Volta a Portugal: Calcorrear o país não custa quando a missão é apoiar a família

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Volta a Portugal: Calcorrear o país não custa quando a missão é apoiar a família
Pelotão com muito apoio na estrada
Pelotão com muito apoio na estradaLUSA
Na Volta a Portugal, as famílias correm por fora, acumulando quilómetros na travessia do país, para apoiar, apenas que por minutos antes, durante ou depois das etapas, os seus ciclistas, numa dedicação indiferente ao lugar na classificação.

O meu medo é sempre que aconteça alguma coisa, alguma queda que depois limite. Esse é sempre o meu medo, não acontecendo nada, eu estou sempre bem. Porque se sei que o meu marido está feliz, eu também estou”, resume Marta.

A mulher de César Fonte, o líder da montanha, espelha bem o mantra de todas as famílias que acompanham os seus nesta Volta a Portugal; suportam o calor intenso, as deslocações longas apenas para poderem ver, por breves momentos, os filhos, maridos, pais.

Está a ser uma experiência muito boa, muito gratificante por saber que ele está bem. Todos os dias tem terminado as etapas. Era isso que nós queríamos, é que ele terminasse cada dia uma e logo se via depois a próxima”, conta à Lusa a mãe de Francisco Pereira (ABTF-Feirense).

A estrear-se na Volta a Portugal, o jovem de 22 anos está a ser acompanhado pelos pais – que só ‘falharam’ a maratona até ao Sul do país -, com Cristina a revelar que a sua maior preocupação são mesmo as temperaturas elevadas que têm feito sentir desde que a 84.ª edição começou, em 9 de agosto, em Viseu.

Ele não lida assim tão bem com o calor, gosta mais da chuva. Sempre foi habituado a treinar no tempo agreste. Com o calor, às vezes, fica assim um bocadinho mais fraco. É isso que nos custa, é saber que o esforço que ele está a ter é superior por causa do tempo. Mas tem estado bem, ainda agora fiquei feliz ao vê-lo, porque estava tranquilo. Diz que está bem, que lhe doem as pernas, mas que doem a todos”, diz, com um sorriso.

Coração de mãe sofre na Volta, mas sofre menos na estrada do que em casa, como confirma à Lusa Maria José, que já chorou nesta edição, “mas de emoção”, quando o filho Delio Fernández ganhou no alto da Torre e, aos 37 anos, vestiu pela primeira vez a camisola amarela da prova ‘rainha’ do calendário velocipédico nacional.

Seguimos a Volta desde sempre, desde há muitos anos. Venho com esta minha amiga e o seu marido, que foi quem, quando ele era pequenino, o levava às corridas”, conta a mãe do galego da AP Hotels&Resorts-Tavira-Farense, para quem custava “muito mais estar em casa” do que suportar o calor e as longas deslocações: “Isso aguentamos bem. Não é nada difícil… talvez o trabalho emocional é o que mais custa”.

Marta com César Fonte
Marta com César FonteLUSA

Também Marta, uma apaixonada por ciclismo que segue César Fonte (Rádio Popular-Paredes-Boavista) na Volta a Portugal há uma década, garante que “não é difícil” calcorrear o país, sobretudo quando, como este ano, vê que o marido “anda supermotivado, anda superfeliz, sente-se muito bem na equipa e na corrida”.

Claro que gosto de estar presente e gosto de falar com ele, mas também é uma correria, também é uma ilusão pensar que as famílias quando vêm para as corridas passam muito tempo com os atletas. Não passam. Porque não ficamos no mesmo hotel. Às vezes, as pessoas têm a ideia ‘vais com o teu marido, ficam no mesmo sítio’. Não, não ficamos. Eu nem sequer sei, muitas vezes, onde é que o meu marido está. (…) Isto não é um encontro de família, é o trabalho. O César também não vai comigo para o trabalho”, nota a enfermeira.

Ainda a descobrir os bastidores da Volta, Cristina Mota revela que a Volta é “mais impactante” do que as outras corridas e “o ambiente é diferente”, embora aquilo que goste mais é de ver Francisco Pereira chegar ao fim.

O ambiente passa-me um bocado ao lado, gosto de ver as pessoas. Gosto de o apoiar. Gosto de chegar a alguns sítios e por lá o cartaz que a equipa nos forneceu”, enumera, revelando que “está a ser interessante ver miúdos que começaram” o percurso no ciclismo com o filho também no pelotão.

“Esquecemos os quilómetros, esquecemos o gasóleo, as sandes, as despesas…”, conclui visivelmente feliz.