Análise: Será Ronaldo um risco? Veja ainda o poderio ofensivo de Brasil e Sérvia

Publicidade
Publicidade
Publicidade
Mais
Publicidade
Publicidade
Publicidade

Análise: Será Ronaldo um risco? Veja ainda o poderio ofensivo de Brasil e Sérvia

Análise: Será Ronaldo um risco? Veja ainda o poderio ofensivo de Brasil e Sérvia
Análise: Será Ronaldo um risco? Veja ainda o poderio ofensivo de Brasil e SérviaAFP
Neste artigo de análise de dados da autoria da 11hacks, esmiuçamos a prestação de Cristiano Ronaldo na Liga inglesa durante a mais recente passagem pelo Manchester United, analisamos a importância de Neymar na formação de Tite e clarificamos a importância que Mitrovic tem nas suas equipas.

O Man. United tinha um problema e chamava-se Ronaldo. Portugal também vai ter um?

Cristiano Ronaldo é, uma vez mais, aquele que mais chama à atenção na equipa portuguesa. Desta vez, não tanto pelas prestações que tem em campo, mas pela entrevista que deu, na qual atacou a equipa técnica do Manchester United. Para além disso, acusou a direção de tentar expulsá-lo do clube. A resposta não tardou a chegar e Ronaldo é, agora, um jogador livre.

A causa principal de tudo isso não são as relações pessoais, mas o seu desempenho em campo. Ronaldo está a envelhecer, a perder velocidade e aceleração, e o jogo do United sofreu com isso. 

Na época passada, CR7 foi um dos avançados menos pressionantes da Premier League. Dos 49 jogadores que jogaram, pelo menos, 1000 minutos, apenas três tiveram menos duelos de pressão que o português. Sim, ninguém esperava que o United ajudasse nesse campo, e há muitas equipas que podem jogar a um nível elevado com um jogador estático, cuja função é posicionar-se a defender o trinco do adversário. Mas, na atual temporada, surgiu um novo problema.

Ronaldo começou a fazer muito menos sprints para dentro da área. Apenas o inglês Kieffer Moore, do Bournemouth, fez menos. Além disso, Cristiano deixa o jogo fluir à volta dele e isso faz com que, depois de ganhar a bola, não esteja numa boa posição. Muitas vezes, fica parado no campo e, se chega à área, é para responder a um cruzamento. Como se dá um golo a um colega de equipa que não está a render o suficiente?

Média de toques dentro da área a cada 90 minutos
Média de toques dentro da área a cada 90 minutosFlashscore

Segundo problema - Ronaldo não consegue rematar numa situação de um contra um. O avançado já não tem a aceleração necessária para se libertar e conseguir um remate nessa situação. Mais nenhum jogador da Premier League precisa de tantas tentativas de remate para marcar um golo. Na época 2022/2023, o madeirense converteu apenas 4% dos seus remates, visto que não conseguiu chegar a zonas perigosas.

Historicamente, Ronaldo foi um dos melhores finalizadores do mundo. Algo que pode explicar este registo negativo é a dificuldade da Liga inglesa, sendo bastante provável que Ronaldo continue a ser importante contra equipas mais fracas. A questão é se, nas fases a eliminar, Portugal terá de encontrar outra referência ofensiva.

Se conseguir a confiança do selecionador Fernando Santos, muitas das atenções estarão centradas em Rafael Leão. E com toda a razão, já que nas duas últimas temporadas, o jovem jogador do AC Milan tem sido o extremo mais dominante na Liga italiana.

Leão cria as oportunidades mais valiosas para os seus companheiros, coloca-se nas posições de remate mais perigosas e a sua contribuição ofensiva no último terço é a mais alta de toda a liga. Além disso, tem uma excelente capacidade de drible e um bom jogo aéreo.

No entanto, não costuma de ter um elevado número de remates de fora da área ou descaídos nos corredores laterais, mas chega com frequência a posições centrais na área.

Cruzamentos para a área na Serie A na temporada 2021/2022
Cruzamentos para a área na Serie A na temporada 2021/2022Flashscore

Rafael Leão tem uma grande visão de jogo dentro de área e procura frequentemente um colega de equipa melhor posicionado em vez de rematar. Isto é demonstrado pela nossa análise de cruzamentos, que mostra que Leão tenta ir para a área frequentemente e a partir daí distribui o jogo para a equipa, cruzando para os espaços junto à marca de penálti ou efetuando um passe mais curto para uma posição melhor. Se Ronaldo não chega a estes espaços com frequência, é um desperdício do potencial de Leão.

Constelação de estrelas ofensivas no Brasil-Sérvia

A partida do Brasil com a Sérvia vai contar com várias estrelas ofensivas de ambos os lados. Escrever sobre o poderio ofensivo brasileiro não é nada de novo. Para termos uma melhor ideia da facilidade com que o Brasil chega à baliza adversária, vamos comparar com as equipas ofensivamente mais fortes da Premier League. O Liverpool tem uma média de 1,9 golos esperados (xG) por jogo e o Manchester City e o Arsenal estão empatados, com 1,85. O Brasil disputou oito jogos neste ano civil, acumulando 24,9 xG, ou 3,11 por jogo.

Uma figura crucial no ataque do Brasil é Neymar, que preenche o campo durante os jogos. Ocupa, principalmente, o papel de número dez no 4-2-3-1 que se torna um 4-2-4 em posse, com Neymar a posicionar-se ao lado de Richarlison na frente. O jogador do PSG também tem tendência a recuar para ajudar na construção, ou ataca o espaço exterior onde os laterais o costumam procurar. É assim que o treinador Tite faz o melhor uso da capacidade de Neymar para criar e finalizar.

Representação gráfica das estatísticas de Neymar esta temporada
Representação gráfica das estatísticas de Neymar esta temporadaFlashscore

Na temporada, Neymar é o extremo mais influente na Ligue 1. Nenhum outro jogador cria mais oportunidades claras de golo para os companheiros. O brasileiro tem 38% de hipóteses de assistir em cada jogo, mais 13% que o segundo classificado, Franck Honorat, do Brest. Neymar lidera ainda nos passes para trás da linha defensiva, com quase seis por jogo. O segundo, Adam Ounas, regista apenas 3,5 por jogo.

O número 10 também tem 40% de probabilidades de marcar um golo, mais uma estatística em que lidera na competição. Karl Toko Ekambi, do Lyon, e Martin Terrier, do Rennes, estão em segundo lugar com 37%.

Neymar é o finalizador mais dinâmico e que converte a maior percentagem de remates - se remata à baliza, 35% das vezes dá golo. Mais uma vez, outra comparação: para um jogador estar no top 10 desta métrica, precisaria "apenas" de 25%.

A capacidade de criar e converter oportunidades é uma das principais características da equipa de Tite, com Richarlison, Raphinha, Vinícius Júnior, Gabriel Martinelli, mas também Gabriel Jesus, um dos avançados mais criativos do mundo.

Sérvia sem Mitrovic pela primeira vez

O sérvio Dragan Stojkovic é um dos selecionadores que tem de lidar com os problemas físicos dos avançados durante o Mundial. O tradicional triângulo ofensivo composto por Mitrovic, Vlahovic e Tadic estará, provavelmente, refém de Aleksandar Mitrovic no onze inicial contra o Brasil.

O avançado do Fulham marcou 43 golos no Championship na época passada, estabelecendo um novo recorde na competição. Durante a época, registou 180 remates, 149 dos quais dentro da área e 21 a partir da pequena área.

Mostrou grande variação na finalização, marcando 22 golos com o pé direito, 12 com a cabeça e nove com o pé esquerdo. Demonstrou também grande habilidade de finalização - marcou mais sete golos do que a média de um jogador na sua posição, segundo os modelos matemáticos.

Mas, como tinha marcado apenas 14 golos em 64 jogos pelo Fulham na Premier League, os especialistas não depositavam muitas esperanças em Mitrovic antes do início da temporada.

Foi um grande estudo sobre como utilizar dados e estatísticas para prever resultados futuros. A análise da 11Hacks mostrou que não há razão para que a Mitrovic só tenha sucesso no Championship.

Numa grande amostra de dados (um fator chave para a análise de dados), o seu número real de golos comparava-se com as projeções matemáticas, já que Mitrovic coloca-se em boas posições de remate, usa bem a cabeça e os dois pés, e tem oportunidades mesmo em equipas que criem pouco. Chegou ao Catar como o quinto melhor marcador da Premier League, com 9 golos em 1022 minutos de jogo, e, se estiver em forma, pode ser tão perigoso como demonstrou em Inglaterra.