- Para começar, o ouro de Álvaro Martín nos 20 km de marcha. Não podia ser melhor.
- Estou muito contente por ele e pelo atletismo espanhol. Ele merece-o. É um exemplo do nosso potencial histórico nesta prova. É sabido que os espanhóis adoram caminhar. Espero que este grande êxito seja o prelúdio de um grande Campeonato para os nossos atletas.
- Qual é o número realista de medalhas que se pretende alcançar?
- Com a que já temos, vou dizer mais duas. No total, portanto, três. Katir, Mechal ou García Romo podem perfeitamente aspirar a um lugar no pódio.
- Em Espanha, há uma "medalie", ou seja, damos demasiada importância às medalhas e pouca aos lugares de finalistas?
- Sim, é difícil compreender o atletismo. Por vezes parece que se não subirmos ao pódio não existimos e isso não é fácil de conseguir.
- Quem é a estrela do atletismo espanhol neste momento?
- Mohamed Katir. É o campeão europeu de 5000 metros, fez menos de 3:30 nos 1500 metros. É um fenómeno. Mas o homem do momento é, sem dúvida, Álvaro Martín. O que ele conseguiu é impressionante.
- Quem poderá ser a "revelação" em Budapeste?
- Talvez uma das saltadoras em comprimento: Fatima Diame, Maria Vicente ou Tessy Ebosele. Penso que uma delas poderá ser uma surpresa.
- Em termos gerais, quem pensa que serão os protagonistas?
- O norueguês Warholm nos 400 metros barreiras, penso que pode bater o recorde do mundo. É difícil escolher apenas um nome, mas aposto nele.
- Noah Lyles, o americano, disse que quer três ouros (100, 200 e 4x100) e bater o recorde mundial de Usain Bolt nos 200 m (19,19). É arrogante da parte dele ou acha que é possível?
- Ele é um atleta puro dos 200m, acho que tem mais dificuldade nos 100m. Vejo-o com mais hipóteses nos 400 m. Em todo o caso, o que ele pretende é uma proeza. Não o excluo, mas o recorde de Bolt é impressionante.
- O norueguês Ingebrigtsen voltará a dominar os africanos na distância média?
- Penso que sim. Vejo-o a ganhar o ouro nos 1500 metros e nos 5000 metros vai ter muita concorrência dos etíopes. Se não for uma corrida muito rápida, poderá ganhar o duplo ouro. Se os africanos marcarem um ritmo abaixo dos 12:50, ele pode sofrer mais.
- O que pensa do papel da ex-atleta Salma Paralluelo como futebolista e acha que o seu passado atlético está a influenciar o seu desempenho?
- O que a Salma está a fazer é extraordinário. Acho incrível como ela consegue jogar futebol tão bem. O atletismo deu-lhe uma boa base, mas tecnicamente ela é muito boa no futebol. Perdemos uma boa atleta, mas o desporto ganha. Estou muito feliz por ela estar a sair-se tão bem.