Youssef En-Nesyri, o carrasco de Portugal que virou herói em África

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Youssef En-Nesyri, o carrasco de Portugal que virou herói em África

Youssef En-Nesyri no festejo do golo de Marrocos frente a Portugal
Youssef En-Nesyri no festejo do golo de Marrocos frente a PortugalAFP
O avançado é um herói, não só para Marrocos, mas para todo o futebol africano e, também, para o árabe. O seu golo contra Portugal valeu aos Leões do Atlas o histórico apuramento para as meias-finais do Campeonato do Mundo e, a um "pequeno" passo da final, o seu papel será fundamental para a prestação da seleção marroquina diante de França.

Quando recrutaram Youssef En-Nesyri da Academia Mohamed VI, Manel CasanovaFrancesc Arnau, responsáveis do Málaga, não podiam imaginar que, menos de uma década depois, as prestações daquele jovem o colocariam a um passo da final do Mundial-2022.

Os dois dirigente, já falecidos, viram nele um enorme potencial físico que era necessário polir técnica e taticamente. O seu nível com a bola nos pés, incluíndo em situações de remate, deixava muito a desejar. Mas ambos confiavam que seria possível trabalhar aquele diamante em bruto e não duvidaram em pagar 125 mil euros ao clube de formação com o qual a formação andaluz tinha - e tem ainda - um acordo de colaboração.

En-Nesyri em ação pelo Malagueño, a segunda equipa do Málaga
En-Nesyri em ação pelo Malagueño, a segunda equipa do MálagaMálaga CF

Nos primeiros jogos que realizou, captou desde logo a atenção pela superioridade física em relação a outros jovens da sua idade e não tardou a ser promovido dos escalões de formação, nos quais conquistou a Taça dos Campeões depois de forçar o desempate por penáltis ao marcar um golo no prolongamento.

Dali passou para a filial do clube, na qual brilhou durante uma época antes de dispor das primeiras oportunidades na equipa principal, na LaLiga, pela qual, na temporada de estreia, disputou 15 jogos e marcou um golo

As sensações que transmitia e o futuro que se lhe antevia eram melhores do que aquilo que os seus números e nível refletiam. Ainda assim, o seu país, necessitado de avançados e que já o tinha convocado para os Sub-20 em várias ocasiões, demonstrou crença na sua evolução e convocou-o para a seleção principal que iria disputar a Taça das Nações Africanas no Gabão. 

Então com 20 anos, En-Nesyri esteve mais uma época em Málaga, tendo festejado por quatro vezes nos 25 encontros em que participou. Nunca chegou a ser titular indiscutível e, em alguns momentos, desesperou os adeptos pelos erros que revelava na altura de definir uma jogada.

Recentemente, destacou-se pelo golo de cabeça diante de Portugal, depois de um salto impressionante que o fez tocar na bola a 2,87 metros do chão, seis centímetros abaixo do recorde de Cristiano Ronaldo. Contudo, em Málaga, era raro vê-lo ganhar um lance aéreo.

Apesar disso, foi convocado para o Mundial-2018, na Rússia, durante o qual marcou o seu primeiro golo de cabeça como profissional... contra a Espanha.

Convocatória para o Mundial trouxe valorização

Na Rússia, En-Nesyri só participou num jogo, mas a sua convocatória trouxe-o para a ribalta e fez com que o Leganés pagasse seis milhões de euros pelos seus serviços. Um ano e meio depois, com 13 golos em 49 jogos - incluindo um fantástico momento contra o Barcelona -, o Sevilha entrou em cena e desembolsou 20 milhões de euros pelo avançado.

À medida em que progredia, sempre permaneceu a ideia de que os clubes pagavam mais pelo futuro do marroquino do que pelo seu presente. E a "explosão" chegou na temporada 2020/2021, na qual apontou 18 golos na LaLiga, o seu melhor registo até hoje. Com isto, o Sevilha procurou a sua venda e um bom encaixe financeiro, mas En-Nesyri recusou e, desde então, o seu rendimento, com várias lesões pelo meio, tem decrescido. Tanto que ainda não fez qualquer jogo pela equipa sevilhana na atual edição do campeonato, tendo já sido "brindado" pelos adeptos com apupos. 

Ao avançado, deve ser imputada a culpa por, depois de tantos anos, a sua condução de bola em corrida e o remate não terem melhorado em absoluto e a progressão não ter sido a esperada. O frente a frente perdido com Manuel Neuer aos 87 minutos do jogo diante do Bayern de Munique, para a Supertaça Europeia disputada em 2020, fê-lo chorar e ainda hoje é lembrado. Com 1-1 no marcador e a baliza por sua conta, o golo parecia simples, daria o título ao Sevilha e glória ao avançado. Mas este falhou.

Mal-amado em Sevilha, indiscutível em Marrocos

Apesar de em Sevilha, primeiro com Lopetegui e agora com Sampaoli, a confiança em En-Nesyri ter diminuído, o selecionador marroquino Walid Regragui nunca duvidou das suas capacidades. Para além dos golos que marca - já apontou dois no Mundial-2022 -, o treinador aprecia o poder físico que o jogador imprime na pressão e a forma como complica a tarefa dos defesas que tentam tirar-lhe a bola. Se a isso se juntarem os golos, perfeito, mas, enquanto referência ofensiva, é o seu jogo sem bola que o técnico e os companheiros de equipa mais destacam. 

O momento em que En-Nesyri marcou contra Portugal
O momento em que En-Nesyri marcou contra PortugalAFP

O próximo jogo de Marrocos, contra a atual campeã mundial França, será o mais difícil da carreira de En-Nesyri, mas o avançado parece preparado e sente que foi por isso que se tornou profissional, tendo feito a viagem desde a Academia Mohamed VI a Málaga e deixado para trás a família. Tinha um sonho, como o de Casanova e Arnau, e está a um passo de o cumprir. Levar Marrocos à final de um Mundial seria uma façanha que o elevaría ao altar dos deuses do futebol. Será que o consegue?