Tribunal da Indonésia decreta prisão para polícia após tragédia em estádio

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Tribunal da Indonésia decreta prisão para polícia após tragédia em estádio

A tragédia no Estádio de Kanjuruhan foi uma das maiores da história do futebol
A tragédia no Estádio de Kanjuruhan foi uma das maiores da história do futebolProfimedia
Um polícia foi condenado a 18 meses de prisão esta quinta-feira, por negligência, na sequência de um dos maiores desastres em estádios na história do futebol, ocorrido no ano passado, na Indonésia. As famílias das vítimas criticaram o julgamento, uma vez que dois outros polícias foram colocados em liberdade.

A tragédia, ocorrida no ano passado na cidade de Malang, resultou na morte de 135 pessoas, entre as quais mais de 40 crianças, na sequência de confrontos após o duelo entre os riviais Arema FC, equipa de Sérgio Silva e Abel Camará, e o Persebaya Surabaya.

No momento em que os adeptos invadiram o terreno de jogo, a polícia disparou gás lacrimogéneo, instalando-se uma enorme confusão com efeitos totalmente adversos.

Agora, o tribunal condenou o comandante da unidade móvel da brigada da polícia de Java Oriental, que considera ter falhado "na previsão da situação que era, na realidade, bastante fácil de antecipar".

"Havia a opção de não disparar (gás lacrimogéneo) para responder à violencia dos adeptos", avaliou o juiz do tribunal de Surabaya, capital de Java Ocidental, enquanto lia a sentença.

O polícia, que já havia negado ter dado ordem aos seus subordinados para dispararem o gás na direção dos adeptos, ouviu tranquilamente a sentença, que lhe atribuiu uma pena inferior aos três anos pedidos pelos procuradores, tendo agora sete dias para intrepor recurso.

Momentos depois, outro dos polícias de Malang, também acusado de ter ordenado a utilização de gás lacrimogéneo, foi ilibado pelo tribunal, que considerou "não terem sido provadas" as acusações, à semelhança do que aconteceu com um terceiro elemento que estava a ser julgado.

Advogado defende que "não há justiça" para as vítimas

Na semana passada, o tribunal sentenciou o responsável pelo comité organizador do jogo e o oficial de segurança a 18 meses e um ano de prisão, respetivamente.

O antigo diretor da empresa que gere o campeonato da Indonésia foi também indiciado como suspeito e continua sob investigação.

"As vítimas disseram que não estão satisfeitas com o veredito. Não há justiça para elas. Isto provou ainda mais que este caso foi manipulado", apontou Imam Hidayat, advogado que representa parte das vítimas, à AFP, alegando que o caso ficou manchado por inconsistências desde o início. "Houve muitas inconsistências, mais valia declararem-nos a todos inocentes"

A tragédia de outubro passado forçou o responsáveis do país a enfrentarem falhas em vários aspectos da organização de um jogo, a qual tem sido prejudicada desde há largos anos por infraestruturas instáveis, má gestão e violência.

O Presidente indonésio, Joko Widodo, ordenou uma investigação e comprometeu-se a demolir e reconstruir o Estádio de Kanjuruhan de acordo com os padrões da FIFA, enquanto um grupo de trabalho que investiga o incidente pediu a demissão do presidente da Federação de Futebol da Indonésia e de todos os membros da direção, algo que estes recusaram fazer.

Gianni Infantino, presidente da FIFA, considerou a tragédia como "um dos dias mais negros do futebol", tendo o Governo do país suspendido todas as competições de futebol. A Liga local apenas foi retomada no mês passado.

A Indonésia prepara-se para receber, entre maio e junho, o Mundial de sub-20, que será disputado em várias cidades do país.