Alguns dizem que a ausência de bebidas alcoólicas nos estádios e a sua disponibilidade limitada noutros locais do país árabe tem prejudicado a atmosfera dentro e fora dos estádios. Outros dizem que não fez diferença ou até a melhorou, tornando-a mais familiar e menos agressiva, e querem-na replicada em futuros Mundiais.

A venda de álcool nos estádios foi proibida dois dias antes do torneio, numa reviravolta política, embora esteja disponível nas fan zones e na maioria dos hotéis internacionais. "(A proibição) trouxe alguma positividade ao Campeonato do Mundo. A conduta dos adeptos tem sido muito boa e simpática porque eles não têm álcool. "Se continuarmos com isto, o torneio pode continuar a ser bem sucedido de cada vez", disse Assenso Ata Peter adepto do Gana.

Mike e Luke foram ao Catar ver a surpreendente Austrália e apenas puderam ingerir água e refrigerantes enquanto assistiam ao jogo entre a Coreia do Sul e Portugal, no Education City Stadium. "É difícil, é duro (estar sem álcool), isto diminiu definitivamente o ambiente, não é tão... é diferente", disse Luke. "É mais uma atmosfera famíliar do que de festa. Temos famílias, crianças, e são eles que apoiam", acrescentou Mike.

Kang Yong-ki, que assistiu ao mesmo jogo, opinou: "Suspeito que parte da atmosfera seria mais intensa se houvesse álcool, mas geralmente não é muito diferente com ou sem álcool. Mas é claro que isso é bom para as famílias".

A maioria dos adeptos com quem a AFP falou disse que a proibição não fazia diferença porque não bebem álcool ou porque nunca foi permitido nos jogos futebol do seu país.

"Não quero saber, só estou aqui para ver Cristiano Ronaldo", disse "Amanda" do Líbano, que preferiu não revelar o seu verdadeiro nome. "Não sei porque é que o mundo está a dar tanta importância a isso".

"Torneio mais diversificado"

Os adeptos ingleses há muito que estão associados a distúrbios provocados pelo álcool. A final do Campeonato da Europa em Wembley, no verão de 2021, entre a equipa da casa e a Itália, ficou manchada pelos hooligans. Entre alguns adeptos ingleses houve excesso de bebida e consumo de drogas.

Kevin Fulcher e Kevin Hall, que viajam por todo o mundo para verem a Inglaterra, disseram que não ter problemas com a ausência de álcool. "Penso que, de certa forma, quando as pessoas bebem, os limites podem ficar um pouco confusos e isso pode criar problemas entre os adeptos de futebol. Enquanto que se estivermos sóbrios, estamos menos propensos a ter confrontos. Ainda não vimos qualquer confronto. Já fomos a outros torneios e penso que este é mais diversificado do que qualquer outro em termos de jovens", disse Hall.

Fulcher acrescentou: "Vêem-se famílias, crianças, já vi bebés nos estádios". A dupla conseguiu identificar nenhuma razão para isso, mas disseram que não se devia necessariamente à falta de álcool.

Mark Roberts, responsável pelo policiamento do futebol britânico, apelidou de "exemplar" o comportamento dos adeptos de Inglaterra e País de Gales no Catar e disse que não tinha havido detenções ou incidentes. "Seria errado atribuir inteiramente o bom comportamento às restrições do álcool, mas penso que ajudou em certa medida", disse em declarações à AFP.