Entrevista Flashscore a Javier Balboa: "Quique não contava comigo no Benfica, chegou Jesus e lesionei-me"

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Entrevista Flashscore a Javier Balboa: "Quique não contava comigo no Benfica, chegou Jesus e lesionei-me"
Javier Balboa no Real Madrid
Javier Balboa no Real MadridAFP
Javier Balboa (38 anos) jogou no Real Madrid e no Benfica e foi internacional pela Guiné Equatorial. Em Espanha, jogou também no Racing, Cartagena e Albacete, enquanto em Portugal jogou no Beira-Mar e no Estoril, para lá do Benfica. Teve ainda diversas experiências nas ligas da Arábia Saudita, Marrocos, Grécia e Catar. O hispano-equatoriano falou com José Luis Gual e analisou a situação atual do Real Madrid e do futebol em geral.

- Estreou-se na equipa principal do Real Madrid na época 2005/06, sob o comando de Wanderley Luxemburgo, substituindo David Beckham no Riazor, não é verdade?

- É verdade, é verdade. Em outubro, acho que me lembro, no dia 25. Estava a treinar com a equipa principal há uma ou duas semanas até ter a surpresa da convocatória e da estreia.

- Naquele Madrid galáctico, entrando para o lugar de uma das figuras mais notórias daquele projeto como o inglês.

- O mais representativo da era dos galácticos, não só pelo futebol, mas também pelo que transcendia fora dele. Até hoje continua a ser um ícone e uma referência no mundo do futebol.

- A academia de jovens merengue continua a ser muito importante, tendo produzido muitos futebolistas do mais alto nível. Mas nem todos conseguem fazer carreira durante muito tempo, porque há muita concorrência. Quando se sai de Real Madrid, como é que se recupera mentalmente?

- Há casos diferentes, no meu caso particular tinha cinco anos de contrato com o Real Madrid, no primeiro ganhámos a liga, mas a minha participação foi escassa para aquilo que eu acreditava ou fingia que tinha de jogar. Procura-se uma saída, neste caso com Quique Sánchez Flores no Benfica, que eu já tinha como treinador na equipa de juvenis A do Real Madrid. A realidade é que acabei por não me fixar na equipa, o Quique não contava comigo. Depois chegou outro treinador, Jorge Jesus, que agora treina o Al Hilal, e tive o azar de sofrer uma lesão no joelho. Tudo se torna mais difícil.

- Não sei se está assinado ou não, mas parece que Mbappé vai estar em Madrid na próxima época. Será um Madrid galáctico ou vê as coisas de outra forma?

- Não me parece, porque Zidane, Figo, Ronaldo eram Bolas de Ouro. Aqui não há Bolas de Ouro, à exceção de Modric, que pode não continuar na próxima época. Todos eles vêm com muita fome e com o desejo de tentar conquistar o máximo com o Real Madrid e chegam numa idade muito melhor do que a dos Galácticos. Vai ser uma época melhor, com um futuro espetacular em que cada um é o melhor na sua posição. É uma equipa muito equilibrada e penso que em termos desportivos poderia ser melhor.

Balboa festeja um golo contra o Gabão com a Guiné Equatorial.
Balboa festeja um golo contra o Gabão com a Guiné Equatorial.AFP

- Tem-se dito muitas vezes que o ecossistema, o bom sentimento no balneário, pode ser quebrado. Pelas suas palavras, não acha que isso aconteça?

- Não creio, porque, de facto, se perguntarmos ao balneário, eles ficariam muito satisfeitos com a chegada de Mbappé, pelo impacto que teria no balneário e neles. Não esqueçamos que se trata de um jogo coletivo e que o que interessa é ganhar, se a equipa estiver bem, é bom para todos, em termos de bónus, de impacto e de tudo. Mbappé, sem dúvida, é o melhor para mim neste momento.

- Fala-se muito da possível chegada de Davies, mas você gosta dele?

- Para mim, ele é o melhor lateral-esquerdo do futebol mundial neste momento e tem de vir para cá. Sobretudo pelo que se ouve dizer que ele quer vir e que não renovou com o Bayern e que, se renovar, será um contrato brutal. Tudo indica que seria um golpe brutal na mesa. Hoje em dia mede-se tudo, a intensidade, a velocidade a que se corre, a capacidade de reduzir o esforço, se se está em risco de lesão... E isso torna os futebolistas mais atléticos e temos um plantel com Davies, Militão, Rüdiger, Camavinga, Valverde, Tchouaméni, Bellingham... são os melhores. São jogadores geneticamente privilegiados. Têm 10 anos maravilhosos pela frente em Madrid.

- Neste Madrid vigoroso, com qualidade, Luka Modric já não se enquadra?

- Penso que esta deve ser a sua última época. Merece reformar-se como o que foi, o melhor jogador dos últimos 10 anos no Real Madrid, para além do Cristiano Ronaldo, que está acima de todos. Para mim, tem sido o meu jogador preferido. Esta época sei que está a passar por um mau momento, não parece tão mau como as pessoas o fazem parecer ou com a comparação com Kroos e está a sofrer, não está confortável. Seria o momento de deixar o clube com todas as honras.

- Uma das frases que causou alguma polémica foi quando disse no El Chiringuito que não via Modric e Kroos compatíveis em campo ao mesmo tempo?

- E acho que não me enganei, porque Ancelotti também não os vê juntos. Quando disse essa frase, contextualizei-a, se fosse um jogo entre Real Madrid e Manchester City ou com o Barça não podiam jogar juntos porque a nível físico, quando há transições defensivas, eles têm mais dificuldade em fazer transições defensivas do que Tchouaméni, Camavinga ou Valverde. Podem jogar juntos contra equipas de meio da tabela.

- Ainda há dúvidas sobre o título?

R: Penso que não, porque mesmo que o Real Madrid perca mais um jogo, o que provavelmente acontecerá, o Barça não vai ganhar tudo. A distância ainda é grande, o Barcelona tem a Liga dos Campeões tal como o Real Madrid, mas a nível competitivo, o Madrid tem sempre aquela auto-exigência ou aquele gene diferente dos outros que se vê e que acaba por dar a volta aos jogos. Vai ser difícil para o Barça. O Girona é uma equipa que gosto de ver jogar e está a fazer um trabalho espetacular, mas temos de ver quando tem de jogar para a Liga. Ninguém estava à espera que o Madrid lhes desse um baile no Bernabéu como deu . Essa tensão, esses momentos em que se põe tudo em jogo, é algo a que não estão habituados.

- E na Liga dos Campeões, vê o City como favorito?

- Sim, o City é o atual campeão, tem o tempero do futebol que são os golos com Haaland e De Bruyne regressou, está a um nível espetacular e penso que é um dos melhores jogadores da Europa. Devido à forma como Guardiola joga, o City está muito bem estabelecido e é o grande favorito, sem excluir o Real Madrid e, embora não esteja no seu melhor, o Bayern de Munique.

- Na sua opinião, quem escolheu melhor o fim dos seus dias de jogador, Messi ou Cristiano, a MLS ou a liga da Arábia Saudita?

R: Acho que os dois acabaram quando saíram da Europa. É indiferente identificar quem acaba pior ou melhor, porque quando saem da Europa não saem para competir, saem para se divertir. São dois jogadores que tiveram carreiras muito semelhantes e foram sujeitos às mais altas exigências durante muitos anos e o que fizeram nunca foi feito por ninguém na história. Não vai voltar a acontecer, tem de haver uma série de circunstâncias, praticamente não tiveram lesões de qualquer tipo, jogando 70 jogos por ano, com viagens internacionais. O Messi decidiu ir para lá porque acredita que vai estar muito melhor como família. Cristiano vai para a Arábia porque tem o melhor contrato financeiro alguma vez assinado. Penso que depois de deixarem a Europa, ambos têm a mesma forma de se reformarem.