"No dia 10 de abril, o nosso pai, Orenthal James Simpson, sucumbiu à sua batalha com o cancro. Estava rodeado pelos filhos e netos. Durante este tempo de transição, a família pede que a sua privacidade seja respeitada", pode ler-se no comunicado.

Simpson era um desportista célebre nos Estados Unidos até ser acusado de assassinar a mulher e amigo desta em 1994. Simpson acabou por ser absolvido da acusação de ter esfaqueado Nicole Brown Simpson e o seu namorado Ronald Goldman até à morte em Los Angeles, num dos casos judiciais mais sensacionais do século XX.

Mas a sua vida mudou para sempre; passou de ídolo do desporto a celebridade no exílio antes de ser condenado a 33 anos de prisão por um assalto falhado a um hotel em Las Vegas, em 2007.

Sucessos desportivos

Simpson ganhou fama desportiva a nível nacional quando, como jogador da USC em 1968, ganhou o Troféu Heisman para o melhor jogador universitário do país. Nesse ano, bateu o recorde (na altura) de corridas (1709) e esteve com os Trojans na Rose Bowl. Apesar de fazer 171 jardas e um touchdown de 80 jardas, acabaram por perder com Ohio State. 

Rapidamente se tornou claro que Simpson era jogador mais cobiçado pelas equipas da NFL. Os Buffalo Bills tinham a primeira escolha no draft de 1969 e não precisaram de pensar muito.

Nos anos que se seguiram, Simpson foi escolhido para seis Pro Bowls e, em 1973, tornou-se MVP. Nesse ano, foi também o primeiro jogador a correr mais de 2.000 jardas numa única época, em 14 jogos. A sua média de 141,3 jardas por jogo continua a ser um recorde até aos dias de hoje. 

A perseguição

Depois de nove anos em Buffalo, Simpson jogou mais dois anos pelos 49ers. Em 1985, foi incluído no Hall of Fame do Futebol Profissional. Como comentador, ganhou fama no Monday Night Football e, como ator, causou furor na trilogia The Naked Gun (Aonde É que Para a Polícia, no título em português). No entanto, a 12 de junho de 1994, os Estados Unidos não estavam colados ao ecrã para ver um jogo ou um filme da NFL, mas as imagens de uma perseguição que se tornaram virais em todo o mundo.

Depois de os corpos de Brown Simpson e Goldman terem sido encontrados, a polícia quis falar com Simpson, mas este recusou-se a entregar-se na esquadra. A polícia perseguiu-o no agora icónico Ford Bronco branco conduzido pelo antigo jogador da NFL Al Cowlings. Só na América, 100 milhões de pessoas seguiram a perseguição, enquanto decorriam as finais da NBA. 

Assalto

Por fim, Simpson acabou por se entregar em casa. O julgamento, mais uma vez seguido por todo o mundo, terminou com um veredito de inocência. Foi o início de uma fase turbulenta na vida do antigo atleta. Seguiram-se mais ações judiciais, incluindo a da família de Goldman, o namorado da sua ex-mulher. Simpson foi condenado a pagar dezenas de milhões de dólares em despesas. Até teve de vender o seu próprio duplicado do Troféu Heisman de 1968.

Simpson acabou por ser preso por ter cometido um assalto a um hotel em 2007. Ao fazê-lo, tentou recuperar recordações desportivas que dizia pertencerem-lhe. O tribunal não gostou da ideia e condenou-o a 33 anos de prisão. Em 2017, Simpson foi libertado em liberdade condicional e em 2021 era novamente um homem livre. 

Tudo menos um herói

Simpson foi um desportista excecional, mas será sobretudo recordado pelo que aconteceu depois da sua carreira. A perseguição, entretanto, é mais irónica do que a sua época de MVP, os processos judiciais são mais frequentemente mostrados do que as suas jogadas. Simpson foi marcante, mas vilipendiado, elogiado pelos seus feitos desportivos, mas tudo menos um herói.