Filipe da Silva, que enquanto jogador representou a seleção portuguesa e em Portugal alinhou no CAB Madeira e na Oliveirense, trabalhou com o jovem francês nos escalões de formação dos franceses do Nanterre e não tem dúvidas sobre o potencial de Wembanyama.
“As expectativas que existem em redor dele aconteceram com poucos jogadores na NBA, como os casos de Michael Jordan, Kobe Bryant, Shaquille O'Neal ou Lebron James. É um jogador com potencial e talento para mudar a NBA”, disse em declarações à Lusa o antigo base.
Wembanyama, de 19 anos e 2,21 metros, jogou esta época no Metropolitans 92, equipa da principal divisão do basquetebol francês e estreou-se em novembro pela seleção francesa então com 18 anos, tendo conseguido 20 pontos e nove ressaltos, em menos de 23 minutos e meio, num triunfo na Lituânia.
O poste começou na formação do Nanterre e jogou depois no ASVEL, antes de chegar aos Metropolitans 92, seguindo agora rumo aos Estados Unidos.
O técnico luso-francês Filipe da Silva, que representou também diversos clubes em França, trabalhou com Wembanyama no Nanterre, numa altura em que tinha a responsabilidade do trabalho de desenvolvimento dos talentos do clube.
“É muito avançado e inteligente desde a formação, tem uma maturidade fora do comum. Comecei a trabalhar com ele quando o Victor tinha 15/16 anos e já estava a começar a treinar na equipa principal. É um jogador que assimila muito rápido a informação e que coloca logo em prática no jogo o que trabalha nos treinos”, salientou.
Para Filipe da Silva, agora adjunto do Nanterre e que já sabe que em 2024 vai assumir a liderança da equipa, o facto de os San Antonio Spurs, liderados pelo experiente Gregg Popovich, terem ficado com a escolha número um do ‘draft’ este ano foi uma sorte para o jovem francês.
“É preciso que tenha tempo para crescer e se ambientar à NBA. Todos tinham esperança que fosse para os San Antonio, liderados por um treinador experiente e que deixa crescer sem pressão. Acho que até se vai adaptar rápido e ter sucesso, mas as cargas na NBA são diferentes, ao nível de jogos e treinos, e isso necessita de tempo”, explicou.
O técnico, de 43 anos, lembrou ainda que os Spurs já contaram com vários franceses na franquia, como Tony Parker ou Boris Diaw, e acredita que Wembanyama vai demonstrar pelo “talento, envergadura e inteligência” que é um jogador diferente.
“É uma espécie de três em um, com o jogo exterior de Durant, a envergadura do Giannis e a inteligência do Jokic. Vai mudar a maneira de jogar na NBA, como aconteceu com o Curry com os seus lançamentos de muito longe, e causar problemas aos adversários na maneira como o devem defender, numa liga com menos ajudas e mais espaço”, vaticinou.
Filipe da Silva elogiou a capacidade técnica e de drible de Wembanyama, apesar da envergadura, e revelou que o jogador está feliz por jogar nos Spurs, dando como certa que a escolha como número um recairá sobre o francês.

“Era a equipa que ele queria, o sonho dele e aconteceu. Tem potencial para ser uma lenda na NBA e vai querer levar a equipa ao sucesso e aos lugares cimeiros, pois tem uma mentalidade vencedora”, frisou.
Esta é a terceira vez que os Spurs vencem a lotaria do ‘draft’, sendo que nas duas ocasiões anteriores selecionaram David Robinson em 1987 e Tim Duncan em 1997, membros fundamentais da dinastia que conquistou cinco títulos da NBA.
O ‘draft’ vai decorrer na quinta-feira, em Brooklyn, e para além de Wembanyama, nomes como o base Scoot Henderson ou o extremo Brandon Miller são apontados às primeiras escolhas.