Esta é a história de um defesa central que chegou aos olhos do grande público durante o Campeonato Europeu de 2008, quando figurou na equipa do torneio. Aos 39 anos, Kepler Laveran Lima Ferreira, sobejamente conhecido como Pepe, continua com a mesma qualidade e pujança em 2022 quando veste a camisola das quinas.
Uma longevidade notável para um jogador que foi um dos arquitetos do primeiro título português, em França, em 2016. As histórias negras mancharam o seu nome durante muito tempo, mas a realidade é que a qualidade dentro de campo acabou por prevalecer.
Um dos melhores da sua geração
O episódio com o Getafe e Javi Casquero, em 2009, é uma mancha que permanecerá na sombra do que é a sua carreira e que o perseguiu durante vários anos. Devido a isso, Pepe foi rotulado como um defesa agressivo durante muito tempo, uma definição bastante simplista dado as suas atuações no Real Madrid.
A chegada de José Mourinho ao clube madrileno não ajudou essa imagem e só com a assinatura de Ancelotti é que começaram a chover os primeiros elogios.
Essa sombra manchou os primeiros anos do defesa no Real Madrid, apesar de em campo as suas atuações terem sido notáveis. Pepe foi sempre um titular indiscutível para todos os treinadores que passaram pelo Bernabéu. Raphael Varane, por exemplo, teve de esperar pela saída do português, em 2017, para se afirmar definitivamente no eixo.
É um jogador que sempre foi definido pela sua capacidade de antecipação e dotado de inteligência no posicionamento. Áspero e físico, Pepe também sabe como jogar "limpo", apesar das más-línguas. A recuperação é bastante boa, embora seja particualrmente conhecido por cometer muito poucos erros e raramente tomar a decisão errada. Ao todo, falamos de um defesa de classe mundial, facilmente entre os cinco melhores da sua geração.
Pepe tem sido um grande sucesso para Portugal desde a primeira internacionalização, contra a Finlândia, no dia 21 de novembro de 2007, sob o comando técnico de Scolari: vencedor do Euro-2016, homem do jogo na final contra a França, três vezes no melhor 'onze' dos Campeonatos Europeus de 2008, 2012 e 2016, vencedor da Liga das Nações, em 2019.
Nos quartos de final diante de Marrocos, no sábado, o luso-brasileiro tem na mira a conquista do torneio para amealhar o último troféu que falta na sua montra.
Campeonato do Mundo como coroa de glória
Nos oitavos de final diante da Suíça, Pepe tornou-se no jogador mais velho a marcar um jogo na fase eliminatória de um Mundial, aos 39 anos e 283 dias. Mais um registo que acrescenta à sua ilustre carreira.
Com Pepe ao lado de um dos capitães do Manchester City Rúben Dias, Portugal tem um dos pares defensivos mais fortes da competição. No papel, só Thiago Silva-Marquinhos podem ser considerados ao mesmo nível - cabe a qualquer um definir qual é o melhor. Esse é um trunfo importante se quiserem ter alguma esperança de chegar à final.
Portugal, que joga contra Marrocos este sábado, às 15:00, tem a oportunidade de chegar às meias-finais do Campeonato do Mundo pela terceira vez na história. Atingir essa etapa seria, portanto, um grande acontecimento no país, que aguarda, há décadas, a primeira estrela no equipamento.
A seleção das quinas terá de repetir os feitos de 1966 e 2006 antes de, possivelmente, levantar o troféu. Seria a apoteose ideal para uma carreira de sucessos como a de Pepe... e a de Cristiano Ronaldo.