Entrevista Flashscore a Martin Mantovani: "A Kings League chegou para ficar"

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Entrevista Flashscore a Martin Mantovani: "A Kings League chegou para ficar"
Martín Mantovani com Joan Laporta e Gerard Piqué
Martín Mantovani com Joan Laporta e Gerard PiquéTwitter/mantovanimartin
O antigo capitão do Leganés, Martin Mantovani, foi eleito MVP da final da Kings League, em Camp Nou, na noite de domingo. O defesa-central, que ganhou a competição com a equipa El Barrio, fala em exclusivo ao Flashscore da sua experiência neste novo mundo desportivo criado por Gerard Piqué.

- O Martin já tinha jogado em Camp Nou anteriormente, ao serviço do Leganés. Que diferença sentiu para esse jogo e a final da Kings League?

- Nunca tinha jogado com esta atmosfera. Quando vim com o Leganés estavam cerca de 70.000 pessoas. Obviamente não estava completamente lotado como no domingo. De facto, foi mesmo muito diferente a primeira experiência e esta..

- Uma semana após o "El Clásico", entre Barcelona e Real Madrid, a Final 4 da Kings League ofereceu um espectáculo sem precedentes em Camp Nou. E o público ficou convencido.

- Foi um verdadeiro sucesso a todos os níveis: atmosfera, som, cores. As pessoas divertiram-se muito e, é importante notar, não houve um único insulto, gesto violento ou algo do género. Foi bom ver isso, uma verdadeira atmosfera de festa.

- Para muitas pessoas, foi a sua primeira vez em Camp Nou e este tipo de evento tranquiliza os pais, que por vezes têm medo de levar os seus filhos a um jogo num estádio.

- É verdade que foi um tipo de público diferente, uma audiência jovem, e que ajudou a trazer uma nova geração para o estádio. O que se destaca, na minha opinião, é que mesmo pessoas de Barcelona, que nunca tinham estado em Camp Nou, fizeram-no para ver a Kings League. Acho que isto fala por si e explica também a magnitude desta final 4. Foi espetacular e muito bem organizado e concretizado.

- Como é que o Martin se envolveu nesta aventura?

- Fui contactado uma primeira vez e tive de recusar, porque vivo em Madrid. Voltei a ser contactado depois, pelo Adri Contreras, presidente do El Barrio, e a conversa correu muito bem. E, depois de me ter interessado pela Kings League, decidi ir em frente. Estou encantado com a experiência, foi muito divertido. Chegámos ao top oito e depois qualificámo-nos para jogar em Camp Nou.

- Já tinha marcado dois golos num só jogo, na sua carreira?

- Sim, uma vez com o Huesca na La Liga (no o seu último jogo em La Liga contra o Leganés). Mas sobre o meu segundo golo no domingo à noite, muitos dos meus amigos avançados enviaram-me mensagens de felicitações, não só pelo prémio de MVP na final, mas pela forma como marquei (risos). Não foi uma situação fácil, especialmente para mim, que não estava habituado.

Martín Mantovani marcou duas vezes na final
Martín Mantovani marcou duas vezes na finalTwitter @mantovanimartin

- Obviamente, dado o número de marcas envolvidas e o enorme sucesso desta final, pergunta-se se os jogadores são remunerados para participar nesta Kings League.

- Somos pagos para fazer a viagem e todos os jogadores recebem o mesmo salário, que é de 75 euros brutos. E é tudo. Será um desenvolvimento obrigatório para a Kings League, de qualquer forma, porque os jogadores são os jogadores e porque gera-se muito dinheiro em torno da competição. É inevitável, devido ao tamanho da mesma. Era um novo formato e tudo era claro e transparente desde o início.

- Estará presente para a segunda época?

- Ainda não sei porque vem aí o verão, há a família, as férias... Obviamente quero continuar com esta equipa e com estes parceiros.

- O El Barrio tem afirmado ser a humilde equipa da Kings League. Dada a sua carreira, especialmente como capitão do Leganés, esse facto deve ter sido importante na sua decisão.

- Sem dúvida. Fiquei convencido por essa ideia de bairro operário e humilde. Estamos felizes, especialmente pelo Adri, um tipo muito bom e cuja personalidade se refletiu na forma como jogámos. Formámos um grupo forte e trabalhador, o que nos permitiu ser consistentes e ganhar o torneio.

- No sábado, em conferência de imprensa, Gerard Piqué decidiu mudar uma regra, permitindo que o árbitro penalizasse uma recusa de uma equipa em atacar. O objectivo era que o El Barrio, que se parecia um pouco com uma equipa defensiva, atacasse, e a verdade é que venceu a final por 3-0.

- Na minha opinião éramos a equipa mais consistente, tanto individual como coletivamente. Na véspera da Final 4, havia de facto esta nova regra que, no final, não nos afectou. Olhámos para ela como uma nova aventura.

- O Flashscore esteve com José Juan no estádio, após a sua vitória. Ele venceu o Real Madrid na Taça do Rei, com o Alcoyano, teve grandes emoções, mas disse-nos que sentiu que a Kings League era tão importante como um troféu no futebol 11.

- Penso que haverá um antes e um depois desta Final 4, porque algo de novo aconteceu e está aqui para ficar. A Kings League mostrou a chegada de um novo formato, um modelo diferente. A nível pessoal, e é o mesmo para o José Juan, que vive os seus últimos anos como jogador, foi uma boa maneira de continuar a ter prazer em jogar, de nos mostrarmos à frente de muitas pessoas. Foi muito gratificante.

- Tem 38 anos e tem filhos: conhecia estes streamers tão bem como eles ou era um mundo totalmente novo para si até então?

- Tive de conhecer todos, isso é certo. Mas a minha filha mais velha, que tem 9 anos, já seguia vários, ela sabia quem era quem. Quando lhe mostrei com quem eu estava nesta Kings League, ela nem queria acreditar! Compreendi o que os streamers e os youtubers representam para esta geração. E, para mim, poder jogar em frente de tanta gente, num estádio como este, perante a minha mulher e dos meus filhos, foi ótimo porque eles não tinham podido ver este tipo de eventos durante algum tempo.

- Um aspecto muito surpreendente foi que este evento durou quase oito horas, sem contar com a receção do autocarro, perante uma geração que é acusada de não conseguir estar concentrada em algo durante muito tempo. E todos permaneceram no estádio esse tempo todo.

- Foi um verdadeiro espetáculo e foi fluido, entre as conversas dos presidentes, os jogos, o concerto, a batalha de hip-hop. Não houve tédio, enquanto que num jogo de futebol há esse risco de se ficar aborrecido.

- A diferença notável neste confronto de gerações era que David Villa não era a estrela convidada mais esperada, mas sim... influencers.

- É mesmo um mundo totalmente diferente (risos). Mas este novo mundo já está aqui e no domingo mostrou-se realmente em todo o seu esplendor. Foi bastante reconfortante ver mais de 92.000 pessoas num estádio para ver futebol, pessoas que saíram de lá encantadas com o que viram, especialmente porque o ambiente era ideal para as crianças. Foi uma grande experiência para todos.