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Análise 11Hacks: O estilo de jogo da Espanha no Mundial-2022

Gavi e Pedri na pressão alta de Espanha diante do Japão
Gavi e Pedri na pressão alta de Espanha diante do JapãoAFP
Pela sua própria natureza, é muito mais difícil definir a identidade táctica de uma seleção do que a de um clube. No entanto, se assistiu a um único jogo de Espanha durante o Mundial-2022, pode provavelmente descrever muito bem o seu estilo de jogo. O Flashscore, com os dados do 11Hacks, traça-lhe a radiografia daquele que pode muito bem ser o próximo adversário de Portugal, caso consiga vencer, hoje, a Suíça.

Na realidade, as principais características de Espanha são bastante óbvias: posse da bola, elevado número de passes, movimento constante e pressão activa num bloco alto. Através do 11Hacks, podemos utilizar a métrica de dados para descrever exactamente o desempenho dos espanhóis nestes pontos, em comparação com as outras seleções presentes no Catar.

As maiores médias de posse de bola no Mundial
As maiores médias de posse de bola no Mundial11Hacks

A última vez que a Espanha teve menos posse de bola do que o seu adversário foi há dois anos. No Catar, a seleção espanhola não tem dado grandes hipóteses ao adversário de conduzir o jogo. A Espanha tem 74,64% de média de posse de bola, à frente da Argentina (68,25%) e Inglaterra (63,33%). No outro extremo estão a Costa Rica, Japão e Polónia, todos um pouco acima dos 30%. Sim, as duas primeiras equipas mencionadas, Costa Rica e Japão, enfrentaram... a Espanha.

O esforço para controlar o jogo reflete-se também no número médio de passes em sequência. Uma sequência é definida como uma posse que é criada por uma ação controlada na bola (ou seja, um passe ou drible) e termina com uma ação defensiva do adversário, um remate ou uma paragem de jogo. Os espanhóis passam a bola com uma média de 6,22 vezes por sequência, significativamente mais do que a Argentina, classificando-se em segundo lugar com 4,84 passes.

Gráfico de passes em sequência
Gráfico de passes em sequência11Hacks

Este estilo de jogo de Espanha reflete-se, por exemplo, no número de contra-ataques. Enquanto França, Brasil ou Portugal vêem-se em situações de rotura cinco vezes por jogo, Espanha tem uma média de... uma.

Pressão e linhas subidas

A Espanha joga com a quarta linha defensiva mais subida do Mundial. Calculámos esta métrica analisando a distância vertical média das ações defensivas activas, que incluem duelos contra o adversário, passes intercetados ou mesmo faltas. A Espanha pára as ações dos adversários a uma média de 51 metros da baliza, apenas comparável com a Alemanha. O Brasil defende um metro mais alto e a Inglaterra nos 54 metros. A média do Mundial é de 45,6 metros.

Distância da linha defensiva em relação à sua baliza
Distância da linha defensiva em relação à sua baliza11Hacks

Só o México conseguiu uma pressão ao adversário com mais intensidade que a Espanha, conseguindo perturbar um em cada cinco passes com a sua intervenção. A Espanha está em sétimo lugar, ao lado de Brasil, Países Baixos e Equador. A média do Mundial é de cerca de 11 passes sem interceção. 

A pressão espanhola não é apenas uma das mais intensas do Mundial, mas também uma das melhores. Se a equipa de Luis Enrique perder a bola na metade adversária, ganha-a de volta em menos de 10 segundos, 28,61% do tempo, apenas atrás da Alemanha e da Argentina.

Percentagem de posses de bola recuperadas em menos de 10 segundos
Percentagem de posses de bola recuperadas em menos de 10 segundos11Hacks

O controlo a meio-campo também se reflete na capacidade da Espanha em ganhar uma elevada percentagem de bolas desviadas. Os espanhóis destacam-se neste capítulo, juntamente com o Brasil, Alemanha e Dinamarca. Se passarmos do meio-campo para o último terço do campo, então a Espanha fica mesmo em segundo lugar, atrás do Brasil.

Não há dúvida de que, nos espaços entre as duas áreas, a Espanha é a equipa mais dominante no Mundial. Mas a questão é como irão atuar no resto do campo, agora na fase a eliminar. Em termos de qualidade das oportunidades criadas e oportunidades concedidas, foram o 10.º melhor ataque e a oitava melhor defesa na fase de grupos do Mundial. Números que são bons, mas não de elite. Por exemplo, no número de passes para a área, onze equipas têm melhores números. E nove em termos de remates.

Como contrariar a Espanha

O Japão deu às outras equipas a receita para forçar os espanhóis a cometerem erros. Logo na primeira parte, com a Espanha a ganhar por 1-0, os japoneses começaram a atacar os passes na zona criativa dos espanhóis, com o objetivo de os colocar sob pressão e alterar o ritmo do jogo. Desde o início da segunda parte, com a ajuda de Mitoma e Doan, saídos do banco, o Japão intensificu os seus esforços e o resultado foi o empate.

Com a pressão no terço final, os asiáticos assumiram a liderança no marcador e, durante o resto da partida, jogaram num bloco baixo, defendendo cuidadosamente e procurando espaços para uma possível situação de contra-ataque. Será que o treinador marroquino Walid Regragui vai tentar fazer o mesmo hoje ou existem outras formas de vencer a Espanha?