A camisola do maior jogador espanhol de basquetebol da história será retirada no jogo dos Lakers contra os Memphis Grizzlies, a equipa onde Gasol jogou nas suas primeiras sete épocas na NBA.

Desde Memphis, Gasol desembarcou nos Lakers em fevereiro de 2008, onde foi fundamental para reativar uma franquia em queda, e acumulou um recorde fantástico ao longo de seis temporadas e mais de 500 jogos.

A sua camisola dourada e roxa subirá ao topo da Crypto.com Arena na terça-feira, ao lado de outras 11 lendas dos Lakers, incluindo Wilt Chamberlain, Earvin "Magic" Johnson, Kareem Abdul-Jabbar, Shaquille O'Neal e o próprio Bryant.

Com Kobe, com quem tinha uma relação "fraterna", estava unido por uma enorme química no campo que impulsionou os Lakers a três finais consecutivas da NBA, mas também um laço emocional que ainda continua através da estreita relação do espanhol com a família da falecida estrela.

"Estou a tentar levar isto pouco a pouco e digerir e compreender que o meu número, a minha camisola, estará lá em cima com aqueles grandes jogadores e nomes da história do nosso desporto", disse Gasol à ESPN.

"E, obviamente, estando ao lado de Kobe, continua a ser emotivo. Estes dois fatores juntos são um cocktail duro", reconheceu o ex-jogador de 42 anos.

Barreiras quebradas

Embora não tenha sido o primeiro espanhol a alcançar a melhor liga do mundo, Pau Gasol foi o primeiro a estabelecer-se como estrela e ajudou a quebrar barreiras e estereótipos em torno dos jogadores europeus. O jogador de Sant Boi (nos arredores de Barcelona) foi durante muito tempo rotulado como um jogador fraco, até mesmo por outras estrelas do campeonato.

Gasol, contudo, superou os preconceitos desde o momento em que foi selecionado como número três no draft de 2001, a posição mais alta para um jogador não formado nos EUA.

Com 2,13 metros de altura e pouco mais de 100 kg, Gasol alcançou o êxito nos gigantes da NBA com uma média de 17,6 pontos e 8,9 ressaltos por jogo na sua primeira temporada, números que lhe valeram o prémio de Rookie do Ano.

Em 2006 desfrutou do primeiro dos seus seis Jogos All-Star e levou a Espanha à vitória no Campeonato do Mundo no Japão, onde foi eleito o Jogador Mais Valioso (MVP).

"Vamos lá para ganhar"

Seis anos após o seu último título ao lado de O'Neal, Kobe já estava então cansado de pedir aos Lakers para lhe trazerem um novo parceiro, ao ponto de pedir para deixar a franquia da sua vida. Os Lakers finalmente responderam assinando com Gasol num mega-negócio que incluía o envio dos direitos do seu irmão mais novo, Marc, para Memphis, e Bryant foi rápido a informá-lo do que esperava de si.

Gasol tinha acabado de chegar ao hotel do campo de treinos dos Lakers, em Washington, quando lhe bateram à porta durante as primeiras horas da manhã.

"Kobe veio ter comigo e disse: 'Estou tão feliz por estares aqui, mas agora vamos sair e ganhar um campeonato'", recordou. "Desde o início ele enviou a mensagem de como isto ia ser e o nível e a mentalidade que eu precisava de ter".

Sob a orientação de Phil Jackson, Bryant e Gasol rapidamente encaixaram e, quatro meses depois, estavam a jogar as finais, onde perderam para os arqui-inimigos Boston Celtics.

A dolorosa derrota deixou Bryant, que se disse que nunca mais ganharia sem O'Neal, e Gasol, cuja dureza e competitividade estavam mais uma vez em questão depois de terem sido ultrapassados pelo feroz Kevin Garnett. A redenção veio apenas um ano mais tarde com o regresso às finais e uma vitória clara sobre os Orlando Magic.

Em 2010 foi a vez do segundo anel de Gasol e da vingança contra os Celtics de Garnett, que esmagou no Jogo 7 com um monumental registo de 19 pontos e 18 ressaltos.

Os Lakers não conseguiram ficar no pedestal depois disso e não voltaram a competir pelo título durante o mandato de Gasol.

O poste partiu em 2008 para os Bulls e depois jogou pelos Spurs e Bucks antes de se retirar, em 2021, no Barcelona, o clube onde cresceu.

A retirada do seu número pelos Lakers pode ser a primeira de outras distinções para o espanhol, finalista do Hall of Fame deste ano ao lado de outros gigantes do basquetebol europeu como Dirk Nowitzki e Tony Parker.