Há os bons jogadores, que definem os jogos. Depois, há os extraordinários, que têm a capacidade de fazer campeonatos de pernas para o ar. Depois, há os líderes, os maestros de vestiário que apaixonam os adeptos com palavras, golos e gestos.
Luis Suárez (Corunha, Galiza, 2 de maio de 1935 - 9 de julho de 2023) não foi um bom jogador, nem um excelente jogador, nem um líder. Foi um futebolista que definiu época. Um homem que marcou um antes e um depois na história e que se tornou no primeiro jogador nascido em Espanha a ganhar uma Bola de Ouro (Di Stefano venceu em 1957, um ano depois de se ter naturalizado espanhol e começado a representar La Roja).
Este domingo, o Inter, o clube onde passou a maior parte da sua carreira, anunciou a notícia no seu site. "Luis Suárez morreu aos 88 anos. Uma lenda. Uma lenda. Um homem especial. Um jogador histórico. Um talento único e um grande adepto do Inter. O número 10 do grande Inter que levou as nossas cores ao topo de Itália, da Europa e do mundo. Se não sabes o que fazer, dá a bola ao Suarez". Adeus Luisito", escreveram os italianos.
Luto no futebol espanhol
O futebol espanhol está de luto. Suárez iniciou a sua carreira no Deportivo da Corunha, onde fez os seus primeiros jogos como médio esquerdo, estreando-se em 1953. Um ano mais tarde, foi transferido para o Barcelona, onde jogou durante sete épocas.
Durante a sua carreira como Culé, o jogador ganhou duas Ligas Espanholas, duas Taças de Espanha, duas Taças das Feiras e a Bola de Ouro de 1960, a maior conquista individual da história de Espanha.
Fez o seu último jogo como Culé em 1961. A final da Taça dos Campeões Europeus, que o Benfica venceu por 3-2 contra o Barça, foi o fim de um período de sucesso que, infelizmente, culminou com uma dolorosa derrota internacional.
Em 1961 mudou-se para o Inter. A transferência de Suárez foi considerada a mais cara da época, atingindo a cifra histórica de 204.000 euros.
Com o conjunto de Milão jogou 10 temporadas e tornou-se um dos ídolos da instituição, conquistando sete títulos: três Scudettos, duas Taças dos Campeões Europeus e duas Taças Intercontinentais (atual Mundial de Clubes).
Sucesso com La Roja
Para além dos títulos conquistados com o Inter e o Barça, Suárez fez parte da Espanha que venceu o Campeonato da Europa de 1964, o primeiro título da La Roja. No total, Suárez jogou 32 vezes pela seleção espanhola e marcou 13 golos, tornando-se um dos principais jogadores da equipa.
Irregularidade no banco
Depois de encerrar sua carreira como jogador de futebol, Suárez passou por alguns processos como treinador. O primeiro deles foi no Inter, equipa que dirigiu em 1974/75.
Posteriormente, o Deportivo de La Coruña deu-lhe a oportunidade de assumir as rédeas do clube que amava. Assumiu o comando da equipa galega a 10 jogos da época de 1978/79. O Deportivo estava na segunda divisão e, infelizmente, não conseguiu alcançar o objetivo da promoção, pondo imediatamente fim ao projeto da Bola de Ouro.
Mais tarde, iniciou uma carreira positiva na seleção espanhola. Primeiro com os sub-21 e, algum tempo depois, com a seleção principal. Suárez liderou as eliminatórias para a Itália 90. La Roja qualificou-se para o torneio em grande forma. No entanto, foi eliminada nos oitavos de final e a imprensa criticou o papel do treinador. A RFEF decidiu finalmente pôr fim à era Suárez no comando da seleção. O processo deixou alguns vestígios de bom jogo, mas certamente nenhum troféu.