Jogadores enfrentam "tortura mental" em Wimbledon, diz psicólogo desportivo

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Jogadores enfrentam "tortura mental" em Wimbledon, diz psicólogo desportivo

Wimbledon começa na segunda-feira e decorre durante 13 dias
Wimbledon começa na segunda-feira e decorre durante 13 diasReuters
Os jogadores casuais dos clubes de ténis conhecem muito bem os nervos paralisantes que podem arrancar a derrota das garras da vitória, mas estão em boa companhia, pois até os jogadores de elite em Wimbledon sofrem "tortura mental", segundo um psicólogo desportivo.

Os relvados do All England Club serão o centro das atenções do mundo do ténis durante os próximos quinze dias, quando os melhores jogadores do mundo lutarem entre si e, muitas vezes, contra os seus próprios demónios psicológicos.

A história está repleta de famosos "engasgamentos no ténis" - jogos em que um jogador parecia estar em total controlo, mas em que foi vencido pela tensão quando estava prestes a atravessar a linha da meta.

A falecida Jana Novotna derramou lágrimas depois de o seu jogo se ter desmoronado na final de Wimbledon, em 1993 contra Steffi Graf, quando estava prestes a ganhar o título, mas foi atingida pelos nervos.

Nem mesmo a grande Serena Williams ficou imune, perdendo para a checa Karolina Pliskova depois de estar a ganhar por 5-1 no terceiro set dos quartos de final do Open da Austrália de 2019.

Quem poderia esquecer a final do Open de França de 2004, quando os argentinos Gaston Gaudio e Guillermo Coria se deixaram dominar pela insegurança e pela tensão ao longo de cinco sets nervosos, tendo ambos desperdiçado posições de vitória até que Gaudio finalmente triunfou.

A edição deste ano de Wimbledon irá, sem dúvida, dar mais exemplos e ninguém deve ficar surpreendido, de acordo com Katie Mobed, que tem ajudado vários atletas britânicos na abordagem mental. Segundo ela, o ténis é o desporto mais desafiante do ponto de vista emocional.

Desafios únicos

"Há uma série de desafios únicos que os jogadores de ténis de elite têm de enfrentar. O jogo é de natureza gladiadora, sem lugar para os jogadores se esconderem e sem companheiro de equipa ou treinador para ajudar a desviar a pressão", afirma Mobed.

"Exige resistência e força imprevisíveis durante um período de tempo indeterminado e o sistema de pontuação único transforma cada jogo numa disputa de grandes penalidades", explicou.

Mobed, que participa na campanha "Connection Fuels Champions" da Vodafone, afirma que o tempo de reflexão entre pontos e jogos pode minar a confiança de jogadores como os atuais campeões Novak Djokovic e Elena Rybakina.

"Eles estão a enfrentar o que se pode descrever como tortura mental. Os jogadores de ténis provavelmente só jogam ténis por apenas 10 minutos em cada hora que estão em campo", afirmou.

"O resto do tempo é entre os jogos, entre os sets, nas mudanças de campo, onde estão sozinhos com os seus pensamentos", prosseguiu.

O britânico Andy Murray, ex-número um do mundo, conhece muito bem a bagagem emocional que os jogadores de ténis podem carregar, tendo perdido quatro finais do Grand Slam antes de finalmente ultrapassar a linha no Open dos EUA de 2012.

O seu primeiro título de Wimbledon, um ano mais tarde - pondo fim a uma espera de 77 anos por um campeão britânico masculino - foi de uma tensão nauseabunda num Centre Court sufocante.

Tendo em conta a grande expetativa que o britânico tem tido em Wimbledon ao longo dos anos, Mobed considera que ele tem lidado admiravelmente com a situação.

"Ele é um exemplo fantástico de alguém que trabalhou arduamente para descobrir a sua força mental", disse ela.