Mais

Râguebi: NRL ameaça desertores do Rugby 360 e agentes com suspensões de dez anos

Peter V'Landys e Andrew Abdo recorrem a medidas de peso para travar o avanço do Rugby 360
Peter V'Landys e Andrew Abdo recorrem a medidas de peso para travar o avanço do Rugby 360PAUL KANE / GETTY IMAGES VIA AFP

A Comissão Australiana de Rugby League (ARLC) agiu de forma decisiva esta quarta-feira, perante a ameaça ao seu talento apresentada pela liga dissidente R360, prometendo suspensões de dez anos a quaisquer potenciais desertores.

Liderada pelo antigo centro da seleção de Inglaterra, Mike Tindall, a R360 tem lançamento previsto para 2026 e, segundo a comunicação social, está a preparar propostas milionárias para jogadores de topo, tanto do rugby union como do rugby league.

A ARLC afirmou que qualquer jogador da NRL que negocie ou assine um acordo com uma "competição, liga ou organização de futebol não reconhecida pela ARLC como federação desportiva nacional" será banido por uma década.

O comunicado refere ainda que qualquer agente de jogadores registado na NRL que "represente, auxilie, aconselhe ou atue em nome de um jogador em qualquer capacidade" relativamente a tal liga será igualmente banido por dez anos.

"A comissão tem o dever claro de agir no melhor interesse do rugby league e dos seus adeptos, e tomaremos todas as medidas necessárias para proteger o futuro da modalidade," afirmou o presidente da ARLC, Peter V'landys.

"Infelizmente, haverá sempre organizações que tentam piratear o nosso desporto em busca de ganhos financeiros. Não investem em percursos de formação nem no desenvolvimento dos jogadores, limitam-se a explorar o trabalho árduo dos outros, colocando os atletas em risco de perdas financeiras enquanto lucram para si próprios", acrescentou.

Em comunicado, o co-CEO da R360, Mark Spoors, afirmou que a liga já antecipava resistência.

"A história mostra que, quando os atletas têm liberdade de escolha e surgem novas oportunidades para eles e para as suas famílias, surgem também ameaças a esses desportistas", afirmou.

"A R360 pretende dar poder aos jogadores, proporcionando-lhes, aos amantes do râguebi e à próxima geração de adeptos, novas oportunidades e plataformas para desfrutar do desporto que todos adoramos. Sabemos que há muito interesse em perceber melhor a série global que estamos a construir. Mantemos o nosso plano e esperamos partilhar e debater os detalhes nos próximos meses", acrescentou.

A ameaça da R360 parece ter unido o rugby league e o rugby union de uma forma rara desde a cisão em dois códigos devido à profissionalização, em 1895.

As federações de râguebi da Nova Zelândia, Austrália, África do Sul, Irlanda, Inglaterra, Escócia, França e Itália emitiram este mês um comunicado conjunto a determinar que os jogadores que desertassem para a R360 ficariam inelegíveis para as seleções nacionais.

As federações referiram que a R360 não apresentou qualquer indicação sobre como pretende gerir o bem-estar dos jogadores ou de que forma a competição coexistiria com os calendários internacionais e domésticos do rugby union.

A R360 respondeu dizendo que pretende trabalhar dentro do calendário global já existente do rugby union e que aliviar a carga de jogos dos atletas é uma das principais razões para a criação da série global.

A liga espera criar oito equipas masculinas e quatro femininas, que irão competir num formato de temporada condensada, em eventos ao estilo de grande prémio, por todo o mundo.

Não houve resposta imediata a um pedido de comentário feito à R360 esta quarta-feira.