Quando Putellas saiu do banco aos 77 minutos do segundo tempo, no sábado, o jogo dos oitavos de final no Eden Park, em Auckland, já estava encerrado, com Bonmatí marcando dois golos e feito assistência para outros dois em uma exibição magistral.

A Espanha está nas quartos de final da Mundial pela primeira vez na sua história, apesar de Putellas ter sido pouco utilizada na Nova Zelândia. A atual detentora da Bola de Ouro e do prémio de Melhor Jogadora Feminina da FIFA foi titular nas duas últimas partidas da fase de grupos. No entanto, não durou mais do que uma hora nessas partidas e, no sábado, foi relegada ao banco de suplentes.

Bonmatí, por sua vez, esteve tão bem quando a Espanha se recuperou de uma derrota com o Japão que o técnico Jorge Vilda foi questionado após o jogo se a médio de 25 anos do Barcelona poderia ser a melhor jogadora do mundo no momento.

Os dois golos que marcou contra a Suíça foram ambos marcados com um toque de primeira, semelhante ao golo que marcou na vitória de 3-0 da Espanha sobre a Costa Rica.

Bonmatí pode não ser uma estrela como Putellas e pode não usar a braçadeira de capitã, mas a pequena número seis é tão líder na equipa de Vilda como é extremamente talentosa com a bola.

"Acho que para mim é algo inato. Gosto de comunicar, gosto de falar e gosto de transmitir esse carácter a toda a equipa", afirmou depois de ter sido nomeada a melhor em campo: "Quando tenho a bola, quando não tenho a bola, quando as coisas estão a correr mal, tento sempre ajudar a minha equipa."

Peça fundamental na equipa do Barcelona que domina o futebol feminino espanhol, Bonmati foi eleita a melhor jogadora da Liga dos Campeões da época passada, que as catalãs venceram pela segunda vez em três anos.

Bonmati idolatrava Xavi Hernández e Andrés Iniesta na infância e hoje joga como esses maravilhosos médios que marcaram o futebol mundial.

Rebelde por uma causa

Mas Bonmatí não se limita a jogar com elegância, é também uma lutadora, algo que lhe foi transmitido pelos seus pais - ambos professores de literatura catalã, lutaram para alterar uma lei em Espanha que obrigava os pais a dar aos filhos o apelido do pai primeiro, seguido do da mãe. Ganharam e a sua filha tem agora o apelido da progenitora.

Bonmatí luta pelos outros fora do campo - quando não está a jogar, dedica o seu tempo livre a trabalhar para uma agência das Nações Unidas para os refugiados em Espanha e exibiu uma t-shirt com a mensagem "Bem-vindos Refugiados" no relvado após a vitória do Barcelona na final da Liga dos Campeões em junho.

Bonmatí foi uma das 15 jogadoras espanholas rebeldes que anunciaram em setembro passado que não queriam ser seleccionadas para a seleção do seu país, num protesto contra a federação espanhola e contra Vilda.

"Queria fazer parte do protesto", disse recentemente ao sítio Web do The Players' Tribune: "Senti que a federação espanhola de futebol precisava de investir mais em nós. Era preciso fazer algumas mudanças se quiséssemos ganhar grandes torneios. Que é o que queremos fazer, caso contrário, qual é o objetivo?".

Mas aceitou voltar ao grupo e foi uma das três rebeldes convocadas por Vilda para o Campeonato do Mundo, dando um grande impulso às hipóteses da Espanha.

"Ela faz coisas que muito poucas pessoas sabem fazer. Ela sabe tocar a bola com o pé direito, com o esquerdo e lê o jogo muito bem", disse a atacante do Real Madrid Athenea del Castillo: "É um privilégio jogar com ela nesta equipa."