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Verstappen insatisfeito, Mercedes a crescer e muita turbulência para o final da temporada

Grande Prémio de Abu Dhabi, o último da temporada, promete grandes emoções
Grande Prémio de Abu Dhabi, o último da temporada, promete grandes emoçõesAFP
Depois de um ano de supremacia praticamente imperturbável, Max Verstappen saiu do Brasil irritado e com muito a ponderar à medida em que se aproxima mais um fim de semana de emoções fortes no Grande Prémio de Abu Dhabi, o último da temporada.

O bicampeão mundial de Fórmula 1 envolveu-se numa troca de argumentos com Sergio Perez, colega da Red Bull, depois de ter recusado ceder-lhe posição perto do final da corrida em Interlagos, onde acabou também, ainda numa fase inicial, por colidir com Lewis Hamilton, recebendo uma penalização de cinco segundos.

A esta penalização, juntou-se uma de dois pontos na superlicença do piloto neerlandês, que não terá ajudado ao seu estado de espírito depois do pior resultado da equipa desde o Grande Prémio do Bahrain, no arranque da época, em março.

George Russell e Hamilton protagonizaram uma prestação dominante da Mercedes, garantindo o primeiro e o segundo lugar na prova, respetivamente, à frente dos dois Ferraris de Carlos Sainz e Charles Leclerc, o que sugere que a marca alemã terá recuperado dos desafios vividos no início de época, aproveitando bem o momento atual.

Russell conquistou a corrida sprint de sábado, tendo garantido a pole position para domingo, enquanto Hamilton terminou em segundo pela terceira corrida consecutiva, depois de subir desde o oitavo lugar em que ficou após o embate com Verstappen, no início do Grande Prémio.

O neerlandês mostrou-se insatisfeito com o alto nível de degradação e a falta de ritmo do carro, e recusou uma ordem da equipa para ceder o sexto lugar ao colega Checo Perez na volta final. "Ele mostrou quem realmente é", disse o mexicano, logo após a corrida.

Após reunião de emergência, que terminou com aperto de mão entre os dois pilotos, seguiram-se discursos apaziguadores, mas, segundo Timo Glock, a relação já está degradada. "Não é benéfico para o espírito da equipa", defende o antigo piloto. "No próximo ano, Perez vai considerar sobre se apoia novamente Verstappen. Há um ano, fez dele campeão mundial, portanto ele devia ter devolvido o favor, ajudando-o de volta. Não entendo a sua reação. Alguma coisa muito mais profunda deve ter acontecido", sublinhou o antigo piloto.

Sentimento de "vingança" pode ter estado na origem da recusa de Verstappen

Verstappen recusou explicar os motivos que o levaram a ir contra a decisão da equipa, mas, de acordo com alguns media dos Países Baixos, tudo poderá ter sido motivado por um sentimento de "vingança" mantido desde o Grande Prémio do Mónaco, no qual Perez alegadamente bateu de propósito, terminando a sessão de qualificação e comprometendo a corrida do campeão mundial. Aí, Checo partiu de terceiro, à frente de Verstappen, tendo mesmo vencido a prova.

A disputa interna na Red Bull foi tema quente de conversa no paddock, mas o piloto neerlandês ainda visou Hamilton por não lhe deixar espaço suficiente aquando do choque entre ambos.

"É o que acontece... Pensei que, depois do que aconteceu no último ano, tivessemos esquecido tudo e pudéssemos, finalmente, lutar. Pensei "vamos lá ter uma grande disputa", mas ele não teve qualquer intenção de me deixar espaço", atirou, garantindo que faria o que fez novamente, "sem qualquer dúvida".

O britânico, por seu lado, não se mostrou incomodado com as declarações do homem principal da Red Bull. "Sabem como é com o Max", desvalorizou, ciente de que tanto o neerlandês como a Red Bull estavam perante a primeira grande derrota em oito meses.

"O mais importante, para nós, é este resultado. A equipa sabe que agora estamos no caminho certo", acrescentou, admitindo ser um alvo de ataque para Verstappen:

"É natural, quando tens sucesso e determinados números, que passes a ser um alvo. Mas está tudo bem. Não é nada com que já não tenha lidado antes".

Depois de uma corrida caótica, Russell, que em 2009 esteve na fila para pedir um autógrafo a Hamilton, deixou elogios à generosidade do agora companheiro de equipa.

"Aqui estamos... Treze anos depois, como colegas de equipa, juntos nesta caminhada. Os nossos objetivos são claros e temos de trabalhar em conjunto para recolocar a Mercedes no sítio que merece. Temos uma relação boa, honesta e transparente, e estamos aqui para lutar e vencer", vincou.