O número um do mundo, Alcaraz, derrotou Djokovic por 1-6, 7-6 (8/6), 6-1, 3-6 e 6-4 na final de Wimbledon, este domingo, ao fim de quatro horas e 42 minutos de ação ininterrupta no Court Central.
O resultado impediu a tentativa de Djokovic, de 36 anos, de celebrar um recorde de oito título do All England Clube e a conquista do 24.º Grand Slam.
Questionado sobre o que torna Alcaraz, de 20 anos, uma ameaça tão grande, o sérvio explicou que o espanhol conseguiu imitar as suas armas, assim como as de Federer e Nadal - o Big Three do ténis que, entre si, têm 65 títulos do Grand Slam.
"Acho que, basicamente, ele tem o melhor dos três mundos. As pessoas têm falado, nos últimos 12 meses, que o seu jogo consiste em certos elementos do Roger, do Rafa e de mim próprio. Eu concordo", afirmou Nole.
Elogiando Alcaraz pela "mentalidade de um touro espanhol competitivo", Djokovic vê semelhanças com o seu espírito de luta e também com a "defesa incrível" de Nadal.
Os backhands de Alcaraz saíram diretamente do livro de Djokovic.
"Esse tem sido o meu ponto forte durante muitos anos. Nunca joguei contra um jogador como ele, para ser sincero. O Roger e o Rafa têm obviamente os seus pontos fortes e fracos. O Carlos é um jogador muito completo. Tem uma capacidade de adaptação espantosa, que penso ser a chave para a longevidade e para uma carreira de sucesso em todas as superfícies", admitiu.
"Difícil de aceitar"
Imediatamente após a sua derrota no domingo, Djokovic encheu Alcaraz de elogios. Ainda no mês passado, Djokovic derrotou o espanhol nas meias-finais de Roland Garros, quando o espanhol cedeu às cãibras provocadas pelo stress de enfrentar o rival.
No entanto, Alcaraz já venceu Djokovic duas vezes em três encontros, com a primeira vitória a surgir na terra batida do Masters de Madrid no ano passado.
"Que qualidade no final do encontro quando tiveste de servir (para ganhar). Conseguiste fazer grandes jogadas numa situação complicada e mereceste completamente (o título). É difícil de aceitar quando se está tão perto", disse o sérvio durante a cerimónia de entrega de troféus no court.
Apesar da primeira derrota no Court Central em mais de 10 anos, Djokovic, que ganhou os quatro títulos anteriores em Wimbledon, insistiu que ainda tem o desejo de continuar a perseguir mais troféus nos Majors.
"Fui abençoado com tantos jogos incríveis ao longo da minha carreira. Estou muito grato. Perdi com um jogador melhor e tenho de seguir em frente mais forte", afirmou depois de ver terminada a série de 34 vitórias consecutivas no torneio.
Prosseguiram os elogios a Alcaraz, que tem agora dois títulos do Grand Slam depois de ter vencido o Open dos Estados Unidos no ano passado, e dois títulos em relva em apenas quatro torneios na superfície.
"Pensava que só teria problemas com ele em terra batida e no piso duro, mas não na relva, mas agora a história é diferente", disse o sérvio, que se desfez em lágrimas quando se dirigiu ao público.
"Acho que quando todas as emoções estiverem resolvidas terei de estar muito grato. No passado, ganhei aqui muitos jogos apertados e renhidos, para citar alguns: o de 2019 contra o Roger (Federer). Talvez devesse ter perdido algumas das finais que ganhei, por isso talvez isto seja justo", apontou.
A derrota colocou um ponto final nas esperanças de Djokovic em conquistar o primeiro Golden Slam - vencer todos os Majors num ano - do quatro masculino desde 1969, visto que este ano ganhou os Opens de Austrália e França.
O último homem a conseguir a conquista, Rod Laver, elogiou os dois tenistas.
"Carlos Alcaraz... encontraste definitivamente o teu ritmo na relva este verão, um feito espantoso contra um dos maiores campeões de sempre: Novak Djokovic. Tenho a certeza de que haverá muitas mais batalhas magníficas entre vocês os dois", escreveu o australiano no Twitter.