Na sequência de uma atualização do Código Desportivo Internacional, a partir da próxima temporada os pilotos de Fórmula 1 precisarão de autorização escrita prévia do organismo para fazerem "declarações políticas, religiosas e pessoais" e aqueles que as fizerem sem conhecimento e permissão da FIA estarão a quebrar as regras.
"Estamos preocupados em criar pontes. O desporto pode ser utilizado para promover a paz... mas o que não queremos é ter a FIA como plataforma para questões de agenda pessoal e privada", explicou Ben Sulayem.
"Vamos desviar-nos do desporto. O que é que os pilotos fazem melhor? Pilotar. Eles são tão bons nisso, e fazem o negócio, fazem o espectáculo, eles são as estrelas. Ninguém os impede. Há outras plataformas para que possam expressar o que quiserem. Todos têm isto e são muito bem-vindos para passar pelo processo da FIA, para passar por isso", acrescentou.
Lewis Hamilton e Sebastian Vettel estão entre os pilotos mais mediáticos que defenderam publicamente várias causas em temporadas recentes.
Hamilton manifestou-se pelos direitos humanos e pela igualdade racial, ao mesmo tempo que abordou os direitos LGBTQ+ em países conservadores como a Arábia Saudita, que realizou duas corridas desde 2021.
Já Vettel, que se retirou da competição no ano passado, destacou temas como os direitos LGBTQ+ e as alterações climáticas.
Ben Sulayem rejeitou que a FIA esteja a tentar condicionar os pilotos, garantindo que pretende "melhorar e limpar" o desporto.
"Eu também defendo determinados valores, mas isso não significa que use a FIA para o fazer. Acredito que a FIA deve ser neutra. Precisamos que as nossas estrelas façam a modalidade. Se há algo, pedem permissão. Se não, caso cometam qualquer outro erro, é como conduzirem em excesso de velocidade no pit lane. Se o fizerem, é muito claro o que recebem", sublinhou o dirigente.