A cultura vencedora de Didier Deschamps

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A cultura vencedora de Didier Deschamps
A cultura vencedora de Didier Deschamps
A cultura vencedora de Didier Deschamps
AFP
Didier Deschamps tem estado no centro do debate em França desde a sua chegada ao leme dos Bleus em 2012. Muitos criticaram-no, outros sempre o adularam e nunca duvidaram dele.

Mas, na verdade, Didier Deschamps, de 54 anos, vai jogar uma segunda final do Campeonato do Mundo como selecionador francês este domingo. É um feito que só Vittorio Pozzo, Carlos Bilardo, Franz Beckenbauer, Helmut Schön e Mario Zagallo conseguiram no passado. O campeão mundial de 1998 como jogador conseguiu mais uma vez criar uma osmose entre os seus jogadores, um elemento crucial na conquista do título mundial em 2018.

Um savoir-faire (saber-fazer) único no estilo Didier Deschamps. Deve dizer-se que o treinador francês, que comandou AS Monaco, Juventus e Marselha, causou sempre boa impressão onde quer que tenha posto os pés. Uma cultura vencedora única, símbolo do estado de espírito de 1998 e influenciada pelo futebol italiano de Marcelo Lippi.

A força do grupo como doutrina

"Ele gosta de falar com os jogadores, de saber como nos sentimos. Ele tenta sempre encontrar a melhor solução para o equilíbrio da equipa. Tem muita confiança em todos. Isso é um ponto forte dele e temos um grupo que está ciente disso. É por isso que quando ele dá uma ordem ou conselho, nós seguimo-lo", disse Antoine Griezmann pouco antes do jogo contra a Polónia.

O treinador francês respondeu: "Com o Antoine e outros que já cá estão há algum tempo, há uma relação de confiança que se desenvolveu. Isto não me impede de lhe dizer as coisas que não estão a ir na direção certa. Sou um treinador, mas sou também um ser humano. Antoine e os jogadores mais velhos sabem que eu estou lá para eles, para os proteger, mas isso não significa que não tenha que lhes dizer as coisas (negativas ou não) quando tenho que o fazer”.

Os bleus no final do jogo com Marrocos
AFP

O poder das equipas de Didier Deschamps é a coesão do grupo e a força de acreditar no treinador. Os resultados estão lá para provar o sucesso da receita, quer seja com o clube ou com a França. Assim, mesmo que o plano proposto possa dividir a opinião pública, no final, é sempre Didier Deschamps (DD) quem ganha.

Uma constante que continua a aplicar-se neste Campeonato do Mundo de 2022. As escolhas do treinador francês têm sido faladas e criticadas constantemente antes e durante a competição, mas no final DD reproduziu o mesmo resultado que em 2018: chegar à final do Mundial. E está a 90 minutos de silenciar o ruído definitivamente.

O caso de Benzema é o exemplo perfeito para mostrar a doutrina de grupo que o treinador de Bayonne defende. A escolha de manter o mais recente Bola de Ouro de fora do plantel devido a lesão foi obviamente uma decisão preventiva para o jogador, mas também uma escolha para assegurar a estabilidade da união sagrada.

DD colocou o grupo à frente do indivíduo, uma escolha que inicialmente não foi bem recebida por alguns dos quadros da equipa francesa, de acordo com informações recolhidas pelo Flashscore, confirmando o que foi divulgado pela imprensa desportiva francesa algumas semanas antes.

Uma abordagem tática em constante mutação

Neste caso, Didier Deschamps teve de fazer uma escolha difícil, mas não foi a única. De um ponto de vista tático, os planos do treinador francês foram questionados por si próprio no prazo de um mês. Entre o último jogo da Liga das Nações contra a Dinamarca (derrota por 2-0) e o primeiro jogo do Campeonato do Mundo, DD decidiu mudar de novo para uma defesa de 4 homens, enquanto os Bleus tinham jogado com uma linha de cinco durante um ano.

Um bom treinador sabe questionar-se a si próprio e foi isso que Deschamps fez naquele momento. Para esse fim, o treinador convocou para o plantel dos Bleus oito defesas centrais de formação, deixando jogadores como Jonathan Clauss deixados em casa. Decisões semelhantes às tomadas em 2018, quando Lucas Hernández e Benjamin Pavard, jogadores do eixo, foram posicionados nos flancos.

Hoje, apenas Théo, o irmão mais novo de Lucas, que aproveitou a lesão do irmão mais velho na primeira partida para ganhar a titularidade, é um lateral de formação. Koundé, que está habituado a jogar no centro do eixo no Barcelona, atua na lateral direita.

O treinador francês encontrou outra solução para compensar a ausência de Pogba e Kanté e para reequilibrar o meio-campo: fez baixar Antoine Griezmann e reposicionou-o no meio-campo ao lado de Tchouaméni e Rabiot. O truque de magia foi tão simples de encontrar... o jogador do Atlético de Madrid é o jogador mais influente da equipa e certamente da competição, como Leo Messi

Finalmente, a força de Deschamps é saber ler os adversários e encontrar um plano adequado para vencer o duelo. Contra Marrocos (2-0), a França fez o que outros não fizeram ou não estavam dispostos a fazer: deixar a bola para a oposição. Os Leões do Atlas tinham saído vitoriosos dos jogos contra Espanha e Portugal depois de terem menos de 25% de posse. Contra os Bleus, Marrocos teve a bola (60% em toda a partida) e, no final, Didier Deschamps venceu.

Estatísticas do França-Marrocos
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Sorte? É preciso saber provocá-la...

Muitas pessoas falam de sorte ou mesmo de um animal que protege o treinador. É verdade que em certas situações podemos dizer que a sorte está sempre do lado de Deschamps. Os franceses são frequentemente dominados e é preciso que o adversário falhe uma grande penalidade (como Harry Kane) ou que a defesa francesa esteja posicionada na linha de golo (como Koundé contra Marrocos) para evitar que a bola entre.  

No entanto, quando isto acontece ao longo do tempo, a hipótese de qualquer tipo sorte deve ser posta de lado. Didier Deschamps sabe como fazer ganhar as suas equipas e não importa como, o resultado vem antes de qualquer outra coisa. Quer se goste ou não. Este domingo, a França disputa nova final do Campeonato do Mundo e pode voltar a Paris na segunda-feira com três as estrelas na camisola. Três estrelas nas quais teve um papel preponderante. Didier Deschamps. What else?

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