Há muito que Alejandro José Hernández Hernández queria dar a sua opinião sobre as questões que têm rodeado o futebol espanhol nos últimos tempos e foi à rádio espanhola para o fazer: "Há nove meses que ando a arder, com muita vontade de falar. Não temos de ser os protagonistas desta história. Depois de nove meses em silêncio, apetece falar porque não temos nada a esconder e eu prefiro falar de forma natural", afirmou.
Uma das questões que levantou foi a dos vídeos transmitidos pela televisão do Real Madrid, que sinalizar as equipas de arbitragem: "No final, acaba por nos atingir. Sou árbitro há 30 anos e isso não nos afeta. Não é o cenário perfeito para a arbitragem, devido à tensão que se gera. Isto afeta o futebol de formação porque faz com que o árbitro pareça um inimigo. Já me disseram coisas ultrajantes e fico sempre irritado com isso", afirmou.
Apesar disso, Hernández Hernández afirma que não se sente desconfortável por apitar jogos dos merengues: "Encaro-o com a mesma naturalidade que os outros, esperando que não haja jogadas cinzentas, pois aí somos sempre uns vendidos. Quero que seja limpo", afirmou. "Não noto qualquer tensão por parte dos jogadores do Real Madrid. É normal que, num determinado momento, o jogador me veja com outros olhos, por isso fiquei incomodado", acrescentou.
"Para mim, o Real Madrid são os seus jogadores, a sua equipa, o seu presidente, que me recebeu com um sorriso .... Não creio que os meus patrões tenham medo do Real Madrid e do FC Barcelona. Gostaria muito de voltar a apitar o Clássico", afirmou.
O Caso Negreira
Hernández Hernández foi muito claro ao falar do "Caso Negreira": "Negreira chamava as equipas promovidas e despromovidas. A partir daí, coincidias com quatro convocatórias dos árbitros e reunias-te com ele durante um minuto, quando te diziam onde estavas classificado. Assinavas o papel e era essa a relação", disse.
"15 de fevereiro. Mudou a vida de toda a gente. O dano que ele criou é irreparável, a coisa mais prejudicial de toda a história para os árbitros. Isso atira por terra a ideia de que éramos um coletivo independente, objetivo, limpo... e ainda acredito que sejamos um coletivo, mas não nos podemos gabar quando alguém da casa trabalhou com um clube e com interesses económicos com esse clube", condenou.