Federações querem Lei adequada à realidade distinta do desporto profissional e amador

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Federações querem Lei adequada à realidade distinta do desporto profissional e amador
José Couceiro, em representação da FPF, foi um dos elementos ouvidos na audição que decorreu no Parlamento
José Couceiro, em representação da FPF, foi um dos elementos ouvidos na audição que decorreu no Parlamento
FPF
As federações de futebol e voleibol defenderam a necessidade de adequar a legislação à realidade distinta entre o desporto amador e profissional, visando a proposta de Lei do novo Regime Jurídico de combate à violência no Desporto.

Na audição, que decorreu no Parlamento, a Federação Portuguesa de Futebol (FPF), que se fez representar por José Couceiro, vice-presidente, Maria Cruz, da área jurídica, e Marco Abreu, da área da segurança, alertaram que a exigência não pode ser a mesma para as competições profissionais e amadoras, sendo que esta constitui a base da maioria da atividade desportiva.

José Couceiro sustentou a ideia de que não é pela via repressiva que se consegue reduzir a violência no desporto, que a educação começa no núcleo familiar e na escola e revelou que a FPF tem um protocolo com 24 escolas do ensino básico, no qual se inicia a atividade física e o desenvolvimento motor das crianças, e que espera para o ano chegar às 500 escolas e nos anos seguintes às 3.800.

Já o responsável pela área da segurança da FPF considerou que a sua preocupação residia no facto de a proposta de Lei nº 44 estar vocacionada para as competições profissionais e que a colagem com as competições amadoras constitui um risco elevado.

"Há requisitos exigidos que os promotores de eventos desportivos amadores não vão conseguir obter em tempo útil", alertou Marco Abreu.

O presidente da Federação Portuguesa de Voleibol (FPV), Vicente Araújo, também pôs a tónica na necessidade de adequar a legislação às diferentes realidades que constituem o futebol profissional e as restantes modalidades, assegurando a sua diferenciação.

"É o momento adequado para o legislador estabelecer a diferente natureza das competições e adequar o grau de exigência em função do risco dos recintos. Há pavilhões, nomeadamente escolares e autárquicos, sem um mínimo de condições", observou Vicente Araújo.

Rogério Macedo, do departamento jurídico da FPV, revelou que, dos 4.100 incidentes verificados na época 2021/2022, mais de 3.800 registaram-se no futebol e no futsal e que apenas 320 aconteceram nas outras modalidades.

"A maioria das medidas de interdição de recintos foram aplicadas no futebol e no futsal, precisamente 271, enquanto o andebol e o voleibol tiveram apenas uma cada, o que é esclarecedor", referiu Rogério Macedo, para quem é "crucial estabelecer a diferenciação entre estádio e pavilhão, cujas realidades são distintas".

Estiveram presentes na audição representantes dos vários grupos parlamentares, João Castro, pelo Partido Socialista, Inês Barroso, pelo Partido Social Democrata, Jorge Galveias, pelo Chega, e Patrícia Gilvaz, pela Iniciativa Liberal, enquanto Alona Vera, do Partido Comunista, e Joana Mortágua, pelo Bloco de Esquerda, que também integram o Grupo de Trabalho da Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto, estiveram ausentes.

Entretanto, vão ainda ser ouvidos, no âmbito do trabalho desenvolvido por esta comissão, a Federação Portuguesa de Basquetebol, a Polícia de Segurança Pública, a Secretaria de Estado do Desporto e a Comissão de Igualdade de Género.

A última reunião da comissão está marcada para 20 de abril e, seis dias depois, os seus membros irão votar cada ponto da nova proposta de Lei – que estabelece o regime jurídico da segurança e combate ao racismo, à xenofobia e à intolerância nos espetáculos desportivos, alterando a Lei n.º 39/2009, de 30 de julho –, que baixará a Plenário em data ainda a definir para aprovação em sede parlamentar.