Leny Yoro atingirá oficialmente a maioridade no dia 13 de novembro, mas dentro de campo está a evoluir a um nível de maturidade muito além do indicado no seu bilhete de identidade. Ser um defesa-central exige uma certa bagagem física e um toque de astúcia, e só o tempo pode trazer essa experiência. A menos que se trate de um fenómeno precoce, como ele.

No dia 10 de janeiro de 2022, o jogador nascido em Saint-Maurice, no Val-de-Marne, assinou o seu primeiro contrato profissional com o Lille. Era a próxima etapa lógica de um processo que começou em 2017.

Na altura, o presidente Olivier Létang estava convencido do grande potencial do jovem.

"Estamos muito satisfeitos por apoiá-lo num projeto a longo prazo, com o compromisso de que ele demonstrará confiança mútua. O nosso objetivo é que Leny faça parte da próxima geração de jogadores do Lille na nossa equipa profissional. Vai ser preciso tempo e paciência, mas estamos determinados a chegar lá", afirmou. Mas será que achava que isso aconteceria tão rapidamente?

Melhorado

Capitão dos sub-16, Leny Toro foi transferido para os sub-19 para participar na Youth League. Não demorou muito tempo. A 14 de maio de 2022, na 37.ª jornada, em Nice, entrou em campo aos 78 minutos, depois de ter marcado pela primeira vez, três semanas antes, contra o Reims.

A sua estreia poderia ter sido ainda mais cedo. Sem Sven Botman e o português Tiago Djaló, Jocelyn Gourvennec esteve perto de o colocar a titular contra o Auxerre, na 32.ª jornada.

"Quer o jovem tenha 16, 17 ou 18 anos, quando a porta se abre, é preciso ir em frente", disse o treinador.

"Mas se essa for a opção, o jovem deve ter em mente que não está a apostar a carreira num primeiro jogo com os profissionais. Aos 16-17 anos, temos o direito de cometer erros, não há pressão", acrescentou.

O mais jovem titular da história do Lille desde Oumar Dieng, em 1989, jogou toda a partida contra o Toulouse (2-1) na 8.ª rodada, com 16 anos e 308 dias. 

Lionel Rouxel, técnico da seleção francesa sub-16, resumiu as qualidades de Yoro nas colunas do L'Equipe: "Ele é muito bom em antecipação, muito bom a ler o jogo, é um bom cabeceador e tem um bom pé. Ainda precisa de se afirmar com a sua circulação de bola, o seu primeiro toque, o seu primeiro passe dentro do jogo e também pelo flanco. Tem também um jogo longo a explorar."

Umtiti no banco

Foi em janeiro deste ano que Yoro deixou a sua marca. Contra o Brest, jogou os 90 minutos e fez um jogo limpo com os seus companheiros (0-0). Seguiram-se sete outros jogos como titular durante a fase de regresso, prova de que se estava a adaptar à mentalidade de Paulo Fonseca.

Com a lesão de Djaló e o fim do contrato de José Fonte , Yoro passou de jogador de rotação a potencial titular.

"Quando se tem 17 anos e se é avançado, se se falha um golo, não é nada de especial", disse José Fonte, agora no SC Braga.

"Mas se és um defesa e cometes um erro e sofremos um golo, isso fica na tua cabeça", lembrou o central internacional português.

Para saber que tipo de jogador é Yoro, basta ver quem é o novo titular da seleção sub-21 (duas partidas). Neste caso, trata-se de Samuel Umtiti, que chegou este verão depois de uma boa época no Lecce.

"É o tipo de jogador que se enquadra no nosso jogo", observou Paulo Fonseca.

"No centro da defesa, não é fácil encontrar um jogador com o carácter e as qualidades de Leny. Penso que ele é o futuro deste clube", elogiou o técnico português.

Leny Yoro já é o presente dos Dogues e o seu contrato, que vai até 2025, terá de ser renovado rapidamente, pois está a ser observado por todas as grandes equipas europeias.