O Benfica parte com claro favoritismo. Depois de três longas temporadas a ver o FC Porto e o Sporting a subirem ao mais alto lugar do pódio no campeonato, com as conquistas do título de campeão nacional, a águia acredita que este será o seu ano.
Desde a chegada de Roger Schmidt que as peças do puzzle encarnado parecem ter encontrado o seu lugar. O treinador alemão conseguiu chegar até dezembro invicto, antes da derrota com o SC Braga (0-3), desfrutando assim de uma vantagem confortável na liderança na Liga.
Na atual temporada, em Portugal, nenhuma outra equipa registou tantos turnovers elevados como o Benfica. O que, simplificando, significa que os encarnados têm uma estratégia clara de pressionar alto os seus adversários, no meio-campo ofensivo e mesmo no último terço do terreno. O Benfica já ganhou, por 178 vezes, a posse de bola nos últimos 40 metros do campo.
Olhando às dez principais ligas europeias, só uma equipa regista mais turnovers elevados que os 11,9 de média do Benfica: o Feyenoord, dos Países Baixos, com 12,5.
Restam poucas dúvidas de que o Benfica vai manter esta estratégia no dérbi lisboeta, contra o Sporting, para mais jogando em casa. Porém, os leões de Rúben Amorim não estranham essa pressão. Numa outra métrica defensiva, o Sporting surge exatamente com o mesmo registo do Benfica. E essa métrica centra-se nos Passes por Ação Defensiva (PPDA), ou seja, o número de passes que uma equipa permite ao seu adversário antes de avançar com uma ação defensiva. Normalmente, a equipa com o PPDA mais baixo é aquela que pressiona de forma mais agressiva. E, na Liga, há duas com o valor mais baixo, nos 8,4: Benfica e Sporting.
Para suportarem a forte pressão de um dérbi, tanto Benfica como Sporting vão precisar de precisão no passe. E, olhando aos dados analíticos, ambas as equipas estão confortáveis com a bola, registando mesmo os maiores números de posse de bola em toda a Liga: Benfica com 66,4 por cento de média, Sporting com 64,1 por cento de média.
Normalmente, a posse de bola não é uma estatística assim tão reveladora, uma vez que a posse não ganha necessariamente os jogos. No entanto, olhando a esse dado, percebe-se que Benfica e Sporting dão importância a esse dado, contando com alguns dos jogadores com mais passes com sucesso em todo o campeonato. Na verdade, os seis jogadores com os passes mais bem sucedidos da Liga jogam todos num dos dois grandes de Lisboa.
Finalmente, o Benfica-Sporting será o palco para alguns dos jogadores mais cobiçados do panorama europeu no mercado de transferências. No topo, claro, o melhor passador da Liga, Enzo Fernández, que esteve a um passo do Chelsea. Do outro lado, Pedro Porro, alvo do Tottenham. O lateral-direito internacional espanhol do Sporting conta com o maior número de assistências frequentes do campeonato (5), ao mesmo tempo que registou as assistências mais esperadas de todos os seus companheiros de equipa, com uma média de 3,3. Em suma, os passes de Pedro Porro são, de facto, os mais perigosos para os adversários.
No entanto, em todo o campeonato português, são novamente os jogadores do Benfica que dominam nesse capítulo de assistências esperadas. João Mário, precisamente antigo jogador do Sporting, formado nos leões, lidera essa tabela com o impressionante número de 5,6 assistências esperadas.
Boas notícias, no entanto, para o Sporting: João Mário nunca marcou nem assistiu diante da sua antiga equipa.