenas uma questão de sucesso da equipa, é também uma questão sobre o futuro da equipa. A tendência não mudou desde outubro, e segundo várias fontes consultadas pela redação francesa do Flashscore, Kylian Mbappé não ficou satisfeito com as decisões tomadas pela direção parisiense no mercado, levando-o a acreditar que as promessas foram feitas em vão.
Este verão, o francês vai ficar apenas com um ano de contrato pela frente - terceiro ano, previamente assinado, é uma opção - o que sugere que a pressão recai sobre si. Por outro lado, os dirigentes do clube da capital querem fazer de tudo para que o jogador ative o ano de opção e que se mantenha até 2025.
Assim, a novela terá certamente um novo capítulo em abril ou maio. A partida contra os alemães parece fundamental: um novo fracasso dos parisienses pode acentuar o descontentamento do atacante. É um déjà vu, pode se dizer. Se esta história acabar como no ano passado - com Kylian Mbappé a decidir prolongar o contrato apesar de todo o incómodo e do desejo de ir para outras paragens - podemos reafirmar que no futebol, tudo acontece muito depressa, demasiado depressa.