Nádia Gomes é um nome ainda desconhecido para a generalidade dos portugueses. A avançada emigrou aos 10 anos para os Estados Unidos e teve presença esporádica nas seleções jovens portuguesas, nomeadamente na categoria sub-19, tendo disputado vários jogos de qualificação para o Campeonato da Europa, em 2014.
Após vários anos no campeonato universitário com as cores dos BYU Cougars (Utah), Nádia entrou para o 'draft' da NWSL, principal liga feminina norte-americana, e foi escolhida na segunda ronda pelo poderoso Orlando Pride, de Alex Morgan, Marta e companhia. Por essa altura recebeu a primeira convocatória de Francisco Neto para a seleção principal portuguesa, que ia na época participar no prestigiado torneio Algarve Cup de 2018 - estreou-se a marcar no encontro de atribuição do 3.º e 4.º lugares da competição, frente à Austrália (2-1).
Do draft à Seleção
Aos 21 anos, a jovem avançada vivia o sonho entre clube e Seleção, mas... desapareceu do radar. Esteve cinco anos sem competir e as razões são simples de explicar.
Sem conseguir afirmar-se em Orlando, Nádia regressou a casa com a ideia de terminar o curso. Pelo meio recebeu uma chamada de Vlato Andonovski, então treinador do OL Reign, com um convite para fazer um teste no clube e a mudança só não aconteceu por uma única razão: gravidez.
Os cinco anos sem jogar
Em 2019, Nádia deixa o futebol de lado para dedicar-se em exclusivo ao nascimento do filho e coloca como meta regressar à competição no ano seguinte. No entanto, essa vontade acabou atraiçoada pela pandemia mundial de COVID-19. Mas o amor não desapareceu.
"Questionei-me muitas vezes se ainda poderia jogar futebol de alta intensidade, pois já passaram cinco anos... Mas eu só pensava em voltar. Era isso que eu mais queria", disse recentemente Nádia Gomes aos meios noticiosos norte-americanos.
Sem descurar a forma física, Nádia manteve uma rotina diária de treino até que apareceu no seu horizonte a USL W League, uma competição direcionada para a transição entre futebol universitário e profissional nos Estados Unidos. A oportunidade para a avançada reencontrar-se com o futebol. E que belo reencontro.
O regresso em grande
A internacional portuguesa convenceu os San Francisco Glens SC a oferecerem-lhe uma oportunidade e no primeiro jogo mostrou que o talento não tinha desaparecido. Agora, finda a primeira temporada desde o regresso, Nádia não podia estar mais feliz com o que alcançou em 2023. O reconhecimento chegou através do prémio de Jogadora do Ano da USL W League.
"É relamente muito bom. Procurei encaixar-me desde o primeiro dia e, felizmente, estou aqui, a fazer aquilo que mais gosto. Ainda posso aprender muito com elas (companheiras de equipa)", assumiu.
Com 16 golos e oito assistências, a capitã dos San Francisco Glens SC ajudou a sua equipa a sagrar-se campeã campeã da Conferência Oeste e a chegar às meias-finais da USL W League. Agora chegou (de novo) a Seleção portuguesa. Mais um reencontro feliz.