Pinot e a morte de Mader: "Fiz aquela descida e fui muito criticado por ser cauteloso"

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Pinot e a morte de Mader: "Fiz aquela descida e fui muito criticado por ser cauteloso"

Pinot no Giro a 28 de maio
Pinot no Giro a 28 de maioProfimedia
Thibaut Pinot confessa que ainda pensa no acidente fatal de Gino Mäder durante a Volta à Suíça "quase sempre" que enfrenta uma descida, numa entrevista à AFP em que o ciclista também fala dos últimos meses enquanto ciclista profissional.

- A Volta a França está mesmo ao virar da esquina. Está ansioso?

- Para a minha última época, teria sido uma pena não ir. Quero desfrutar dela e tratá-la como uma festa. Quero dar o meu melhor e espero ter uma boa sensação, como tive no final do Giro. Poderei ter algumas surpresas agradáveis em Paris.

- Como é que soube do acidente fatal de Gino Mäder na Volta à Suíça?

- Soube-o durante uma sessão de treino em La Cluzaz. Foi muito difícil terminar, fiquei atónito. O Gino era um ciclista que, tal como eu, gostava de andar na parte de trás do pelotão e falávamos muitas vezes. Gostava muito dele. Fugi com ele na última etapa da Vuelta. Estávamos os dois juntos. É dramático.

- O acidente fê-lo pensar no seu trabalho?

- Desde o acidente, penso nisso quase sempre que desço uma encosta nos treinos. Mas eu nem sequer estive na Volta à Suíça. Para aqueles que lá estiveram, deve ser ainda mais difícil. Sou um ciclista que arrisca um pouco menos do que os outros, porque estou muito consciente do perigo. Diz-se muitas vezes que é preciso desligar o cérebro na bicicleta. Tenho muita dificuldade em aceitar essa ideia. É um desporto perigoso.

- Sabe qual foi a descida em que ele se despistou?

- Fiz essa descida há quase 10 anos, na mesma etapa. E lembro-me muito bem: deixei-me ir porque tinha medo da velocidade. Foi numa altura em que fui muito criticado por ser demasiado cauteloso nas descidas. Mas as pessoas não se apercebem do que se está a fazer numa bicicleta a 100 km/h. Esquecem-se muito rapidamente dos riscos que se correm.

- O que é que precisa de mudar?

- Terminar no fim de uma descida, como também vimos na Volta ao País Basco, é muitas vezes um problema. Mas as descidas fazem parte da corrida. Depois disso, porque não colocar mais redes de proteção, como fazemos no esqui? Na verdade, não temos nada para nos protegermos. Acho que é nisso que podemos trabalhar.

- Os riscos assumidos pelos corredores não deveriam também ser menos glorificados?

- Sim, mas todos sabemos que isso faz parte do espetáculo. Vende-se sempre melhor. Quando vemos um resumo de uma etapa na televisão, quase um terço das imagens é dedicado a acidentes. Para nós, ciclistas, é lamentável ver isso, porque há outra coisa para mostrar no nosso desporto.