"O que vier, agora, é lucro", dizem os adeptos do Água Santa, clube que, de surpresa em surpresa, foi deitando pelo caminho clubes como São Paulo e Red Bull Bragantino, até chegar a uma histórica final com o Verdão de Abel Ferreira.

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O sucesso do Água Santa é tal que temia-se o cenário da equipa entrar desfalcada no jogo da segunda mão da final com o Palmeiras, uma vez que vários jogadores já assinaram por outros clubes. Tudo mais sossegado, agora: todos poderão jogar nos dois próximos domingos diante do Palmeiras.

Nunca o clube de Diadema tinha ido tão longe na sua história de 42 anos. As presenças na Taça do Brasil e na Série D da próxima temporada já estão garantidas - conquistas que colocam o Água Santa num novo patamar.

Inspiração para sonho que segue vivo

A frase na Arena Inamar, casa do Água Santa, parece ter servido de inspiração: "Deus não alimenta um sonho em sua mente que não possa ser realizado".

E o sonho seguirá vivo nos anos seguintes, garante Júlio Rondinelli, executivo de futebol do Água Santa desde setembro de 2020.

"A direção deu-nos liberdade para criar e executar ações de acordo com o planeamento. O crescimento do clube dá-se de forma ordenada. Tivemos apenas dois treinadores desde 2020. Isso fez-nos ter um trabalho consolidado no mercado estadual, atingindo uma disputa nacional em 2024. Temos uma estrutura com profissionais com condições de trabalhar em equipas das Séries A e B do futebol brasileiro", destaca o dirigente.

Profissionais desde... 2011

Chegar à profissionalização, em 2011, já foi um passo gigante do clube, que viveu a realidade amadora nos anos 80 e 90, no ABC Paulista. A presença na elite veio em 2016, depois de três subidas consecutivas, a primeira delas em 2013.

A presença nas divisões profissionais do Água Santa, porém, teve mais baixos do que momentos altos: caiu para a segunda divisão em 2019 e por lá permaneceu. Em 2020 nova queda, antes da subida em 2021. No ano passado, a equipa lutou até final para não descer.

Esta trajetória recente colocou o Água Santa longe dos prognósticos de chegar longe no Paulistão de 2023. Classificar-se foi bom, vencer o São Paulo nas quartos de final foi ótimo, estar na final é... espetacular.

Final de sonho e... férias

Depois da final do Paulista, contra o Palmeiras, o Água Santa não tem mais jogos em 2023. Esta foi uma opção da direção, que poderia optar pela disputa da Taça Paulista. Mas não valeria a pena jogar um torneio que dá uma vaga na Série D e na Taça do Brasil quando o clube já está garantido nas duas competições em 2024.

A prioridade, então, foi outra: focar-se em melhorias estruturais para ter mais hipóteses de bons resultados no próximo ano. A Arena Inamar vai ganhar iluminação artificial, além da construção de um campo de treinos anexo ao estádio.

"A Taça Paulista exige um gasto de 300 mil reais por mês (cerca de 55 mil euros). Vamos usar esses recursos para investir na estrutura. Vamos construir apartamentos que serão usados para estágios, o que vai nos gerar uma boa economia em hotéis. Vamos construir, ainda, um refeitório e uma sala de descanso para os jogadores. Queremos proporcionar mais conforto e uma melhor estrutura", conta Júlio Rondinelli.

Na Taça do Brasil de 2024, o Água Santa deve jogar em casa contra uma equipa de média ou grande na primeira fase. Além da visibilidade, o clube pensa na qualificação para arrecadar uma boa quantia monetária. Ter um estádio em boas condições para a disputa desta competição é... o mínimo para quem sonha mais alto.

Plantel de acordo com a realidade

Apesar de não entrar em campo, a direção vai ter trabalho para formar um plantel este ano. O atual conjunto de jogadores será quase desmantelado após o Estadual, com boa parte dos jogadores já com contratos assinados com outros clubes.

"Esta será uma realidade nos próximos anos. Alguns jogadores terão de chegar após o Paulista, para disputar uma Série D. É necessário que tenhamos atletas com diferentes características. A Série D é distinta do Paulista, vamos precisar de atletas com um perfil lutador. Este é um tipo de torneio que exige, muitas vezes, uma equipa de mais vitalidade e energia do que um plantel técnico e com talento", explica Rondinelli, deixando claro que haverá uma observação mais focada em atletas das séries C e D do Brasileirão, bem como das sérias A2 e A3 do Campeonato Paulista.

As conquistas recentes do Água Santa são dignas de reconhecimento. O trabalho, agora, passa por manter o que foi feito e ir dando novos passos. A luta diária será para evitar que este projeto se torne um castelo de areia, colocando o clube um nível acima do que muitos jamais imaginaram.