Gattuso chega para ser o bombeiro do Marselha

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Gattuso chega para ser o bombeiro do Marselha

Gattuso com o Valência em janeiro passado
Gattuso com o Valência em janeiro passadoProfimedia
Após 10 dias de turbulência, o Marselha e Pablo Longoria decidiram na quarta-feira contratar o italiano Gennaro Gattuso, um grande jogador cuja carreira de treinador ainda está a dar os primeiros passos, para substituir Marcelino e devolver um pouco de serenidade ao clube.

"Estou muito feliz e orgulhoso por me juntar ao Olympique de Marselha. Um clube e um estádio, o Velodróme, no qual tive a oportunidade de jogar como jogador, famoso em toda a Europa pela paixão e fervor que exala", disse o italiano de 45 anos, citado num comunicado divulgado pelo OM na quarta-feira.

Dez dias após a célebre reunião de 18 de setembro entre a direção e os dirigentes do grupo de adeptos, o clube regressa gradualmente à normalidade, com um presidente de volta ao comando e um treinador capaz de se sentar no banco diante do Mónaco, no sábado.

Entretanto, o Marselha atravessou uma grande crise, perdendo um treinador (Marcelino) e um jogo de gala, o Classique de domingo passado, no qual foi goleado pelo PSG (4-0).

Este revés acabou por convencer Longoria de que o período interino de "Pancho" Abardonado no comando técnico não podia durar para sempre e que o OM precisava de um treinador mais experiente para a dura deslocação de sábado ao Principado. A possibilidade de Christophe Galtier foi cogitada, mas no final o dirigente espanhol optou por Gattuso.

Treinador dedicado

O italiano, que chegou a Marselha no início da tarde desta quinta-feira, estava sem clube desde janeiro, quando deixou o Valencia, onde fracassou, e quase se mudou para o Lyon há alguns dias, antes de ser preterido pelo compatriota Fabio Grosso, campeão mundial de 2006 como ele.

A sua carreira de treinador, que o levou do Sion ao Valência, passando por Palermo, Pisa, OFI Creta e, sobretudo, AC Milan e Nápoles, pode não ser brilhante, mas os resposáveis do Marselha foram atraídos pelo perfil de homem experiente, habituado a grandes clubes e ambientes de alta pressão.

O calabrês, que jogou e foi orientado por alguns dos maiores nomes do futebol mundial, não se deve assustar com o ambiente atual do Marselha. Carismático e trabalhador, também conseguiu resultados com o Nápoles (uma Taça de Itália, em 2020) e manteve o AC Milan à tona (2017-2019), dois clubes que estavam a atravessar fases muito difíceis quando chegou.

Na estreia como treinador do "seu" clube, o AC Milan, onde jogou de 1999 a 2012, os observadores italianos esperavam encontrar no banco o Gattuso que tinham conhecido como jogador. Mas, para além da imagem de cão de caça, a Serie A descobriu finalmente um técnico dedicado aos seus jogadores e capaz de construir equipas sólidas, bem organizadas e tudo menos deslumbrantes.

Sem medo

Em Marselha, o seu primeiro objetivo será recuperar um plantel abalado pela crise da semana passada e pela goleada sofrida com o PSG. E mesmo que isso não seja suficiente para ganhar jogos, o italiano irá certamente trazer alguns pontos de carácter a uma equipa que não os tem.

O treinador manteve algo do Gattuso brincalhão, enfurecido e tempestuoso, à imagem da sua alcunha, "Ringhio", que significa "rosnar" em italiano. Com a seleção italiana e o AC Milan, Gattuso conquistou muitas coisas (um Campeonato do Mundo, dois Scudetti, duas Ligas dos Campeões), colocando a sua energia e empenho ao serviço de jogadores mais dotados do que ele, sem nunca falhar.

No Marselha, esse temperamento será necessário. Foi em grande parte graças a isso que Gattuso conseguiu, em poucos meses, reverter uma situação catastrófica deixada no Nápoles por Carlo Ancelotti, um mentor com quem as relações esfriaram posteriormente.

À chegada a Nápoles, o calabrês proferiu algumas palavras que poderia muito bem ter proferido à chegada a Marselha, na quarta-feira. "Sou um homem que ama o mar. Aqui, o mar é grande e há sempre o risco de me afogar. Mas eu não tenho medo, nunca tive medo", disse.