Laporta: "Barcelona não cometeu nenhum crime e pode mesmo ser vítima"

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Laporta: "Barcelona não cometeu nenhum crime e pode mesmo ser vítima"
Joan Laporta com um dos relatórios do caso Negreira
Joan Laporta com um dos relatórios do caso NegreiraAFP
O caso Negreira e o possível envolvimento do Barcelona foi a razão que motivou uma conferência de imprensa de duas horas por parte de Joan Laporta, presidente do emblema "blaugrana", esta segunda-feira. O dirigente defendeu a honra do clube que lidera, insistindo que o "Barçagate" não é um crime de corrupção desportiva e que é tudo uma campanha orquestrada, "um linchamento público sem julgamento".

A conferência de imprensa do presidente do Barcelona foi aguardada com grande expectativa para esclarecer de uma vez por todas porque é que Enríquez Negreira foi contratado por 18 anos, quando era vice-presidente do Comité Técnico de Árbitros, para produzir relatórios sobre os árbitros, pelos quais recebia quantias astronómicas de dinheiro.

Esperava-se ainda que Joan Laporta explicasse de forma tão transparente quanto possível que nenhum destes pagamentos estava relacionado com tentativas de suborno ou de influência sobre as decisões dos árbitros que tinham de dirigir os jogos do campeonato.

A primeira coisa que Laporta fez foi recordar que em "123 anos de história, o Barça tem sido um modelo de fair play dentro e fora de campo, e estamos orgulhosos de ter contribuído não só para o futebol, mas para muitos outros desportos".

"Temos ganho durante décadas graças ao esforço, conhecimento e talento dos nossos jogadores e treinadores, trabalhadores, sócios e adeptos. É assim que o Barça se explica, como uma entidade que reúne valores", acrescentou.

Reforçando que o Barcelona gosta "de ganhar, mas fazendo-o bem" e não "por causa da arbitragem", Laporta vincou pouco afeto por "detratores". "Agora eles estão a voltar para nos desacreditar, mas não vão conseguir. Nunca conseguirão, nenhuma campanha de difamação impedirá o Barça de continuar a ser um clube de referência no desporto mundial e de continuar a ser amado e estimado por milhões de catalães e pessoas em todo o mundo", atirou.

A partir daí, o presidente blaugrana explicou que a área de compliance, encarregada de prevenir e detetar possíveis condutas irregulares na gestão, encomendou uma auditoria a uma empresa externa para ver o que tinha acontecido no caso Negreira. E que as conclusões são muito claras. "O Barcelona não cometeu qualquer crime. O caso Negreira não é um crime de corrupção desportiva. Prestaram-nos um serviço documentado com faturas, com pagamentos por transferência bancária e que tinha passado os respetivos controlos fiscais. É evidente que com a existência destes não há crime de corrupção desportiva. Só em quatro anos, temos 629 relatórios de arbitragem e 43 CD's com vários relatórios. Havia mais, mas foram destruídos após cinco anos", sustentou.

Barça, "a vítima no caso Negreira"

Para o presidente culé "este é o ataque mais feroz que a entidade está a sofrer no decurso da sua história, um linchamento público sem julgamento".

"Nada é casual. Esta campanha surge quando o Barça começa a sair de um túnel, quando o estamos a salvar economicamente, estamos a melhorar e a competir, estamos na liderança. Esta campanha também explode por coincidência quando o Barça não assinou o acordo da LaLiga com a CVC. E quando estamos a trabalhar num novo formato de competição europeia. E ganha ímpeto quando o Barcelona adjudica as obras do seu Espai Barça a uma empresa de construção internacional".

Longe de reconhecer que a contratação do número dois dos árbitros pode ser condenável do ponto de vista ético, Laporta vincoiu mesmo que o Barça não é culpado, podendo até ser a vítima em toda esta situação, especialmente com os pagamentos feitos a Negreira através do agora falecido ex-diretor Josep Contreras.

"Não tenho razões pessoais para duvidar dos presidentes que me sucederam. Com a hipótese da acusação de gestão desleal, se se confirmar, o Barça seria a parte lesada, seria a vítima. É importante salientar, e isto será determinado pelo julgamento que terá lugar, que estes indivíduos ou entidades privadas externas ao clube, e não o Barcelona, teriam aproveitado para se envolverem numa conduta irregular. Se for esse o caso, defenderemos a honra do Barça e pediremos uma investigação completa. E, se fosse esse o caso, seríamos vítimas".

O prestador de serviços seria o filho de Enríquez Negreira e não o vice-presidente do CTA

Para a Laporta, além disso, existem erros flagrantes nas acusações que foram feitas contra Barcelona. Quis, por isso, salientar que deve ser "contextualizado que este dinheiro - 7,3 milhões de euros - foi pago ao longo de 18 anos por relatórios que eram importantes e necessários. As pessoas que tinham uma carreira importante no mundo em que prestavam estes serviços foram as que tiveram de o fazer. Foi uma enorme quantidade de trabalho de pessoas que estavam qualificadas para os realizar", salientou.

E foi aqui que ele se referiu a Javier Enríquez, filho de Enríquez Negreira."O principal prestador de serviços foi Javier Enríquez, filho de Enríquez Negreira. E depois, algo mais importante: o vice-presidente do CTA não tinha capacidade para alterar o resultado desportivo, para designar árbitros. O artigo 29 da RFEF assim o diz. O que tem sido dito sobre o facto de este homem ter tido influência nas decisões dos árbitros é uma falsa hipótese. O que diz no artigo 29 é que ele não tinha essa capacidade. Isto tem sido corroborado por declarações de outros árbitros. Há uma investigação da RFEF que prova que isto - o facto de influenciar - não pode ter acontecido porque ele não tinha capacidade para o fazer", concluiu.